Um dia de cada vez...

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CAPÍTULO 58


                     Liz


Amanhecer em seus braços já estava virando um costume. Minha recuperação assim como a nossa relação estara mais forte a cada dia. Os meses inconsciente me fizeram valorizar e apreciar a vida como nunca antes, até mesmo quando dias ruins me rondavam.

Ter a presença de Eleanor no meu apartamento, agora sóbria, era um pouco intimidador. Não conseguia deixar de observá-la, ver os seus modos como se a casa fosse sua, confortável no meu canto.


— O que pensa que está fazendo? — Eleanor largou o celular no mesmo instante que peguei uma porção de macarrão nas mãos e os curvei.

— Colocando... o macarrão para ferver? — indago com as sobrancelhas erguidas.

— Não se quebra o espaguete, Lizandra — disse ao se aproximar e retirá-lo de minha mão rapidamente — Sai... deixa que eu faço — enxotou-me da cozinha a murmuros de descontentamentos.

— É sério?

— Você namora com uma italiana, esqueceu?


Reviro os olhos já sabendo de seu temperamento pavio curto como a maioria dos italianos quando o assunto é gastronomia.


— Uma namorada italiana bem enjoadinha — implico.

—Que você gosta — disse após aumentar o fogo e me puxar pelo quadril.

— Para de me provocar — seguro suas mãos que levanataram minha regata lentamente.

— Você que deveria parar. A começar por essa calcinha tão pequena — Eleanor deslizou as mãos que estavam no meu quadril e as depositou sobre a minha bunda, apertando-a.

— São onze da manhã...

— E tem horário específico para te fazer minha? — provoca e em seguida, subiu apenas uma das mãos e a depositou nos meus cabelos de modo a segurá-los com firmeza.

— Eleanor... — meu resmungo foi quase um gemido ao sentir a pressão da mão dela em meus fios de cabelos.

— Você sabe que eu posso encontrar alguns meios de convencê-la — aproxima nosssos lábios.

— O pior é que eu sei que você consegue, meu amor — sorrio junto a ela.

— E o seu amor pode lhe ter agora – provoca ao deslizar os lábios por meu pescoço — Não — me cala com um beijo — Não ouse negar-me a tê-la após todos estes meses sem — continuou com rouquidão na voz ao sentir minhas mãos brincando com as rendinha de sua camisola.

— E se eu não quiser — respondo a muito custo.

— Terá que lidar com futuras consequências.

— Então, acho que vou me divertir em desobedecer você — comento, arrancando uma pequena risada de Eleanor.

— É uma cachorra, Lizandra!

— Então cadê a minha coleira? — brinco.

— Você não tem pudores menina — Eleanor sorri com a expressão incrédula.

— Aprendi com a melhor — a provoco novamente.

— Você não tem idéia das quantidades de vezes em que imaginei você usando uma pra mim...


Abri um largo sorriso ao ouvir as últimas palavras proferidas por Eleanor. Minha mulher me deixava sem ar toda vez que agia sem pudores, nunca cansaria desse lado mais relaxado e alegre dela.


— Ainda não me respondeu — insiste.

— Pode — a beijo lentamente, segurando sua nuca —Bem aqui... — deposito uma de minhas mãos na bancada de mármore da cozinha — Na minha cama, sofá e onde mais desejar.

— Não esperava menos do que isso.

Era uma safada, dava para ouvir a libertinagem na sua risada baixa.

— Só que agora, não é o momento — corto sua animação explícita — Como é feriado, minhas irmãs vão chegar cedo da escola hoje — Eleanor revira os olhos e bufa — Podem chegar a qualquer minuto e...


E como se minha intuição nunca falhasse, passos e vozes que eu conhecia bem começaram a ecoar pelo corredor minutos depois. Eram minhas irmãs, logo a maçaneta da porta remexeu-se e fora aberta as revelando em seguida.


— E assim chegam as nossas empata foda — Eleanor murmura ao soltar um suspiro de pesar.

— ELEANOR! — a repreendo lhe batendo com o pano de prato.






***

Seis meses haviam se passado desde minha recuperação, mas minhas consultas e acompanhamentos continuavam sendo requeridas pelo médico e pela própria Eleanor que fazia questão de levar-me todas as vezes.


— Você vem respondendo muito bem a recuperação, parabéns — Doutor Felipe anotava mais alguns suplementos e vitaminas necessárias para ajudar meu imunológico — Se no próximo mês não apresentar mais nenhum incomodo, estará livre de nós — sorriu junto a mim.

— Obrigada, Doutor.


Felipe é um ótimo fisioterapeuta, indicado por Ricardo a nós. Sua ajuda na recuperação de meus movimentos fora excepcional, no terceiro mês já conseguia fazer grande parte das coisas sozinha. E o mesmo processo foi feito com a fonoaudióloga e terapeuta, que  deram carta branca para minha liberação também. Era uma felicidade que não cabia em mim, finalmente estava livre de tudo isso.

Após as consultas, Eleanor me levou para caminharmos um pouco na praia de Copacabana. Já entardecia e o sol estava se pondo no horizonte numa coloração alaranjada linda, a praia ia se esvaziando aos poucos.

Sentamos num quiosque vazio e saboreamos uma água de coco, Eleanor parecia pensativa e distante ao mesmo tempo a mirar as ondas que se formavam no mar – algo a encabulava – Conhecia aquele olhar e feição. Suas mãos trêmulas tocaram a minha, e por fim, ouvi seu soluço baixo.


— Eleanor? — largo o coco e viro seu rosto em minha direção, enxugando suas lágrimas — O que houve?

— Não é nada — busca alguns guardanapos e termina de secar suas lágrimas — Eu... só estou feliz, só isso — seu sorriso aqueceu meu coração — É que... é como se um filme passasse na minha cabeça agora — volta a entrelaçar nossas mãos.

— Eu sei, depois de tudo que passamos — sorrio compreensiva — Nem parece que é real.

— A gente vai ficar bem, né?


Contemplei-a por segundos. Tinha algo no seu olhar que carregava mais do que aquelas palavras e dúvidas. Seu toque no meu rosto me arrepiou, e ela o virou até que ficássemos face a face.


— Vamos sim, meu bem — meus olhos lacrimejam e sem me importar com mais nada a beijo suavemente.


O silêncio se estabeleceu por um período curto de tempo, era como se fosse um momento de reflexão e quando nos encaramos novamente, naquela troca de olhares, sentimos alívio, pela primeira vez juntas. É notório o quanto nos amamos, o quanto prezavamos por esse momento de resoluções em nossas vidas, sem casos mal resolvidos e perturbações em nosso convívio social.

Finalmente após todo esse caos, haviamos encontrado nossa redenção. E diante daquela conexão, juramos na presença do mar e estrelas a aproveitarmos o máximo e a viver um dia de cada vez...



Continua...

Capituluzinho mais curtinho e soft, porque o penúltimo que já está quase finalizado tá a própria a música unholy do Sam smith 👀🤭

Enfim, até semana que vem safadinhxs 😙

Save Me (Romance Lésbico) - REVISÃO Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang