1. First

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Bufo irritado vendo que esse transito não vai andar tão rápido e decido acender um cigarro para tentar me desestressar. Abro a janela apoiando meu braço pra fora para a fumaça não impregnar o carro todo e decido fazer uma ligação via o sistema do meu quarto para a Anna saber se ela está bem. A mesma não atende depois de vários segundos chamando e volto a bufar desligando, dando mais uma tragada no cigarro.

O transito resolve andar um pouco e dirijo a um quilometro por hora, usando apenas uma mão, finalmente entrando na ponte que corta a cidade e faz a conexão entre a vizinhança do meu trabalho e a da onde moro. Ajeito meu óculos no rosto que estava torto e na hora que direciono meu rosto pra janela tragando mais uma vez meu cigarro minha visão em questão de segundos passa de relance a uma pessoa em cima do murinho de proteção da ponte, prestes a saltar de lá de cima. Meu instinto protetor falou mais alto e larguei o cigarro, saindo do carro na hora e correndo na maior velocidade que eu podia alcançar no momento, agarrando a pessoa pela cintura e a derrubando no chão com tudo comigo caindo em cima dela. Nem conseguia me movimentar direito depois da queda na calçada pelo choque da situação e ainda as buzinas e pessoas irritadas na rua sendo a trilha sonora do momento.

Só depois de um tempo decidi lentamente olhar para o rosto da pessoa que acabei de salvar a vida e percebi que era um jovem igual a mim. Ele está chorando muito, soluçava demais, parecia estar sem ar por causa do choque. Me levanto e o ajudo a levantar também.

- Você está bem?! - Pergunto com a voz um pouco elevada por causa do barulho ensurdecedor do transito ao lado. O cara apenas assenti com a cabeça. - Vem. - O puxo pela mão até o carro e entramos. - Se acalma... tá? Está tudo bem agora. Você está seguro... - Limpo as lagrimas que escorreram pelo rosto dele com meu lenço que levo no meu blazer e percebo ele se acalmando enquanto me observa cuidar dele. - Você se machucou com a queda? - Ele nega. - Melhor irmos ao pronto socorro... - volto a dirigir fazendo uma arriscada e lenta reviravolta pra sair do meio desse transito, tendo sucesso. - Vou fazer uma ligação, você se importa? - Ele nem responde mais e fica cabisbaixo olhando suas mãos. Suspiro e começo a fazer a ligação. Fico um pouco preocupado por ele não ter falado nada até agora e espero me atenderem.

Atende. - Oi?

- Oi, filha! Por que não atendeu antes?

- Estava no banho...

- Ah, ok! Filha, seguinte... o papai está parado em um transito enorme... não anda por nada. Então, vou chegar mais tarde que o comum, tá? A lasanha está no forno... come, por favor.

Bufa. - Ok, pai...

- Tenta dormir cedo, tá? Ir descansada na aula é bem melhor... te amo... ok?

- Ok...

- Boa noite, filha... - Desligo.

Chegamos no hospital e desço do carro indo até o lado do garoto, abrindo a porta. O mesmo me segura firme pelo braço para se apoiar enquanto desce e eu o olho fixo terminando de descer. Ele também retribui o olhar e depois de eu desviar o olhar segundos depois, fecho a porta do quarto o acompanhando até dentro do local.

Vamos até a recepção. - Boa noite. Será que daria para ele fazer alguns exames de clínica geral? Ele sofreu uma queda brusca e estou com medo que tenha se ferido mais sério...

- Sim senhor. Preciso só que vocês façam um cadastro rápido... - A recepcionista nos diz enquanto digita. - Seu nome, por gentileza?

- Joshua Kyle Beauchamp.

- Uhum... data de nascimento?

- 31 de Março de 1987 - Quando digo isso, o moço mudo que salvei me olha fixamente na mesma hora meio que no susto. Me assusto também o olhando pela atitude repentina, mas na hora que vou perguntar o que aconteceu a recepcionista volta a me questionar.

Life. - [NOSH]Onde histórias criam vida. Descubra agora