12. Bolhas

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DEZEMBRO

Dizem que quando você conhecer a pessoa com quem vai passar o resto da vida, você saberá. Você saberá instantaneamente que ela é a única.

Dean acha que isso é besteira total.

Porque se isso fosse verdade, então talvez ele entendesse por que não consegue parar de pensar em Castiel. Por que ele não consegue parar de pensar naqueles olhos azuis abissais ou naquela pele pálida cremosa que muitas vezes é marcada por hematomas e arranhões de Dean e seus amigos.

Este é o universo punindo Dean? É o carma que está fazendo com que ele se apaixone por alguém que nunca vai querer ele?

A coisa sobre almas gêmeas é que elas não existem. As pessoas se amam, mas Dean viu em primeira mão. Você pode amar alguém até o ponto em que dói por dentro, mas ainda assim a odiar metade do tempo. Amor verdadeiro e destino e almas gêmeas - é tudo uma porcaria.

E não é como se Dean amasse Castiel. Isso seria impossível neste momento, certo? É só que... há algo lá. Algo naqueles olhos azuis esquecidos por Deus que mantém Dean acordado à noite, culpado, apavorado e embaraçosamente excitado. E incapaz de parar de odiar a si mesmo.

Dean não vai à escola por uma semana seguida. Ele passa seus dias escondido nos cantos de sua casa, esperando John sair para o bar ou onde quer que seu pai vá durante o dia. Então Dean se senta de pernas cruzadas no tapete emaranhado do banheiro, olhando para a banheira onde Castiel estava deitado na terça de manhã, inconsciente e ensanguentado e indigno da dor que ele provavelmente estava sofrendo.

Não é só que Dean não está em condições de ir para a escola depois de possivelmente a pior surra de John que ele já levou. É mais do que isso. Ele não sabe o que vai fazer quando vir Cas. E a notícia na rua é que Alastair também está de volta à escola. Então, há duas pessoas que Dean realmente precisa evitar: uma que ele não quer nada além de ver, e a outra que ele nunca mais quer ver.

Por cinco dias Dean faz isso. Ele se senta e olha para a banheira vazia, pensando na vida e azul e quilômetros de pele pálida e o quanto ele se odeia pelas coisas que não pode mudar. Sam o encontra algumas vezes lá quando ele chega em casa da escola e provoca Dean sobre ter diarréia incontrolável, listando as causas e curas que ele aprendeu quando ele estava brevemente interessado em ir para a faculdade de medicina, antes de perceber que eles não tinham a quantidade ilegal de dinheiro que seria necessário para comprar-lhe a educação extra.

Depois de alguns dias, porém, até Sam para de provocá-lo, deixando-o sozinho, além de trazer comida para ele de vez em quando, quando percebe que Dean não vai se alimentar sozinho, e limpando o rosto ferido e desagradável de Dean de manhã e à noite.

Uma vez - apenas uma vez - Sam pergunta hesitantemente se Dean está pronto para falar sobre o que aconteceu com ele na noite em que queimou suas roupas. Dean apenas lhe dá um olhar duro, e Sam deixa pra lá mais uma vez, falando de Castiel em vez disso, e se Dean falou ou não com ele ou fez sua jogada. Sam tem sido implacável com perguntas sobre Castiel desde que Dean lhe contou sobre sua paixão secreta pelo cara. Mas Sammy não entende - ele não sabe por que Dean não pode simplesmente fazer um movimento em Castiel.

Sam não sabe o que Dean fez. Ele não sabe como Dean machucou Castiel.

E Sam nunca vai saber. Assim como ele nunca vai saber o que Alastair fez com Dean.

Com toda a honestidade, pensar no que Alastair fez faz Dean sentir vontade de esfregar sua pele com lã de aço, mas isso não é o que mais o incomoda. Ele se sente como uma mancha que está arruinando uma bela toalha de mesa. Castiel é nítido e limpo e macio e inocente, e a coisa mais distante de fraco, e Dean está rasgando-o em pedaços e estragando-o por causa das coisas que destroem e estragam seu próprio cérebro.

hautley's bend || DESTIELOnde histórias criam vida. Descubra agora