XI

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05/05/2022

•pov rosa•

Marcelo chegou dez minutos antes, fui atendê-lo o mais rápido possível, não posso permitir que ele dê meia-volta e vá embora.

- Bom dia - eu o cumprimentei. - Vamos?

Ele me cumprimentou e passou a me seguir para o elevador.

- Aonde vamos?

- Confesso que li algumas entrevistas, onde você relata que está cansado de delegacias e suas paredes frias. Por isso, gostaria de conversar em um ambiente mais agradável. Tem um café ótimo aqui perto.

Ele sorriu.

- Soa ótimo.

Contei uma meia-verdade. Eu li as suas entrevistas, mas não é por isso que vou mudar de ambiente, vou para não ser flagrada pela Amy.

- Marcelo - falei quando sentamos com bebidas em mãos. - Obrigada por ter vindo, sei o quanto interrogatórios podem ser cansativos - ele assentiu. - Vou tentar ser o mais breve o possível.

Dei um golé no meu chá, estava quente, desceu queimando a minha garganta, mas não me importei.

- Joaquin conhecia Gina Linetti?

Ele piscou, não estava esperando por essa pergunta.

- Não, acho que não - ele deu um golé no café. - Nunca os vi conversando antes do tapete vermelho do Oscar.

Sua expressão mudou, ele parecia enojado.

- Você ouviu a conversa?

Ele assentiu.

- Eu filmei tudo.

- Ele sempre era desrespeitoso?

- Em todos os meus três anos trabalhando com ele, pude perceber que Joaquin era famoso por maltratar celebridades, principalmente mulheres...

Eu assenti, assisti inúmeras reportagens. Seu humor era misógino ao extremo. Ele tocava nas mulheres, elas ficavam envergonhadas, poucas respondiam ao seu nível, a maioria só ignorava ou ria.

- ... Gina como muitas outras, foi o seu alvo naquela noite.

- Quem mais?

- Todas as mulheres que ele entrevistou - ele bebericou o café e me olhou curioso. - Você viu os vídeos?

Assenti.

- Mas achei melhor perguntar, sei que a maioria é manipulado.

Ele assentiu.

- Você lembra de mais algo?

- Ele não queria ir embora - Marcelo olhou para a rua pela janela, seus olhos pareceram tristes. - Disse que queria ficar até ser expulso e foi o que ele fez.

- Algum motivo em especial ou ele só queria curtir a festa?

Observei Marcelo engolir a seco, ele parecia nervoso.

- Acho que ficou para curtir. - sua voz falhou no começo da frase, podendo indicar mentira.

- Você está me escondendo algo?

- Não.

- Porque se estiver, é crime.

Ele, novamente, engoliu em seco.

- Nós brigamos. - disse por fim.

Eu dei um gole no meu chá em silêncio, indicando para que continuasse.

- Eu estava cansado de vé-lo sendo um babaca. No começo achei que fosse só um personagem, porque ele me convenceu que era apenas isso. Mas depois, percebi que era ele falando um monte de merda.

Marcelo continuou inquieto, como se escondesse algo, eu continuei calada esperando-o terminar.

- Nós namoramos por um breve período.

- Vocês já haviam terminado?

- Sim, terminei naquela noite.

Eu o olhei, ponderei sobre suicídio, mas não há provas o suficiente para isso.

- Acho que ele foi assasinado. - respondeu como se lesse os meus pensamentos

- Por quê?

- Joaquin era amado e odiado na internet, mais odiado, mas mesmo assim, seu programa alcançava mais de um milhão de visualizações em todos os episódios. Ninguém se interessava em ver a celebridade que ele entrevistava, todos queriam ver o seu comportamento nojento, para passar o dia xingando-o ou admirando-o na internet.

- As pessoas são estranhas.

Ele assentiu.

- Quando percebeu que ele era apenas um personagem?

Ele suspirou enquanto mexia seu café.

- Segundo ano, mqs mesmo assim não quis admitir, então, só fingi que ele era uma pessoa decente, porque eu estava apaixonado.

- Tenho outro assunto. - falei após uma breve pausa.

Ele asentiu enquanto bebia um gole do seu café. Mostrei a foto da idosa e o interroguei sobre o roubo. Cheguei na delegacia com uma confissão e com ele algemado.

- Você prendeu alguém - Amy comentou animada. - Quem foi?

- O roubo.

- Como descobriu?

Inventei uma mentira convincente, ela assentiu.

- Ótimo trabalho detetive.

- Obrigada.

Esperei ela sair para conversar com Charles, peguei a minha pasta e comecei a anotar. Gina já era a minha suspeita, agora tenho os motivos. Porém, Marcelo também é meu suspeito, eles ter terminado na noite do assasinato, é no mínimo estranho. Senti uma fagulha de esperança acender dentro de mim, eu não quero que Gina seja a assasina. Não posso ter beijado uma assasina. Não posso pensar tanto em uma assasina. Não posso fantasiar com suas mãos ao redor do meu corpo.

Autora: postei outro capítulo essa semana, caso não tenham lido.

Getaway Car |Dianetti|Where stories live. Discover now