Uma Breve Mentira

Capítulo 05

Depois de um bom tempo, voltei. Essa história é bem curta, faltam mais três capitul para o fim. Então até breve 🫰
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Narrador...

Quando Camila acordou estava sozinha, estranhamente sentiu-se frustrada em não acordar com Lauren ao seu lado. Lembrava da sensação de proteção que a morena havia passado para si durante toda a noite. A corretora a trazia uma paz e conforto que a muito tempo não sentia. A latina levantou procurando seus calçados, achou seus chinelos que estavam ao lado da cama, vestiu um roupão e saiu a procura de Lauren no banheiro e área externa. Para sua frustração a morena não estava em lugar algum. Vendo que estava sozinha Camila resolveu vestir alguma coisa antes de ir a procura de Lauren além de sua acomodação, escovou os dentes e passou uma água no rosto ficando assim pronta para sair do quarto. No entanto, não conseguiu ir muito além com seu plano pois a porta do quarto abriu-se de uma vez e a latina não teve nem mesmo tempo de pensar quando sentiu um pequeno corpo se chocar contra as suas pernas.

– KAKI! – A voz de Sofia se fez presente. Camila pegou a garota em seus braços a apertando nos mesmos, sentindo o cheiro de seu perfume infantil que seus cabelos exalavam. Camila tinha saudades da irmã, não conseguia ser tão presente o quanto deveria e queria, mas esperava que ela entendesse.

– Sofi! – Camila então reparou que ela tinha em mãos a pelúcia que Lauren havia comprado. – Gostou do presente?

– Sim. Eu também gostei da Lolo. – E como se fosse contar um segredo para a irmã ela se aproximou da orelha de Camila, com uma mão escondendo a boca cochichou só para que a mais velha ouvisse. – Ela tem os olhos mais lindos do mundo. — Sorriu e Camila não mpode evitar de abrir ainda mais seu próprio sorriso.

– Quem cochicha o rabo espicha. – Lauren falou divertida ganhando a atenção das duas e fazendo Sofia gargalhar. Camila olhou para a morena que estava vestida em um vestidinho cinza leve que a deixava com um ar totalmente angelical, suas bochechas coradas e seu rosto sem maquiagem contrastavam com seus olhos de coloração clara, aquela manhã eles estavam beirando o azul.

– Você tem razão, Sofi. – A menininha assentiu diversas vezes e então Camila a colocou no chão. Finalmente dando atenção a sua mãe e Lauren. – Por que não me acordou? – Perguntou deixando um beijo sobre os lábios da morena de olhos verdes que quase fechou os olhos para aproveitar do contato.

– Você parecia muito cansada, então deixei que dormisse mais um pouco.  – Se encararam por um breve momento enquanto Camila ajeitava alguns fios teimosos que insistiam em cair no rosto de Lauren. Sinuh simulou uma tosse para chamar a atenção das duas sentindo que estava sendo deixada de lado.

– Eu sei que você ainda está aqui, mãe. – Camila foi até a mulher mais velha a abraçando pelos ombros e deixando um beijo em seu rosto. — Sequestrou minha mulher cedo hoje, an?

– Eu liguei para cá e Lauren atendeu, então eu pedi que ela fosse tomar café comigo, Sofia, Selena e sua avó. Já que seu pai saiu para jogar um pouco de golfe de manhã cedo com sua irmã e o seu avô. – A mulher explicou e Camila se jogou no sofá logo recebendo Sofia que subiu em cima da irmã mais velha. – E agora eu vim te acordar para você agilizar em preparar-se para que possamos ir mergulhar. O iate já está pronto.

– Certo. – Camila Murmurou enquanto ria, puxando as orelhas de Sofia de forma que a garota emburrava o rosto, mas não passava de uma falsa irritação.

– Vamos, Sofia. – Sinuh chamou e a garotinha resmungou, espalhando alguns beijos no rosto da irmã mais velha antes de correr até a mãe. As duas saíram pela porta, mas antes de Sinuh ir de vez pediu para que as duas se apressassem.

Lauren se jogou em cima da latina no sofá o que fez a mesma resmungar, mas logo a abraçou a aconchegando em seus braços.

