12- Seu Pai

862 100 8
                                    

Assim que desci as escadas larguei o papel com o aviso na mesa da cozinha. E então, passei pela porta, indo direto para o portão da casa de Marilia.

Vendo a mesma vir na minha direção.

- Fiquei feliz que você veio - Ela falou enquanto destrancava o portão.

- Abre isso logo, eu estou com frio.

-Eu estou abrindo, calma - A mesma falou, e assim que abriu o portão se pronunciou novamente - Vem.

Ela pegou minha mão assim que trancou de novo, me guiando para dentro de casa.

-Eu trouxe outra pantufa de bichinho das minhas,tira o teu sapato e já coloca, para ficar quentinha.

-Não precisa, Marilia.

- Coloca, vai esquentar mais.

Apenas a olhei, balançando a cabeça. E então, colocando em seguida.

Vendo a mesma ir em direção a sua cozinha.

- Quer ajuda? - Perguntei assim que entrei na cozinha poucos minutos após ela.

- Não precisa, só me faz companhia enquanto eu faço o chocolate. E pode ir falando se quiser.

- Sobre?

- Sei lá, sobre qualquer coisa. Mas antes de eu fazer, você não é intolerante a lactose? - Apenas neguei - Perguntei pois caso seja eu uso leite sem lactose que tem, meu padrasto só bebe esse.

- Padrasto? Está brincando, ele não é seu pai?

-Não, pensei que estivesse óbvio isso - Ela me olhou.

- Nossa, perdão. Mas eu achei você muito parecida com ele, até os costumes de fala dele você tem.

-Não, isso já se chama convivência, quanto mais se convive com uma pessoa mais você pega as manias dela.

- E que manias você pegou dele?

- Bom, como você notou, algumas coisinhas que ele fala eu peguei o costume de falar também. Assim como a mania de colocar a mão no bolso da calça quando estou com vergonha.

Sabia, eu tinha certeza que ela fazia aquilo quando estava com vergonha.

- Aliás, são... - Ela contou nos dedos rapidamente - Cinco anos de convivência, ele me aturou basicamente grande parte da minha adolescência.

-E seu pai? - Perguntei.

- Meu pai... Ele faleceu quando eu tinha quinze anos... - Ela falou enquanto pegava algumas coisas no armário - Num acidente de caminhão - Marilia basicamente sussurrou - Desculpa, mas e-eu não gosto de falar sobre isso...

-Tudo bem, não precisa falar - Me aproximei, tocando nas suas costas - Desculpa tocar nesse assunto.

- Tudo bem, você não tem culpa por querer saber. Eu só... não sei, me dá um negócio estranho falar sobre ele.

- Não precisa falar, ok? - Deixei um beijo na sua cabeça - Faz o chocolatezinho aí e vamos falar sobre qualquer outra coisa.

Ela apenas concordou, sorrindo sem mostrar os dentes.

Enquanto eu estava completamente sem graça por ter tocado nesse assunto, não pensei que poderia mexer com ela mesmo depois de tantos anos.

Porém, eu estava enganada, e pude notar que ela havia ficado mais tristinha.

- É... Sua mãe não se importa por eu estar na sua casa fazendo barulho essa hora? - Sei lá, eu somente queria entrar em outro assunto.

- Nós não estamos fazendo barulho, eu apenas quero um chocolate quente - Ela respondeu, mantendo seu foco nas xícaras - Mas ela não se importa, pode ficar tranquila.

A mesma terminou de fazer tudo em minutos, arrumando as coisas e então, subimos em direção ao seu quarto.

[...]

Amor de Inverno |adpt malilaOnde histórias criam vida. Descubra agora