Red

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Segundo capítuloooooo

É aqui que as coisas começam a ficar mais tristes, forças para quem for ler! 

Vou deixar o link para quem quiser ouvir a música, caso alguém não conheça

Boa leitura!

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Embora começando de forma ruim, a Rússia foi simplesmente incrível e perfeita. 100 vitórias, eu havia sido o primeiro a alcançar tal marca, e provavelmente continuaria sendo por um longo tempo, e isso passava uma sensação tão gostosa, era uma sensação deliciosa que percorria meu corpo. "Meu centenário", foi o apelido que você havia me dado e usava para me provocar e parabenizar, e eu o amava. Lembro de quando nós estávamos voltando para meu apartamento em Mônaco e você me olhou nos olhos, seu olhar mais sincero e honesto possível e disse "você é o maior que já existiu, o piloto mais incrível e talentoso, mas isso não chega perto do tamanho do meu amor por você," e uau. Simplesmente uau. Que Sebastian Vettel possuía um dom lendário ao fazer elogios - principalmente quando direcionados a mim - era um fato, mas com este você havia me feito sentir o homem mais feliz, emocionado e apaixonado de toda a história do universo.

Uma enorme pena que a sua capacidade de elogiar-me foi tão estupenda quanto a de me abandonar.

As próximas corridas não foram das melhores, eu perdi, o W12 não era o melhor carro do mundo, nem de longe perto das outras Mercedes que eu havia dirigido, mas ainda assim eu possuía em mim aquela sensação ardente, aquele desejo competitivo de entendê-lo, de poder tirar o máximo do carro, de cometer o mínimo possível de erros na pista. E o melhor de tudo, você me entendia, sabia as coisas certas para me dizer, sabia quando me apoiar, quando me deixar sozinho, me dar uma bronca ou me beijar subitamente e apaixonadamente. Você me conhecia melhor que eu mesmo, e isto não é uma afirmativa positiva, longe disto.

E então eu tive o provavelmente final de semana mais lendário de toda a minha vida, dias dos quais eu jamais esquecerei, cada detalhe eternamente manterá-se para sempre perfeitamente vívido em minha memória: Interlagos. Recordo-me de como temi que aquele final de semana que havia começado perfeitamente poderia tornar-se um pesadelo, mas acabou terminando como o sonho mais verde, amarelo e azul já existente. Acho que se eu pudesse explodir de alegria eu teria, simplesmente teria. O sentimento de subir no pódio com a bandeira brasileira, de sentir todas aquelas pessoas torcendo por mim, felizes por mim e me amando como se eu fosse brasileiro, como se eu fosse seu novo Senna, aquilo foi magnífico, acho que nem ao conquistar meu sétimo título eu havia sentido algo tão incrível e poderoso. Eu sentia que poderia enfrentar o mundo, que eu era o melhor e mais talentoso piloto da história, que não importava o que ou quem acontecesse, eu seria invencível, nada jamais seria capaz de me parar ou impedir de conquistar o que eu queria, portanto que tivesse você ao meu lado e o amor da torcida brasileira estivesse comigo.

Acontece que sim, eu fui vencido, fui derrotado e parado da forma mais dolorosa possível.

Para mim sempre será gozado pensar em quantas emoções diferentes, explosivas e perigosamente novas eu tive no ano de 2021. Às vezes eu me questiono se eu abriria mão de ter me apaixonado por você e assim não sentiria a dor de ter um título roubado, mas eu sabia que perdê-lo doeria mais ainda do que perder um título, uma pena eu estar certo.

Após Abu Dhabi eu estava destruído, magoado e quebrado como nunca havia estado em toda minha vida, algo totalmente singular ao que eu havia sentido em 2007 e 2016. A dor parecia me corroer, eu me sentia traído e enganado. O esporte pelo qual eu havia dedicado toda a minha vida, o esporte que era literalmente minha vida e carreira havia me roubado. Esse sentimento era avassalador, arrebatador e destruidor, eu realmente acreditei que parar era a melhor opção, que eu devia largar tudo e deixar tudo para trás, mas você não.