– Cabelo cheiroso. – Camila falou afundando o nariz nas madeixas da morena. – Adoro seu rosto assim sem maquiagem, parece que seus olhos se destacam ainda mais.

Camila sempre costumava elogiar Lauren, mas não importava quantas vezes fizesse a morena as vezes simplesmente ficava sem graça. Ainda sim adorava tal atenção.

– Vamos preparar nossas coisas para descermos? Você precisa comer alguma coisa. – A morena advertiu.

– Estou bem. — Se referiu a comida. — Mas estou ansiosa pra te ver de biquíni. – Abraçou o corpo de Lauren a apertando contra o seu próprio enquanto deixava seu riso escapar e tomar conta dos ouvidos da morena.

– Você passou quase que a tarde inteira comigo dentro do avião nua, depois a noite inteira comigo nua e você está ansiosa para me ver de biquíni? – Questionou em meio a risadas.

– Eu sou viciada no seu corpo, baby. – Camila pressionou sua pélvis contra os quadris de Lauren e beijou sua clavícula que estava exposta devido ao vestido de alcinhas.

– Me sinto lisonjeada, mas precisamos descer. Eu estou ansiosa para ver os corais. – A morena falou entusiasmada tirando um sorriso da latina que se rendeu.

– Tudo bem, tudo bem. – Camila levantou as mãos em rendição e Lauren levantou desfazendo suas posições. – Vamos lá, namorada. – A latina falou divertida arrancando uma risada de Lauren.

Camila já havia revirado os olhos trezentas vezes enquanto sua avó e sua mãe contavam todas as histórias de sua infância e adolescência. Lauren estava se divertindo com toda a situação, era engraçado saber como Camila era quando criança e todas as travessuras que ela e Emeraude aprontavam. O que também fez Lauren questionar em que idade as duas haviam se afastado, porque o pouco que viu das duas juntas elas mais pareciam duas estranhas que qualquer outra coisa agora. Era até mesmo difícil acreditar que eram as mesmas das histórias agora contadas por Sinuh e Esmeralda.

As mulheres dividiam o carro que as levava até a Marina onde estaria a embarcação, Sofia não largava a irmã e nem o bichinho de pelúcia que havia ganhado de Lauren. Quando chegaram no iate onde os outros já a esperavam, com exceção de Camila, as mulheres ainda riam.

– Ei, vocês chegaram. – Selena sorriu indo cumprimentar as mulheres. – Eu já estava cansada de ouvir sobre trabalho. – Bufou ao revirar os olhos.

– Então você vai adorar o papo delas, estão falando dos micos da minha infância. – Camila forçou um sorriso desencadeando uma gargalhada das mulheres e inclusive de Selena. – Me economizem. – Colocou Sofia no chão segurando a mão da pequena e se distanciando para longe das mulheres.

Lauren seguiu logo atrás com sua sogra, o iate era grande e luxuoso. Haviam dois funcionários que estavam cuidando do brunch. o qual Lauren se encaminhou para fazer um prato para Camila. Sabia que a latina odiava comer pela manhã, mas a viu com um copo de uísque e isso a deixou em alerta depois da noite passada. A latina combinada com bebida e o balanço do barco não parecia uma boa ideia. A morena preparou um prato e foi até onde Camila estava sentada a conversar com Bartolomeu, seu avô, e Esmeralda, sua avó.

– Ei! Come isso. – Lauren entregou o prato a Camila pondo em seu colo. – Você não comeu nada e está bebendo, o movimento do barco vai acabar te fazendo mal.

– Laur, eu odeio comer de manhã cedo. – Camila protestou.

– São quase dez horas, não é cedo. – Lauren permaneceu firme e pegou o copo da mão da latina bebendo o restante do líquido.

– Essa daí é ruim de comer pela manhã desde pequena, deve ser por esse motivo que a noite só falta comer as paredes. – Bartolomeu falou divertido fazendo Lauren rir.

– E uma vez ela literalmente as comeu. – Esmeralda completou. Ambos tinham o sotaque muito carregado, Lauren achava extremamente fofo. Seus avós também tinham descendência cubana. – Olhem só, golfinhos. – Esmeralda apontou para os mamiferos que nadavam próximo ao barco, Sofia totalmente animada correu até onde estavam.

