20 • I'm going to kill him

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Noah.

Alguns meses depois.

Meu peito sobe e desce devagar, o lençol de seda cobre minha nudez e a pouca luz dos postes da rua que adentra o quarto através da janela aberta impede que o cômodo se torne um completo breu. A brisa fria atiça a cortina e mantém a temperatura do meu corpo regular. Ao girar a cabeça vejo Sina adormecida ao meu lado, seu corpo igualmente nu também é coberto pelo lençol. Ela se remexe algumas vezes, suas pálpebras estão inquietas e sua respiração pesada. Gostaria de dizer que o suor em sua testa é efeito do orgasmo maravilhoso que lhe proporcionei, mas são quase cinco da manhã e o sexo terminou há três horas trás, tempo o suficiente para que o suor secasse em sua pele.

Solto um longo e cansado suspiro. Meu polegar toca sua bochecha na tentativa de acalmar seu sono, mas esse simples e singelo toque é suficiente para que ela fique ainda mais inquieta.

— Não! — grita com toda a força de seus pulmões, erguendo seu corpo em um único movimento rápido e sentando-se na cama com a respiração ofegante.

— Sina. — chamo sua atenção para mim. Ainda assustada ela me encara, os cabelos caem sobre sua face e o seus olhos deixam transparecer o medo que a assombra. — Está tudo bem meu amor, foi apenas um pesadelo.

Ela tenta normalizar a respiração, seu peito sobe e desce rapidamente e ela aperta o lençol contra o tronco para cobrir os seios fartos e rosados. Estico meu braço até sua cintura fina, circundando-a por inteiro e a puxando para perto, até que seu corpo frio esteja deitado contra o meu. Sua cabeça encaixa-se perfeitamente na curvatura de meu pescoço, ela relaxa a mão esquerda sobre o meu peito e eu faço pequenos círculos com o dedo médio por toda a suas costas.

— Me desculpe, eu não quis te acordar. — diz baixo, quase sussurrando.

— Shh. — beijo o topo de sua cabeça. — Está tudo bem, vamos apenas voltar a dormir. — minto. A verdade é que eu não preguei os olhos durante todo esse tempo e duvido que vá conseguir fazer isso agora.

Demora um pouco, mas Sina volta a dormir, dessa vez o mais serenamente possível. Em momento algum eu a afasto de mim, pois de alguma forma sei que o calor do meu corpo contra o dela a mantém calma, mesmo que ela não saiba disso.

Às sete e meia em ponto o relógio ecoa por todo o quarto. Estando acordado, não demoro muito para interromper o som ensurdecedor e quando me viro de volta para Sina ela já está com os olhos abertos. Ela sorri, minimamente, mas ainda sim um sorriso. Antes que eu possa pensar em beija-la ela se levanta, acompanho o movimento de seu corpo e umedeço os lábios fitando sua bunda perfeita. Ela apanha o robe de cetim na poltrona e sai do quarto em silêncio.

Frustrado, puxo os cabelos e soco o colchão. Levanto-me em um pulo e sigo em direção ao banheiro. Abro o box, giro o registro e deixo com que a água gelada molhe meu corpo, levando embora não apenas os resíduos de sexo, como também o cansaço. Há dias não tenho uma verdadeira boa noite de sono.

O banho não demora mais do que o necessário. Ao sair do box termino minha higiene matinal e quando volto para o quarto meu uniforme já está separado em cima da cama. Quando nós voltamos de Chicago eu não pensei duas vezes antes de voltar ao meu antigo emprego, esperando apenas duas semanas para que as coisas entre mim, minha esposa e nosso lar voltasse ao mais normal possível.

Eu pensei que tudo estava bem. White Cube foi destruída, Sina e eu voltamos para o Canadá, Dean está preso e até onde sei todas as outras mulheres traficadas reencontraram suas famílias ou encontraram novos rumos. Eu pensei que tudo estava bem, mas a partir do momento em que minha esposa se deita e tem verdadeiras noites de tormenta, obviamente as coisas não vão tão bem quanto eu imaginava.

The Case Of White Cube | NoartDonde viven las historias. Descúbrelo ahora