Capítulo 8

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Leves ruídos penetraram seus ouvidos de forma indecifráveis por seu cérebro. Começa a despertar, lutando para abrir suas pálpebras pesadas que pareciam querer mantê-lo adormecido para sempre. Visão turva e embaçada, viu um céu azul claro sobre si, com uma infinidade de planetas de diversos tamanhos, cores, anéis, assim como estrelas.

Difícil distinguir entre sonho e realidade, no entanto, se manteve naquela posição sem desgrudar os olhos daquela maravilha galática. Uns quatro ou cinco minutos já haviam se passado, e não mexeu um músculo. Por fim, os efeitos dos tranquilizantes pareceram cessar, então notou estar deitado sobre a grama fresca e pôde sentir uma infinidade de cheiros agradáveis adentrarem suas narinas.

Lentamente se sentou, observando os arredores e se assustando com o que viu: um pequeno lobo, do tamanho de um coelho, levantar voo com suas patas cobertas por penas, assim como todo o seu corpo. “Mas que porra foi essa?”, pensou ele.

— Bom dia, flor do dia — uma voz fina disse ao seu lado, o assustando.

Acabou se batendo sem querer em uma enorme avestruz que estava atrás dele, e no lugar do bico do mesmo, havia um focinho. Isso mesmo, um focinho. Também um coque de penas vermelhas no topo de sua cabeça. O animal por sua vez também se assustou, e correu na direção oposta, passando por grandes árvores e se escondendo em um arbusto rosa, ao lado de uma árvore ainda maior que as outras. A grossura do tronco dela era absurda, e quase fez uma maratona com os olhos para alcançar o topo dela, que tocava um planeta.

Um risinho travesso se fez ouvir na mesma direção que a voz anteriormente, então trouxe Spency de volta para ela. Havia ali uma garota agachada, magra e sorridente, com cabelos verdes bem curtos e uma aparência de adolescente.

— Não sabe por quanto tempo eu esperei por esse momento! — o sorriso dela se alastra ainda mais pelo rosto negro, e estende a mão para cumprimentá-lo. — Meu nome é Louize.

— Onde estou? — atordoado, se levanta, ignorando ela sem querer.

— Ah, é — levanta também. — Você deve tá achando tudo isso bem estranho, não é?!

Spency volta a analisar aquele céu magnífico e exótico, nunca havia visto planetas tão de perto, e não sabia que era possível, aliás.

E afinal, onde diabos estava e como foi parar ali? Lembra de estar no castelo e… a memória do corpo de sua mãe tira totalmente o brilho da beleza daquele universo celestial.

— Você está no Repouso do Paraíso — afirma ela. — Uma dimensão alternativa.

— Dimensão? — isso o faz voltar a encarar ela.

— É. Bem, na verdade não tem um nome, eu acabei de inventar — deixa escapar uma risadinha. — Acho que nunca tínhamos pensado nisso em todo esse tempo.

O que será que tinha naquele tranquilizante? Analisou todo o ambiente repleto de peculiaridades, e aqueles animais de início deixaram de ser estranhos. Haviam uma infinidade de outros seres assim, todos mutados e híbridos, e isso não se aplicava somente a animais, mas também a plantas e árvores, como uma bananeira que tinha mangas azuis em seu cacho e uma macieira com não só maçãs, mas abacates, cenouras e laranjas em seus galhos.

— Não ache tudo tão estranho assim — a garota nota a confusão dele. — São todos criações minhas, eu faço alguns experimentos místicos.

Volta a encará-la, e nota que ela está acariciando uma pequena e rechonchuda coruja no ombro. Não sabia se já estava ali e não havia notado, e claro, estranho mesmo seria se a ave filhote fosse normal. A barriga, tórax e face, eram de um amarelo bem vivo, enquanto asas e cauda eram azuis escuros. De resto, sim, parecia uma coruja. Ao menos isso. Mas quem sabe dentro dela hajam órgãos de peixes e sua pele seja revestida por casca de abacaxi, Spency não se espantaria.

Hutbus Island: Profecias Do ApocalipseWhere stories live. Discover now