Cap.32 Argon

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                       ANCILE KILLER

Eu me sentia frustada e diria até mesmo decepcionada comigo mesma por não ter ligado uma coisa a outra. Mas naquele momento, olhando a figura da bruxa levitando e falando com aquela voz maligna, a única coisa que sentia vontade de fazer era acessar meu poder e torcer o seu pescoço para que não escutasse a voz possuída que saia pela boca dela.

Vi de canto de olho Lorey ajoelhado, com ambas as mãos na cabeça como se sofresse algum tipo de pressão e dor. Mas não me importei em lhe ajudar, pois meu foco estava apenas no ser que havia encontrado uma brecha para me atormentar.

— Você achou mesmo que eu nunca voltaria para buscar o que é meu? — Ouvi-a dizer, mas não era ela e sim ele, usando-a apenas como um corpo manipulável.

Levantei, meu corpo formigando por uma transformação, minhas lobas estavam na defensiva, ambas ansiando para atacar aquilo que as ameaçava, entretanto eu tinha que ser racional, por mais raiva que sentisse nesse momento, sabia que não venceria uma luta com a bruxa estando possuída por ele.

Pelo menos não quando vinha reprimindo por tanto tempo meu poder.

— Venha para mim e eu esquecerei como abandonou o seu lugar ao meu lado e me traiu, criança.

Engoli em seco, eu lutei por tempo demais para esquecer tudo que me foi infringido, mas só em ouvir sua voz as memórias do meu verdadeiro eu voltavam como flechas mais afiadas do que as de Killer.

— Os Deuses foram bastantes excêntricos dessa vez. — Sibilei raivosamente: — Te soltar para me dar uma lição? Eles sabem que você na menor oportunidade iria me propor uma aliança, ou será que eles querem realmente que me junte a você? — Indaguei.

Estava ganhando tempo, claro, me vi andando em direção a bruxa milenar que vinha esse tempo todo sendo dominada por meu criador. Era horrível pensar que por todo esse tempo, desde que usurpei o corpo da companheira do supremo, estive sendo enganada.

Mas então lembrava de que por toda minha existência, nada do que fiz foi por realmente querer. Desde meu nascimento estive destinada a dor e o meu criador foi quem me fez conhece-lá. Embora guardasse ressentimento por isso, não era exatamente esse o motivo da minha irá.

— És uma tola se acha que Tiana não teria planos para você, ela jamais acreditou que um dia você não mudaria de ideia quanto a promessa que fez. Por isso, estou aqui, mas as coisas podem ser diferentes dessa fez Auryhn. — O nome impronunciável tinha um som estranho, lírico e me fazia coçar a pele.

— Eu nunca deixei de cumprir minha parte do plano, vim para Endormi com o objetivo de limpar o mundo da sujeira que você está causando! — Apontei para a bruxa com minha adaga, era difícil difundir o corpo dela da voz dele, pois quando olhava lembrava do criador e não da bruxa a quem vim matar.

— Os Deuses não confiam em você. — Em tom jocoso, ele disse.

Eu ri secamente, "os deuses não confiam em você", isso deveria ser uma piada quando me vi diante de uma das minhas únicas condições para permanecer nesse mundo insalubre!

Eu só pedi duas coisas em troca da minha lealdade. Foram apenas duas malditas coisas que valeria por toda uma vida de escravidão, e mesmo assim eles me trairam, mais uma vez, devo ressaltar.

— E eles confiam em você? — Rebati, sentia a áurea mais densa no lugar, como se aos poucos ele estivesse se materializando e podia jurar que o rosto da bruxa começava ocilar com o rosto dele.

Precisava sair dali urgentemente, não podia deixar que ele me tocasse, que acessa-se meu poder com sua áurea maligna. Mas, antes disso precisava de respostas às quais apenas meu criador poderia me dar.

A Híbrida Caçadora (Livro 1 da série: Destinados)Onde histórias criam vida. Descubra agora