À Prova De Chamas

Capítulo 2 - Bem sucedido

 
Julia começou seu primeiro dia na clínica com o pé direito, sua atenção e preparação no dia anterior com o doguinho lhe havia garantido um emprego, melhor dizer, a oportunidade que tanto almejava.

Tinha em seu pensamento e coração dá o melhor de si para o cachorrinho que estava a sua frente esperando pela cirurgia. Ela foi assistida, cada passo que deu durante o procedimento foi acompanhado por sua recente chefe, a Sarah.

Durante toda noite do dia anterior, no conforto do seu lar, Júlia ficou lembrando de como a icônica proprietária da clínica lhe havia chamado sua atenção. Seus cabelos tão pretos quanto uma noite sem estrelas. Seus traços marcantes, porém delicados. A forma com era encantador o seu sorriso, e principalmente a maneira estranha de como se sentiu confortável em sua presença. Enfim, dadas todas as circunstâncias ela não poderia se dá ao luxo em admirar sua chefe que na sua opinião era muito linda.

Ela focou, sim seu lado profissional falou mais alto, e mesmo com aquela atenção específica durante a cirurgia tudo saiu como esperado. E mais uma vez foi parabenizada.

_ Excelente trabalho, Júlia._ Disse-lhe a morena com um sorriso.

_ Obrigada, eu não achava que iria ter espectadores. _Riu.

_ Perdão, não é algo padrão acredite, todos os funcionários têm sua autonomia em fazer procedimentos sem que eu esteja de olho como uma coruja a espreita. _Respodeu em tom brincalhão.

_ Eu deveria ficar aliviada pois sou uma exceção? _ Devolveu na mesma entonação.

Sarah riu com seu humor, havia tempo que não tinha dito um momento descontraído, principalmente com uma estranha.

_ Sim, você é exceção, não se apavore, era só mais uma questão pessoal minha está aqui presente. Não que eu não confie no seu trabalho, você já provou ser capaz, mas acho que eu devia isso a ele_aportou para o cachorro acidentado.

_ Entendo e admiro seu ato. Desculpa não cabe a mim questionar sua presença. E que as vezes conversar com você saí de forma natural quando deveria ser formal.

_ Como se tivéssemos intimidade? _ Questionou Sarah. _ Não se preocupe com isso eu também me sinto assim a seu respeito, nada de formalidades ok, quero que se sinta confortável e confiante trabalhando aqui.

As palavras haviam escapado, Júlia não conseguia dizer nada, sua mente processava a ideia "ela também pensa o mesmo?"

_ Sei que não é como nas outras clínicas que você tem toda uma equipe te auxiliando, mas um dia chegaremos lá. _Disse Sarah quebrando o silêncio.

_ Tudo bem, tenho certeza que chegaremos a isso, se me der licença preciso ir tenho outros pacientes.

_Claro fique a vontade.

Antes que Júlia passasse pela porta, em um movimento quase que involuntário Sarah tocou em seu braço. _Quer tomar um café um dia desses?

_Adoraria. _Olhando a mão que ainda repousava em seu braço, mas desejando que estivesse em sua cintura.

*****

Cerca de aproximadamente um mês tinha se passado desde aquele último contato físico, as conversas diminuíram, sem brincadeiras, estritamente profissionais. Júlia parecia evitar ficar muito tempo em sua presença. Sarah ficou com receio e acreditava ter constrangido sua funcionária. Seu distanciamento era uma provável consequência disso.