– E você é melhor comer tudo. – Lauren sussurrou para Camila que mastigava muito a contragosto ao seu lado. – Comedora de parede!

– Foi só uma vez. – Murmurou de boca cheia. – Raspa de tinta tem um gosto bom. – Lauren não aguentou e gargalhou. Estavam em sua bolha particular, falando algumas bobeiras e rindo enquanto Camila comia quando Emeraude sentou junto delas.

– Não tivemos muito tempo para conversar ainda. – A irmã mais velha de Camila tinha o mesmo sorriso polido de seu pai.

– Talvez tivéssemos se você não passasse tanto tempo monopolizando o papai. – Minha “namorada” alfinetou. Lauren havia sentido que Camila não ter sido convidada para o jogo de golfe por seu pai havia lhe incomodado. Na verdade havia incomodado até a si mesma, pareciam que de certa forma estavam a excluído intencionalmente.

– Qual é, Kaki? Você nunca foi fã de golfe. – A forma como a mais velha pronunciava o apelido tinha uma pontada de provocação o que foi percebido por Camila que soltou o ar pelas narinas impaciente e Emeraude revirou os olhos. – Enfim, o que acha de amanhã irmos para uma reserva de água aquecida, só nós quatro? — Se referia a si, Selena, Lauren e Camila.

– Lauren estará cansa… — Camila se apressou em criar uma desculpa.

– Eu acho uma ótima ideia. – Lauren interrompeu Camila sorrindo e dizendo essas palavras para Emeraude. Camila sorriu forçadamente para a morena em um sinal claro de desagrado que Lauren conhecia bem. Passar um tempo “sozinha” com sua irmã mais velha não estava nos seus planos, na verdade o plano era exatamente ao contrário, evitar Emeraude o máximo possível.

– Okay, vamos de lancha, fica na ilha vizinha será bom para nós passarmos um tempo juntas. – Camila apenas assentiu com a cabeça enchendo a boca com uma bisnaguinha para não soltar nenhuma palavra ácida. – Vou pegar uma taça de vinho, vocês querem?

– Sim. – Lauren aceitou e então Emeraude as deixou a sós.

– Sério? — A latina questionou quando a irmã já estava a uma distância considerável.

– Sim, eu gostei de Selena e seria bom passar um tempo com ela e com sua irmã. Não acha? – Foi uma pergunta retórica que Camila fez questão de responder.

– Não. – Falou de cara amarrada a qual não afetou em nada Lauren.

– Aqui. – Emeraude entregou uma taça de vinho branco para a morena que agradeceu. – Então como vão as coisas em Los Angeles? Sempre vejo falar sobre sua empresa na mídia e canais de economia. As ações andam crescendo bem, não é?

– Bom acho que essa é a hora em que eu vou dar uma volta. – Lauren falou levantando e deixou as duas conversarem, só esperava que Camila e Emeraude tivessem um bom tempo juntas. A relação das duas não parecia das melhores e Lauren via que isso afetava a latina. Caminhou até a parte de cima do deck vendo Selena e Sinuh em trajes de banho tomando um sol nas espreguiçadeiras. – O papo sobre negócios me fez ser expulsa. – Sinuh e Selena riram e Lauren sentou ao lado das duas.

– Espero que Sofia não vire uma Workaholic como o pai e as irmãs, pelo menos uma eu preciso salvar.  – Brincou rindo e arrancando uma risada das outras duas.

– Desculpa perguntar, me desculpe também se eu estiver falando besteira, mas existe meio que uma rivalidade entre Emeraude e Camila? Elas parecem não se entenderem muito bem. — Lauren questionou ganhando total atenção de Sinuh e Selena.

– Sempre existiu. Uma espécie de disputa velada por a atenção do pai. – Sinuh soltou uma risada contida. – Elas andam um pouco distantes a algum tempo. Emeraude sempre se preocupou em seguir os passos do pai, se formou em direito em Yale, depois fez pós em Stanford. Devido a tudo isso meio que pode parecer que Alejandro tem favoritismo, quando só está sendo um pai orgulhoso. Ele sente orgulho de Camila também, não duvide disso, mas ela sempre foi contrária a tudo o que o pai queria para ela. Camila fez seu próprio destino, ela largou o IMT quando seu software foi vendido para uma grande empresa e isso acarretou em outras patentes e então ela continuou, investiu no mercado de ações, tudo foi bem e hoje ela está onde está.  Ainda sim, todos somos suscetíveis a erros... — Deu uma breve pausa parecendo recordar algo, mas logo voltou a falar  — Mas isso não é importante agora. — Sinuh não terminou o que tinha a dizer deixando Lauren curiosa.  – Os Cabello’s são competitivos por natureza.