Incontáveis vezes repetiu o quão incrível, talentoso, magnífico, forte, especial e maravilhoso eu era, proferiu bilhares de vezes o quanto me amava e queria ver-me em 2022 arrasando com o W13, mostrando a todos porque eu era o maior da história. E você conseguiu, eu fiz isso, eu continuei, provei meu valor e embora não tenha chegado perto de vencer o campeonato, com o W13 eu fui capaz de provar não só meu talento mas também minha capacidade técnica quanto ao esporte, mas você não estava mais lá para ver isso.

Algo em você havia apagado-se, você foi perdendo sua luz aos poucos. E me enlouquecia que eu não conseguia entender, não sabia o que fazer para lhe ajudar, eu não tinha como fazê-lo se sentir bem, não podia confortar a pessoa que me salvou no meu pior momento, e isso me matava por dentro, era uma dor esmagadora e cortante, como se cacos de vidro fossem atirados em meu coração constantemente, eu via você desanimado, sem ânimo para o esporte, para nós. Até mesmo o sentimento de culpa havia tomado conta de mim, estava tão focado em melhorar o meu desempenho que pensei estar afastando você.

Entretanto nada disso compara-se ao sentimento de acordar naquele dia 28 de julho e descobrir através da mídia que você iria se aposentar, que aquela enorme e grande decisão havia sido tomada, e você não tinha me dito nada. Lembro-me de tentar acreditar que era um pesadelo, que logo você apareceria em nosso quarto de hotel e diria que tudo não passava de um erro, que eu havia entendido errado.

Mas você nem sequer apareceu, mal teve a decência de terminar comigo do jeito certo. No domingo após a corrida você veio até a garagem da Mercedes, nós conversamos e você terminou tudo que existia entre nós. Foi frio, foi angustiante e foi triste. Você não gritou comigo quando eu gritei, não me implorou para ficar quando eu disse que nunca mais queria falar com você, não disse que me amava quando eu disse que te amava, você estava inabalável, como se tudo tivesse sido falso e passageiro, como se eu não tivesse sido nada para você, como se nós não fossemos nada.

Eu berrei, eu gritei, eu chorei, esperneei e quis bater em você, mas você apenas soube me olhar com pena e tristeza, e tudo o que eu queria entender era para onde todo aquele amor havia ido? O sentimento havia desaparecido? Perecido? O QUE DIABOS TINHA ACONTECIDO?

Então, você deu as costas e saiu como se fossemos meros colegas de profissão. Deixando para traz rastros de destruição, dúvidas pertinentes e uma dor que poderia até mesmo parar um coração em segundos.

Posteriormente eu entendi, descobri por fontes não conhecidas que você era assim, que costumava amar as pessoas da forma mais ardente e calorosa possível, mas que esse fogo apagava-se tão rapidamente quando a chama de um fósforo.

Você, Sebastian Vettel provou-me da pior maneira possível que ter um campeonato roubado, que ser traído pelo esporte que você mais amava em nada se comparava ao sentimento de ser largado como lixo pela pessoa que eu mais amava no mundo.

Mostrou-me da maneira mais cruel e horrível o que você era; um problema. Um problema ambulante que eu havia me apaixonado e agora teria de algum jeito aprender a viver sem.

Você havia me ajudado a colher todos os meus caquinhos, grudá-los juntos e me reconstruir apenas para me aniquilar da pior forma possível, de uma forma a qual eu jamais seria capaz de recuperar-me. E você não se deu ao trabalho de me ensinar como seria superar perder você.

Estar com você era a coisa mais deliciosamente caótica. Nossas discussões intensas que sempre terminavam em gemidos, nossas apostas que tinham como final noites ardentes. Nosso amor sempre foi ardente, quente, vermelho como o uniforme que você costumava vestir. Ele queimava e estaria sempre marcado em minhas memórias.

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corações talvez meio levemente quebrados?? espero que pelo menos tenha sido uma boa leitura, e acreditem em mim, o próximo é pior, luiza foi malvada escrevendo ele

Red (Sewis' Version)Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum