O rolezinho

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Ace's P.O.V

Acordei no meio da madrugada, havia perdido o sono. Aproveitei então para sair silenciosamente do quarto e ir tomar o ar fresco do final da noite no cesto da Gávea (aquele cestinho no mastro principal), que, coincidentemente, abrigava Mike, dado que era sua hora de vigia. Comecei então a subir, e, quando estava quase no topo, pude vê-lo descendo.
- Mike?? – gritei – O que tá fazendo?
-Ah, chefe, que bom que está aqui, preciso te mostrar uma coisa. – disse enquanto voltava para o cesto.
Logo que acabei de subir, pude ver a cara de ansiedade dele.
- Vai logo, desembucha.
- Obrigado. Bom, tenho duas notícias, então sente-se. – ele não estava pedindo, e isso estava começando a me deixar com medo – Enfim, primeiramente a mais tranquila. – ele me entregou um cartaz de procurado.
- DEZ MILHÕES??? – eu não pude me aguentar – COMO ASSIM A CABEÇA DELA VALE DEZ MILHÕES JÁ?
- Calminha, respira. – Mike me consolou.
- Tá... mas espera, essa era a mais tranquila?
- Então chefe, – odeio quando ele me chama assim, e ele sabe – a outra notícia é essa aqui. – disse isso estendendo umas cartas.
- Hm, cartas? – falei desinteressado.
- Foi o que pensei, mas... não são cartas normais, são para S/N, e... como você já me conhece...
- Você abriu as cartas, hm, desembucha Mike. – isso estava me deixando ansioso, quem mandaria cartas para ela??
- Ai que horror, até parece que eu sou assim. – disse com cara de ofendido – Bem... essas são cartas dos irmãos dela, desejando feliz aniversário!
- Espera, tá me dizendo que é aniversário da S/N e ela não contou pra gente?? – questionei já com ideias.
- Exatamente, e como nós adoramos festas... Espera aí, onde você vai Comandante? – ele me olhava confuso enquanto eu descia rapidamente para o convés.
- Precisamos arrumar as coisas para uma surpresa para ela! – e parti em direção à cozinha.
Em poucos minutos, o cozinheiro já estava avisado, além de alguns outros marujos para ajudarem na decoração. Por que será que ela não tinha nos avisado de nada? Era estranho. Pensei então em fazer algo diferente, por isso, voltei à cozinha...