– É o que eu diga. – Selena Murmurou em concordância. – Quando Camila morava em Nova Iorque todo jantar em família acabava com uma competição de quem tinha melhores argumentos sobre qualquer coisa. Virava um clube de debate. – Riu divertida. – Até que ontem os três se comportaram.

— Vejamos hoje. – As mulheres vestiram as suas saídas de praia. – Vamos, estamos quase chegando e precisamos pegar um pouco mais de vinho pra você Lauren.

– Eu adoraria. – Laur respondeu erguendo a taça, as três voltaram ao deck da área de baixo. Foi pôr os pés lá, para serem expostas a discussão que acontecia ali.

– Não se faça de besta, Camila. – Emeraude esbravejou. – Você sabia algo sobre a Exol corp, ninguém injeta tanto dinheiro em uma empresa que pelo segundo trimestre consecutivo vinha fechado no vermelho.

– Prova. – Camila falou devagar saboreando cada letra da palavra com seu tom prepotente.

– Você quer arriscar foder com a carreira do papai de no...

– Emeraude! Camila! Já chega! – Alejandro interviu vendo que aquilo só estava piorando. – Eu não quero mais uma palavra sequer sobre a droga desse assunto. – Alejandro se pôs entre as duas mulheres, Camila estava sentada no sofá com uma cara de deboche que irritaria qualquer um em uma discussão civilizada. – E você. – Se virou para Emeraude. – Eu não quero você acusando sua irmã de nada, muito menos trazendo um assunto do passado. Não quero, mas um “pio” sobre aquela droga. Deixem isso onde deveria estar, no passado. – Não havia como a mais velha dos Cabello se opor aquilo com seu pai falando de forma tão severa. Emeraude apenas assentiu e o homem grisalho voltou seu olhar para Camila dessa vez. – E você, pare de ser debochada e trate de se portar com a educação que lhe demos quando precisar discutir sobre algo. — Camila havia deixado a expressão anterior totalmente de lado e agora encarava seria seu pai, assentindo ao que o homem havia acabado de falar. — Não, estamos aqui para discutir e brigar, estamos justamente para fazer o contrário. Eu só quero curtir os poucos dias que tenho de férias em paz com minha família. Podemos fazer isso? – Perguntou olhando de uma para a outra. – Podemos? Eu quero ouvir respostas.

– Sim, pai. – Falaram praticamente em uníssono.

– Bem vinda a família. – Selena murmurou com um sorriso que era até mesmo divertido e passou por Lauren.

Camila levantou do sofá passando feito bala pôr a morena, indo para a área dos quartos no andar de baixo do iate. Logo Lauren se mexeu indo atrás da latina que entrou em um dos cômodos. A morena entrou logo atrás a tempo de ver a latina se jogar de costas na cama com o braço cobrindo o olhos. Se aproximou com cautela após fechar a porta atrás de si.

– Está tudo bem? – Perguntou com receio de Camila a mandar pra a puta que pariu e enxotá-la do quarto.

– Você viu? Ela sempre tem que me alfinetar sobre alguma merda, eu não posso ser boa em porra nenhuma que já me acusam de trapaça. Eu errei uma vez, uma única vez, e parece que nunca vão me perdoar por isso. – Camila falou irritada.

Lauren continuo  em pé ao lado da cama esperando até ter certeza que era uma boa ideia se aproximar mais, aquele parecia ser um assunto delicado sobre os Cabello. Algo havia acontecido, Lauren estava curiosa para saber sobre o que se tratava. Qual seria este tal erro que Camila havia cometido em seu passado e que ainda carregava vivia a sua sombra.

— Posso me aproximar? — Camila a encarou e então Assentiu e Lauren o fez ficando em silêncio sentada ao lado de seu corpo na cama. Não tardou a Camila voltar a falar.

– Quando eu ainda estava no IMT o dinheiro que eu possuía vinha dos meus investimentos em ações, mas eu precisava de um capital maior para fundar minha primeira Startup. Então eu conheci um cara, ele era bom nas jogadas da bolsa, sempre tinha boas informações e dicas sobre os melhores investimentos. Um dia ele me falou sobre um grande negócio, uma grande aposta, então eu peguei todo o dinheiro que eu tinha e investi nas ações que ele indicou. — Lauren já estava sentada ao lado de Camila ouvindo atentamente a história da latina. — Naquela semana os cem mil dólares que eu havia investido se tornaram um patrimônio de dois milhões de dólares. — Lauren ficou de boca aberta não acreditando no que ouvia. Era muito dinheiro para tão pouco tempo. —  Eu não acreditei quando vendi aquelas ações e o dinheiro entrou em minha conta. Foi então que ele me contou como fazia todos aqueles investimentos certeiros, ele tinha contatos e se baseava em informações privilegiadas. Eu sabia o quão aquilo era errado, meu pai odiava aqueles caras por esse motivo, mas isso não impediu de eu me envolver com aquele tipo de negócio. O dinheiro entrava a cada dia mais, até que um dia acordei com meu pai batendo a minha porta.— Fez uma pausa suspirando alto. — O esquema todo havia ido por água a baixo e a procuradoria de Boston estava com mandados de prisão para mim e para todos do escritório de ações que eu investia. — Lauren não diria que estava surpresa com o que ouvia, sabia que nesse meio esse tipo de coisa rolava solta e Camila não era nenhuma “madre Tereza”. — Meu pai teve que cobrar favores, arriscar a própria carreira que levou anos para construir para livrar a minha cara de ir para a prisão.

— Então era isso... — Lauren murmurou baixo.

— Depois de tudo que aconteceu, de meu pai ter arriscado uma carreira de uma vida por mim, eu o “recompensei” largando o IMT.  Metade do dinheiro que ganhei com as ações ficou comigo, então eu comecei com a minha empresa. As coisas deram certo, eu voltei para Nova Iorque, mas meu pai ficou em cima de mim quando voltei a investir novamente, embora dessa vez estivesse fazendo as coisas de maneira honesta, não deu mais para ficar lá com todas aquelas brigas constantes com meu pai e Emeraude. — Suspirou. — Foi assim que eu fui parar em Los Angeles.

— Agora entendo o porquê de toda essa tensão. — Lauren concluiu. — Emeraude falou em Exol Corp. Recebeu alguma informação sobre ela e se envolveu com informações privilegiadas novamente?

— Não, aquela foi a última vez. — Garantiu. — Eu só sou boa no que faço, no entanto não importa o quão dinheiro limpo eu ganhe, o quão minha empresa e meus negócios cresçam sem trapaça, um erro do passado sempre está na minha sombra e para o meu pai apenas Emeraude é digna da porcaria de seu orgulho. – Confessou com certo pesar. – Por isso eu fui embora de nova Iorque, eu não aguentei o peso de ser um fardo.

– Camz, eu tenho certeza que seu pai se orgulha de você. Ele não escolheu lado lá em cima. – Lauren opinou tendo os olhos amendoados sobre si. – Você não se resume a um erro. Você é boa no que faz, aprendeu com o que fez e não o repetiu. Isso que importa.  – Lauren ousou se aproximar e tirar algumas mechas de cabelo dos olhos da latina segurando sua mão e a levando aos seus lábios deixando um beijo sobre sua pele. – Eu sufocaria de tanto orgulho no lugar dele. – Sorriu terna e se aproximou de Camila para deixar um beijo em seu rosto. – Eu me orgulho de você. – Camila negou com a cabeça antes de deixar um sorriso escapar e selar seus lábios nos de Lauren em selinhos repetidos, passou seus braços pela cintura da morena e a puxou para cima de si caindo com a morena de costas no colchão.

– Vejo que os ânimos já se acalmaram por aqui. – A voz de Sinuh assustou as duas que estavam começando uma sessão de amassos, se separaram em um solavanco.

– Mamãe, nem ouvimos vocês entrar. Que susto. – Camila pôs a mão no peito e Lauren sentou na cama ajeitando os cabelos.

– Só vim ver como você está, amor. – Falou entrando no quarto.

– Estou bem. É que Emeraude me tira do sério, mamãe. – Resmungou parecendo uma garotinha mimada. O que fez Lauren rir e Sinuh negar com a cabeça.

– Eu sei que ela te provoca e acredite eu tive uma conversa séria com ela sobre isso a minutos atrás. Agora levante a cabeça, você sabe quem é e sabe o que faz. Okay? –  Camila assentiu e Sinuh deu um sorriso amoroso. – Agora vamos subir o guia já está nos chamando para que vejamos os corais. Sofia está animada e perguntando por vocês, vamos?

– Tá. – Falou levantando e estendeu a mão para que Lauren a agarrasse. O que a morena fez sobre o olhar atento de Sinuh e então as três saíram dali rumo ao Deck. Sofia logo se jogou nos braços de Camila que apanhou a pequena que já estava vestida nos trajes de mergulho, todos estavam se preparando.

– Aqui, Kaki. – Alejandro falou entregando uma roupa de mergulho e uma máscara para Camila e em seguida para Lauren. Parecia outro homem de repente. – Aqui, Lauren, espero que saiba nadar. – Tentou soar divertido e dissipar o clima tenso de momentos atrás.

– Fique tranquilo, sei muito bem. – Forçou um pouco a simpática para o homem que lhe sorriu polidamente.  Lauren e Camila vestiram-se rapidamente com o traje de mergulho por cima das suas roupas de banho e então entraram no mar junto de Sinuh, Sofia e Alejandro.

Sofia sabia nadar bem e tinha um guia particular, seu tanque de oxigênio era menor o que daria a pequena menos tempo submersa, Camila foi junto levando a corretora com ela. Estavam se divertindo em ver os corais e peixes de perto, as tartarugas passando rente aos seus olhos. Camila apontou para algo mais no fundo e nadou até lá, Laur foi logo atrás era um cardume de peixes que faziam uma dança bonita debaixo da água. Quando o guia as mostrou uma câmera pediu para que se juntassem para capturar aquele momento.

– Meu Deus, é lindo! – Lauren falou já sem o tubo do respirador na boca. O guia agora levava Sofia de volta ao iate onde Sinuh estava a aguardando.

– Seu tanque ainda está pela metade, dá pra mais pelo menos meia hora de mergulho. – O guia falou para Lauren de maneira educada, Camila observava já cerrando os olhos, para ela o homem estava de sorrisinhos demais. Então ela se aproximou da morena.

– Por que não vai dar uma ajuda a minha avó, amigo? – Camila falou forçando um sorrio para o Homem que logo fez o que foi sugerido. – Eu em... – Resmungou, abraçando Lauren. Essa que percebendo o ciúmes da latina negou com a cabeça sorrindo divertida.

– Ele é um doce. – A morena provocou somente para se divertir o que arrancou um arquear de sobrancelhas da latina. – Você é tão possessiva. – Brinco rindo e roubando um selinho da mulher a sua frente.

– Vamos de novo? – Alejandro cortou o clima se aproximando das duas enquanto caia na água agora junto da avó de Camila.

– Vamos sim! – Lauren voltou a pôr o respirador na boca e então eles mergulharam novamente.

O pai e a avó de Camila se juntaram as duas e seguiram explorando o fundo do mar. Camila vez ou outra se tornava uma criança curiosa junto de Alejandro, apontando e nadando para perto de corais e mini criaturinha marinhas. A avó de Camila estava de mãos dadas com o guia embaixo da água, embora um tanto amedrontada parecia maravilhada com tudo que via. É realmente o mar era de encher os olhos.

– Simplesmente incrível! – Alejandro falou já em superfície nadando até a lancha. – Gostou, Esmeralda?

– É fascinante. – A senhora falou de maneira empolgada.

– Você viu o tamanho daquela tartaruga marinha, Kaki? – O homem mais velho perguntou sorrindo, a empolgação dele era genuína.

– Sim, ela era linda. Para ser daquele tamanho ela deve ser bem velha. – Lauren estava gostando da interação entre pai e filha, Camila e Alejandro pareciam enfim estar se comunicando um com o outro. E por um momento a morena deixou de lado a antipatia que começara a nutri pelo homem devido as primeiras impressões dadas.

