Capítulo 6

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Capítulo 6 | Uma Rosa pelo Corvo


Joguei-me nos lençóis macios e quentes da minha cama enquanto ouvia a chuva bater na janela do meu quarto com certa violência, minha bolsa e o guarda-chuva haviam sido jogados em qualquer canto do quarto que eu pudesse me lembrar de procurar para guardá-los.

O clima estava bem mais frio que a tarde, me fazendo ficar sob os cobertores como uma criança. Eu tentava não pensar que eu teria que receber uma visita amanhã e, diferente de mim, Julie e Amy ficaram bem empolgadas com a ideia.

— Olha só! Finalmente uma alma diferente nessa casa! — Julie havia dito no jantar quando lhe contei sobre Darien

— Espero que ele não faça bagunça. — meu tio, que hoje estava sóbrio, murmurou enquanto me olhava de canto como se eu tivesse culpa de o professor ter passado 60 questões para fazer em um dia e meio e ainda nos colocar em duplas.

— Vou poder brincar com ele? — Amy me perguntou animada com a boca quase cheia de arroz

E meu pai nada disse porque estava ocupado demais conversando com o Dr. William para prestar atenção em qualquer coisa que não fosse sua comida ou o telefone no seu ouvido.

Eu só esperava que ele não viesse tão cedo, pelo menos após o café para eu poder ter um pouco de paz, mas do jeito que andavam meus dias ultimamente eu duvidava que isso aconteceria.

Antes da meia-noite, eu ainda consegui me levantar do meu conforto para resolver pelo menos 10 questões do trabalho, e eu bati essa meta quando o relógio do meu celular marcava exatamente 00:00. Infelizmente, esse também foi o horário em que três batidas soaram na minha janela.

— Boa noite! — ele disse sorrindo assim que entrou pela janela, pegando a toalha que eu tinha em mãos justamente para essa ocasião

— Boa. — respondi seca, fechando a janela — Não pensei que viria mesmo.

Ele deu um sorriso sem graça e seu nariz, bochechas e orelhas ficaram avermelhados. Quando terminou de se secar — incluindo suas asas — minutos depois, me entregou a toalha e sentou-se em minha cama, deixando suas asas pousadas sobre ela enquanto me observa guardar o trabalho em uma pasta e jogá-lo em uma gaveta.

Também aproveitei e joguei a rosa e o bilhete que recebi hoje na gaveta onde havia colocado as outras.

— Devem gostar muito de você — Draven disse, me observando jogar a mochila no canto da escrivaninha.

— Tenho certeza que não. — me deitei na cama, bem afastada dele

— Então por que dão rosas a você? — ele tombou a cabeça para o lado

— Alguma brincadeira de mal gosto.

— Então por que você as guarda?

— Não é da sua conta.

Talvez eu tenha sido um pouco grossa, mas ele fazia perguntas demais em um intervalo muito curto de tempo, além disso, eu também não sabia por que as guardava ao invés de jogá-las no lixo. Algo em meu subconsciente me alertava-me de não jogá-las fora, mesmo que eu quisesse, e nem me revelava o motivo.

Draven ficou calado por uns quinze minutos andes de perguntar como havia sido meu dia, e eu tentei não falar muito, falei apenas do trabalho de geografia e outras coisas irrelevantes para ele caso estivesse planejando me sequestrar após conseguir informações preciosas de mim. Embora eu duvidasse que isso fosse acontecer.

— Nossa! Deve ser cansativo. — disse, se referindo ao trabalho de geografia.

— Já tive piores. — ele deu uma leve risada, o que o deixava fofo, considerando que era meio-corvo — Você pode me responder uma coisa?

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