Cap.31 Segredos

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Ancile Killer.

— O quê? — Fingi ter ouvido errado.

Ele falou tão convicto de suas palavras. Eu podia contar nos dedos a quantidade de pessoas que sabia sobre esse meu segredo.

Mas minha surpresa se devia mais ainda ao fato de não saber como ele tinha tomado concepção daquilo. A memória que eu havia lhe mostrado não se tratava de um serviço de Killer.

— Aquela flecha negra, eu já vi ela antes. Só uma pessoa mata com aquela flecha e essa pessoa é Killer, a lenda que causa horror às crianças antes de dormir. — Explicou.

— E você chegou a essa conclusão apenas por causa de uma flecha? Existe diversas flechas negras, Lican/Lorey. — Me esquivei cética.

— Não, eu cheguei a essa conclusão porque uma certa vez, há alguns séculos atrás, enquanto trabalhava para minha mestre, meu disfarce foi totalmente arruinado quando uma flecha me acertou no peito esquerdo para me matar. — Ergui uma sobrancelha curiosa.

— Está dizendo que foi eu? Caso já tivesse te visto antes, pode apostar que eu saberia, lobo. — Respondi sua acusação.

— Não teria como você saber que fui eu, Morgana me lançou um feitiço me fazendo ter a aparência de um nobre búlgaro e tramar a morte de uma Rainha humana. Era eu, mas ao mesmo tempo não era. — Minha mente instantaneamente começou a juntar as peças.

— Quando? Quando exatamente isso ocorreu? E por que Morgana iria querer a morte de uma Rainha humana? — Indaguei, já começando a ficar pensativa.

Me lembrei de um trabalho que fiz certa vez, naquela época alguns países tinham extrema ligação com o mundo sobrenatural pois cultuavam os deuses. A Bulgária era um desses países.

Ela fazia fronteira com Aedra, nesse tempo o portal estava aberto, mas existia um tratado onde os humanos daquele reino não passaria para Aedra Endormi e os seres de Aedra em troca, também não aterrorizariam seus territórios.

Eles nos chamavam de povos selvagens e Aedra de Terras Selvagens, mal sabendo eles que sua civilização tinha sido um experimento dos Deuses que acabou dando errado, pois ao contrário dos outros seres que possuía poderes, ou seja - dons - os humanos tinham vindo apenas com uma capacidade de raciocínio rápido, nada além daquilo.

Algumas espécies os considerava patéticos, literalmente à escória da criação divina. Mas ao meu ver eles eram mais complexos do que se podia imaginar, além do mais, já existia caos o suficiente em Aedra para querer ter também na Terra.

— Você por acaso foi o Arqueduque de Shumen? — Agora estava tudo clareando na minha mente.

— Sim, eu fui. Inclusive precisei lidar com as consequências de ter sido tecnicamente morto após passar anos fingindo ser um maldito nobre arrogante na corte de um rei doente e uma recém rainha arrogante. — Disse ríspido.

— Bom, então talvez eu possa realmente ter lhe atirado uma flecha para matar, mas ao contrário do que pensei, você não está morto. — Sorri secamente o avaliando.

— Isso se deve unicamente ao fato de eu estar ligado à Morgana, eu não morro enquanto ela não morrer e sua ligação com o Deus da Morte lhe garantiu sua imortalidade, o que significa que eu não posso morrer! — Para alguém que já tinha vivido por milênios e provavelmente aproveitado e muito aquela imortalidade adquirida, Lorey não me pareceu alguém feliz.

A Híbrida Caçadora (Livro 1 da série: Destinados)Where stories live. Discover now