❧ Capítulo XXXVI

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D A X T O N

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"Não quero decepcionar você
Mas estou destinado ao inferno
Embora tudo isso seja tudo para você
Não quero esconder a verdade"

Demons - Imagine Dragons

— Você deu sorte que não quebrou, foi apenas uma torção, querida.

— Não imaginava que torções pudessem doer tanto — Adelaide grunhiu, soltando um gemido sôfrego e contorcendo a cara conforme mexia o pé.

A enfermeira simpática terminou de passar a atadura no pé esquerdo dela e veio até mim para conferir minhas pupilas pela sei-lá-que-vez. Ela tirou uma lanterninha do jaleco e a mirou nos meus olhos, os alternando durante quase um minuto. Eu me esforcei para não os fechar, aquela luz esbranquiçada doía direto na alma.

— Como está se sentindo?

— Bem — respondi, agradecendo mentalmente quando ela parou de iluminar minha cara e passou para o meu prontuário, fuçando nele e rabiscando algo.

— E a cabeça?

— Ainda dói um pouco, mas nada insuportável.

— Sente sono?

— Não.

— Tontura? Vontade de vomitar?

Neguei tudo. A única coisa que sentia era medo do momento em que mamãe saísse de sua cirurgia e desse as caras naquela emergência. Ela iria me matar, eu vi isso escrito em seus olhos quando veio se certificar de que estávamos vivos. E a principal culpada dessa sede pelo meu couro era a maldita algema de pelúcia vermelha, que NINGUÉM teve a brilhante ideia de arrancar ANTES que chegássemos ao hospital. Deixaram para cortar depois que a última pessoa que poderia vê-las viu. Aí já nem fazia mais diferença continuar ou não algemado, eu já estava frito mesmo.

— Ótimo, isso são bons sinais — e sorriu para mim com um carinho que parecia a minha avó — Aparentemente, a batida não foi tão feia. Só os fez desmaiar mesmo. Já levei suas tomografias para um neuro olhar e ele disse que está tudo bem. Deram sorte, tem muita gente que machuca feio caindo de escadas.

Ela ainda deu uma derradeira olhada para o curativo na testa de Adelaide, murmurando algo consigo mesma e nos pedindo licença, se afastando de nossos leitos. Eu tornei a afundar minha cabeça no travesseiro, sentindo-a pesar mais do que o normal. Parecia até que tinha água lá dentro.

— Será que vamos ser presos? — ouvi Adelaide cochichar ao meu lado. Eu me virei para ela e vi seu semblante verdadeiramente apreensivo.

— Você e Blake não, pode ficar tranquila. São garotas e são menores de idade, se livram fácil dessas enrascadas bobas.

— E você e o Gabriel?

Dei de ombros, fazendo uma careta involuntária de dor. Meu corpo inteiro parecia estar esbagaçado.

— Depende do quanto o shopping quiser nos ferrar. Eles podem relevar ou nos processar por invasão.

Ela assentiu devagar, como se estivesse demorando mais do que o normal para absorver aquilo. Eu acabei olhando para o curativo em sua testa, dando um sorrisinho ao ver a estrelinha dourada que a enfermeira havia colado ao lado dele. Aquele era o hospital onde Helene trabalhava, todo mundo ali a conhecia e tratava com um carinho especial. Só no tempo em que estávamos estirados na emergência, eu perdi a conta de quantos funcionários vieram ver como Adelaide estava. Ela era tratada como o bebê fofo que todo mundo queria pegar no colo e brincar.

Addie & Dax │✔│Where stories live. Discover now