O teste

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Após dois meses tentando controlar, descobri que eu consigo controlar o poder que vem junto com a raiva, eu precisava testar tudo o que eu havia aprendido, eu precisava de uma cobaia, decidi que minha cor já não seria preto como meu pai, acho que vermelho combina mais. 
Coloquei uma calça alfaiataria vermelha, um cropped preto,um blazer da mesma cor da calça e por fim um tênis branco. Meu cabelo ficou solto e minha maquiagem foi natural.
Saí do meu quarto e fui até meu pai.

-Bom dia, pai! - falei me aproximando sorrindo 

-Você está linda! - ele disse sorrindo e me olhando 

-Muito obrigada - sorri mais ainda - Eu queria te pedir uma coisa...

-E o que seria? - ele me olhou sério 

-Você vai sair do Sonhar hoje? - perguntei 

Ele só me olhou sem falar nada e na ausência de resposta continuei

-Se for, eu gostaria que me levasse junto, senhor.

-E quem cuidará do Sonhar quando eu estiver ausente? 

-Lucienne! - falei - Ela já não fez isso antes, meu senhor?

-Eu não acho que seja seguro você sair por aí - Morpheus disse se aproximando

-Você estará comigo, o próprio Sonho dos perpétuos, o que pode me acontecer? 

Ele pareceu ponderar por longos segundos sobre o que eu havia falado 

-Certo... Pode ir comigo! - Ele disse mas em seus olhos dava para ver como estava contrariado.

-Obrigada, pai! - O abracei e ele retribuiu

-Então vamos, para sua excursão no mundo desperto.

Então ele tirou a areia da bolsa, e fomos levados para as ruas do mundo desperto, onde as pessoas andavam com pressa de um lado para o outro, caminhei ao lado do meu pai e Matthew em seu caminho, mas fui observando com atenção em quem eu poderia testar minha capacidade, enquanto caminhavamos, nos encontramos com a minha tia, a Morte.

-Como você está, querida? - ela perguntou visivelmente preocupada

-Agora estou melhor, obrigada! - falei dando-lhe um sorriso gentil 

-Ficamos todos preocupados com seu sumiço, a família ficou aflita - ela disse pegando na minha mão 

-Até mesmo Desejo e Miraki? - perguntei 

-Por que a pergunta? - meu pai disse me olhando 

-Geralmente eles não se importam com nada que acontece a você ou alguém relacionado a você, to errada? - Respondi com despreocupação

-Não, não está... - meu pai disse me estudando então virei o olhar para minha tia 

-Sim... - ela respondeu - Sim! Até eles, lembro que Miraki não parava de te procurar, todos os dias ele saía em sua busca e resgate.

-Não brinca... - falei - Eu realmente estou chocada! 

-A família toda ficou aflita - ela parou por um instante como se pensasse em como continuaria - Até por que... Você não... 

-Eu não tenho poderes, eu sei! - falei para tirar o desconforto dela para continuar a frase sozinha - A deusa de nada, é como se um mortal qualquer tivesse se perdido. Eu entendo, mas meu pai me encontrou e agora está tudo bem. 

Ela apenas sorriu e eu retribui

-Bom... - falei - Vou deixar vocês conversarem, me sentarei naquele banco ali - falei apontando um banco vazio da praça que estávamos 

-Tudo bem - meu pai falou 

-Tchau, tia! - falei dando um abraço

-Tchau, querida! - ela disse retribuindo

Caminhei para o banco e voltei a me concentrar no que era importante no momento, eu estava em Londres, isso eu sabia, então olhei com calma e de repente vi um homem, puxei na minha memória quem ele era, e bem, eu já o tinha visto negar comida para o menina que andava comigo o os outros mendigos, ele era uma criança, como esse homem feito pode negar comida e chama-lo de vagabundo? Ao menos agora ele seria uma boa cobaia.
Foquei minhas atenções nele, eu sabia que a cor dos meus olhos havia mudado, porque sempre que isso acontecia, eu sentia meu corpo diferente e também um formigamento na ponta dos dedo, como se tivessem prontos para algo.
Então, eu pensei que ele sentiria dor! No mesmo instante o homem caiu no chão e começou a gritar, "Mais Forte" pensei, e ele começou a gritar mais ainda, muitas pessoas foram em volta dele para tentar ajudar, continuei com a minha cara de paisagem o olhando, minha tia pegou no braço do meu pai e o arrastou até o homem.

-Estarei aqui - falei quando passaram pela minha frente, eu coloquei a mão na frente dos olhos como se quisesse preotege-los do Sol para que não vissem a cor do mesmo.

Voltei a me concentrar no homem e então pensei "terror" e ele começou a urrar de dor e desesperado gritava "Não, vocês não!" ele estava vendo seus maiores medos o cercarem, eu não consegui conter o sorriso mínimo que apareceu no meu rosto. "Agulhas" o homem gritou mais, me concentrei para tentar ver o que ele via, e então consegui! Ele via um homem, um humano, quem seria esse homem? E esse homem tinha como vários clones enfiando agulhas, e a dor que vinha de seu estômago, que foi a dor incial que mandei para ele, parecia intensa já que ele estava prostado. Mas eu não iria deixar que morresse, então segurei aquilo por mais três minutos e tirei.
Então o homem parou de gritar, mas continuava a chorar. As pessoas ainda o cercavam, o meu pai virou e me olhou, o olhei com a cara mais inocente possível, eu esperava que ele acreditasse, tinha de acreditar, afinal, eu ainda era sua garotinha inocente.

Ele e minha tia com cara de confusa estavam vindo ao meu encontro, eu sabia que meus olhos voltaram a serem azuis, como os do meu pai, pois a sensação diferente do meu corpo havia passado.

-Bom... voltando ao assunto anterior, Sonho. Estamos combinados?

-E eu consigo dizer não para você, irmã? - meu pai respondeu e eu sorri, porque eu sabia que era verdade.

-Ótimo! Então espero vocês dois na minha casa - ela disse voltando o olhar para mim

-Reunião de família? - perguntei 

-Sim, na minha casa! - Ela disse sorrindo - Você vai não vai?

-Será um prazer! - falei 

-Kefi vai ficar tão feliz - ela disse contente - Espero por vocês lá! 

Eu sorri de volta, então ela se despediu e saiu, ela precisava ir trabalhar.
Assim como meu pai, ele estendeu a mão para mim, eu aceitei e me levantei do banco. E fomos caminhando e conversando sobre o pesadelo que ele foi buscar.
E quando ele encontrou e estava falando com o mesmo, senti Matthew pousar no meu ombro e então ele disse.

-Foi você, não foi? 

-Do que está falando? - perguntei 

-Do homem na praça, é dele que estou falando - ele disse 

-Eu? Claro que não! - falei e rezei para que ele não fizesse mais perguntas. 


A filha do SANDMAN - MORPHEUSWhere stories live. Discover now