S/N's P.O.V

Acordei com o som da porta batendo. Por que esse idiota era sempre tão barulhento? Bom, fingi demência e tentei voltar a dormir, adivinha só? EM VÃO.
-Bom dia bela adormecida, tá na hora de acordar. – escuto a voz dele irritantemente feliz, era muita provocação comigo.
- Hm, bom dia. – murmurei.
- Vem cá, abre os olhos, vai. – ele falou.
- N- – comecei a dizer, foi quando senti aquele cheiro maravilhoso – Que cheiro é esse? – sentei na cama.
Vi então aquele espécime perfeito. Cara... quando que ele ficou tão gostoso? Aquele suculento café da manhã. O prato estava com uma cara linda... eu comia hein.
Ele veio em minha direção, e deixou aquela beldade comigo, um prato com torradas com ovos no meio, um leitinho e uma florzinha. Obviamente, caguei pra flor e comecei a comer, eu estava morrendo de fome. Ele estava olhando para mim com uma cara estranha.
- O que foi? – perguntei
- Nada... – ele me respondeu – por quê?
- Ah... não sei, do nada você me traz um café desses-
- Que eu preparei..
- Que você..? É o que?? Tá... então tá. – falei desconfiada.
- Inclusive, chegaram umas cartas para você. – ele disse atirando os papéis na cama.
- Ah meu Deus, que lindinhos! – eu estava surpresa – Como será que eles conseguiram me enviar??
- Elas vieram com a gaivota que traz as notícias, e isso me lembra... – ele parou para pegar algo no bolso. Saiu então um cartaz meio amassado, com minha foto, e uma recompensa de dez milhões?? Caraca, to valorizada... Brinca com a mãe – mas vê se não se acha de mais por isso hein?
- Tarde demais. – disse sorrindo
- Bem, também vim avisar que hoje você estará de folga do treinamento.
- Sério??? – agora eu vi vantagem, ele nem sabia, mas ele já estava tornando esse, um dos meus melhores aniversários.
- Enfim, vou deixar você se arrumar, depois... – ele suspira – eu deixo você dirigir o Striker...
Meus olhos brilharam, eu saí correndo me arrumar, e ele ria, com uma leve ponta de arrependimento.
Algumas horas mais tarde, estávamos subindo no barquinho para começar a festa. A tripulação nos acompanhou, o que achei meio estranho, para falar tchau e... eu tive a leve impressão de ver Mike piscando para o Ace, isso não parecia coisa boa, mas achei melhor relevar.
Dessa vez, pude pilotar o Striker apenas por duas horas! Ele era muito chato. Por fim, ele disse que teríamos que ir para uma ilha para que ele comprasse munição, porque Mike, o atirador do bando, havia pedido. Chegando na ilha, compramos algumas balas, tanto para Mike quanto para mim.
- Viu, acho que você... deveria comprar mais umas roupas legais, sabe? – ele disse – Eu não entendo nada dessas coisas, mas como já acabei por aqui, vou com você, pode ser??
- Ah... Claro, por que não? – falei.
Entramos em uma lojinha perto do porto.
- Boa tarde, em que posso ajudá-los? – disse uma velhinha atrás do balcão.
- Oi, queríamos ver algumas roupas para mim.
- Certo mocinha, por aqui, seu namorado pode esperar ali nas cadeiras perto dos provadores.
- Ele.. – comecei a dizer.
- Agradeço, boa senhora. – ele me interrompeu piscando para mim. O que aquilo significava? Eu hein, ele era muito estranho.
Fui começar a escolher algumas roupas, mas logo que iniciei a busca a senhorinha veio e me empurrou direto para o provador na frente de Ace.
- Não, minha querida, pode deixar que eu pego para você. – ela falou gentilmente.
- Mas, não tem que se incomodar. – respondi.
- Eu insisto! – dito isso, abriu o provador para mim e sumiu no meio das araras.
Antes de entrar, me deparei com a cena mais icônica de meu dia: Ace sentado, de pernas cruzadas, lendo uma velha revista de moda. Detalhe: ele estava extremamente focado, não pude conter o riso.
- O que foi? – ele rapidamente voltou a si ao me ver – Um homem não pode se manter atualizado?
- Claro, claro, peço desculpas. – falei em tom irônico.
- Aqui minha filha, pode experimentar. – disse a tiazinha jogando um monte gigante de roupas na cadeira de Ace. Eu tive que colocar minhas mãos na boca para disfarçar a risada, mas mesmo assim não deu certo. – Divirtam-se. – ela falou com uma picadinha e desapareceu.
- Ela tá de sacanagem comigo? – ele reclama quando finalmente consegue tirar a cabeça para fora do monte de roupas – Precisa de ajuda, madame? – ele diz com cara maliciosa e eu lhe mostro meu lindo dedo do meio.
Só vai me passando as roupas por cima da porta.
Após algumas horas, finalmente havíamos chegado em um acordo. Aquela senhora tinha uma fixação com rosa e estampas antigas, era incrível.
- Ei, essa roupa ficou bonita em você, por que não vai com ela? – Ace diz.
- Mas... ela é meio chique, não?
- Não tem nada haver. – ele responde enquanto me empurra para o balcão.
- Já conseguiram meus queridos? – ela fala surpresa.
- Já? Mais um pouco e minha tripulação acharia que estávamos mortos. – Aquele grosseiro responde e eu dou-lhe uma cotovelada na barriga.
- Já sim, obrigada por tudo. – Falei enquanto ele se contorcia de dor.
Voltamos para o Striker para retomar o caminho para o navio.

Mais tarde...

Musica: Accidentally in love (Counting Crows)

Já avistávamos o navio quando vi o quão mal-educada eu era.
- Ace... desculpa, me esqueci de agradecer pelas roupas novas.
- Não tem o que agradecer, é presente de aniversário.
- O-o que? – eu disse e olhei para ele. Vi então aquele sorriso, que não era mais tão irritante assim, e ele piscou para mim.
- Além disso, tenho mais uma surpresinha, algo que comprei na loja de munições. – ele tira de seu bolso uma bolinha preta meio feia. Então, ele ateia fogo em um pequeno pavio ligado à ela e a joga para cima. Com isso, ela explode e se torna um lindo brilho no céu, era uma bolinha de fogos de artifício, eu sempre achei aquilo maravilhoso.
- Obrigada Ace! É lindo... – e o abraço bem forte.
- E-ei, não tem o que agradecer. Se continuar me apertando desse jeito, a gente vai acabar caindo no mar. – ele fala rindo.
E então, finalmente chegamos ao navio.

Can I Love You? Ace x readerWhere stories live. Discover now