Os demais já estavam sem os grandes cilindros em suas costas, apenas aproveitando a água do mar caribenho. Demoraram-se ali por mais algum tempo até que seus estômagos reclamaram de fome. A volta para o iate foi regata de conversas, o clima estava leve, parecia que o ar tinha levado toda a carga negativa. A comida estava pronta e posta a mesa. Depois de estarem secos e apresentáveis, a família se reuniu ao redor da mesa no deck do segundo andar que dava uma vista linda para o mar, todos se serviram e o clima era dos melhores. Camila e Emeraude até trocaram algumas frases sem provocações. Alejandro conversava com as filhas e os sogros ainda sobre o mergulho, enquanto Lauren, Sinuh e Selena engatavam em uma conversa sobre aproveitarem o spa.

– Ainda iremos as piscinas de água quente, Camila? – Emeraude perguntou enquanto tomava um gole de sua taça de vinho o que prendeu atenção de Lauren e Selena de imediato.

Camila olhou para a mulher de olhos verdes procurando a resposta. Ela queria que Lauren aproveitasse aquele lugar ao máximo. “Se você quiser ficar, eu não vejo problemas.” era o que Lauren queria falar, no entanto não queria alimentar aquela picuinha entre as duas irmãs.

– Sim, vamos. – Camila afirmou bebendo um pouco do próprio vinho.

– Okay, então vou locar uma lancha quando chegarmos ao hotel e amanhã vamos para aproveitar o passeio. – Emeraude falou animada.

– Por mim tudo bem. Está bom assim para você, Lo? – Mais uma vez Camila procurou aprovação da mulher.

– Sim, está perfeito para mim. – Lauren sorriu em direção a latina que apenas assentiu e voltou a emergir na conversa entre seus avós, pai e irmãs. Lauren virou para Sinuh e Selena antes de fazer uma expressão dramática e falar. – Devemos vigiar para que elas não afoguem uma à outra? – As mulheres riram acompanhadas de Lauren.

– Nada, tivemos uma conversa séria sobre o que aconteceu mais cedo. Pode não parecer pelo que viu, mas elas se amam mais do que se odeiam. – Selena respondeu divertida.
– Eu que sei, tenho que apartar briga das duas a vinte seis anos. – Selena e Lauren riram. – Camila bebezinha puxava o cabelo de Emeraude, essas duas pareciam que davam choque, não podiam encostar. – As três riram chamando atenção dos demais na mesa.

– Que cochichos são esses de vocês três, em? – Camila perguntou de sobrancelhas arqueadas, assim como ela Emeraude e Alejandro também estavam curiosos. As três mulheres pareciam ter fundado um clube da Luluzinha, e Camila sabia que o assunto preferido eram ela, sua irmã e seu pai.

– Selly, o que mamãe está falando de mim? – Emeraude perguntou com uma tromba típica de quem estava contrariada.

– Nada, amor. Só estamos situando Lauren da família que ela está entrando. – Selena falou divertida ganhando algumas risadas, até mesmo de Alejandro.

– Vocês são minhas filhas, meus orgulhos, mas às vezes eu só queria ter usado camisinha… – Sinuh falou tomando mais um gole de vinho.

– Mamãe! – As duas falaram ao mesmo tempo. Todo mundo da mesa explodiu em uma gargalhada, menos Sofia que não estava a entender muita coisa.

– Isso é verdade. – Alejandro falou entre o riso.

– Papai! – As duas falaram juntas novamente, todo mundo segurou a risada, elas se olharam e ficaram sérias, mas logo todos incluindo as duas explodiram em gargalhadas. 

Finalmente eles estavam se divertindo, todos juntos.  Ambas estavam bem naquele momento e para Lauren a família Cabello parecia um bom lugar para estar, mesmo diante das circunstancias. Depois do almoço ainda aproveitaram para andar de jet-ski e para nadarem um pouco mais, mais uma vez Alejandro dava total atenção as filhas o que fazia com que Emeraude, Camila e Sofia se manteassem entrosadas. Nem de longe pareciam as mesmas pessoas do jantar da noite passada.

Continua...