Capítulo 99

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|| Maitê Mendonça Albuquerque ||

Me sentei na areia da parte mais afastada da praia e fiquei olhando pras ondas do mar.

- Cê tá melhor?- o Richard perguntou sentando no meu lado

- Um pouco. - mumurei virando o rosto pra ele

- Pode me falar oque aconteceu lá na sala de interrogação pra cê sair daquela forma?- ele perguntou calmo

- Eu falei com a menina.- falei sentindo a brisa do mar no meu rosto

- Cê sempre fez isso e nunca ficou dessa maneira. - ele falou simples

- É complicado, com ela é diferente sabe?- falei gesticulando

- A menina falou oque ela sofreu?- o Richard perguntou e eu concordei

- O nome dela é Catarina e ela foi...- suspirei e olhei pra ele- Foi estrupada pelo próprio irmão.

Virei meu rosto pro mar e ouvi o Richard respirando fundo.

- Como uma pessoa pode ser capaz disso e mais com a própria irmã?- ele falou indignado- Esse cara merece mofá na cadeia.- concordei com a cabeça- Mas eu ainda tô tentando entender porque cê ficou tão eufórica. Claro que isso é uma história horrível, mas tu nunca ficou nesse estado que tu tá agora.

- Tem uma coisa que eu nunca contei a ninguém, contei ao meu irmão e as meninas, mas só eles sabem. - mumurei fechando os olhos

- Que coisa é essa?- o Richard perguntou sem entender

- É que quando eu terminei meu namoro com o Enzo, duas semanas depois eu fui em uma balada me destrair.- olhei pra ele e vi que o mesmo me olhava atento- Nessa balada eu conheci um cara, a gente conversou e bebeu, mas teve uma hora que eu aceitei ir embora com ele e ele...- mordi meus lábios- E ele me estrupou, eu pedia pra ele parar e o mesmo só continuava.

Terminei de contar toda a história com lágrimas nos olhos e o Richard me olhava supreso ou com pena de mim.

- Maitê, eu nunca pensei que cê tinha passado por esse absurdo...- ele falou saindo do transe e me puxou pra um abraço- Eu sinto muito por isso.

Apertei mais o abraço e deixei que caísse mais algumas lágrimas, ele se separou do abraço e limpou minhas lágrimas com os dedos.

- Eu me senti tão fraca Richard. - mumurei- Poxa, eu sou uma policial e faço de tudo pra acabar com essas violências e fui violentada.

- Para de falar isso, eu não vou permitir que você fale isso mais uma vez. - ele falou segurando meu rosto e eu abaixei minha cabeça- Olha pra mim, Maitê- levantei o meu olhar pra ele- cê não tem culpa do que aconteceu, sim você é uma policial, mas isso não te impede de ficar livre das maldades desse mundo. O culpado é ele, ele quem tem que apodrecer na cadeia e sofre em dobro oque ele fez os outros passarem.

- Eu sei, mas é difícil não se culpar- funguei- se eu não tivesse ido pra aquela balada, talvez isso não teria acontecido.

- Você tinha que se divertir e isso não acontece só na balada e sim na própria casa, como o caso da Catarina. - concordei limpando minhas lágrimas e ele depositou um beijo na minha cabeça

Suspirei me sentindo melhor com o apoio do Richard e fiquei mexendo com o meu dedo na areia.

- O irmão da Catarina, foi ele quem me abusou. - falei umedecendo meus lábios

- Tem certeza disso?- ele perguntou supreso

- Sim, ela me mostrou uma foto dele e eu reconheci ele na hora. - falei calma

- Cê vai fazer um boletim de ocorrência?- ele perguntou e eu fiquei um pouco pensativa

- Eu não sei, acho que ainda não tenho coragem pra isso- suspirei- mas eu vou fazer de tudo pra o Henrique pagar cada sentavo do que ele causou a gente.

- E eu vou te ajudar a encontrar e prender esse filho da puta- o Richard falou me abraçando e eu sorri fraco.

- Vamo voltar pra delegacia, ainda tenho que falar com o Romeu. - falei calma

- Cê tá bem pra voltar?- ele perguntou preocupado

- Tô sim.- falei me levantando e o mesmo concordou- E obrigada por ter me escutado desabafar.

- É nós pra tudo, Mai.- sorri e peguei meu tênis na areia

Caminhamos de volta até o carro e entrei no mesmo limpando meus pés da areia. O Richard me ajudou a calçar meus tênis e depois ele entrou no carro dando partida pra delegacia.

[...]

Bati na porta da sala do delegado e abri a mesma, ele me olhou e eu entrei na sala.

- Oi Maitê, como você tá?- ele me perguntou e eu sentei na cadeira- Soube que você passou mal.

- Coisas da gravidez, mas eu estou melhor, obrigada.- falei e ele sorriu- Eu consegui falar com a menina.

- Que ótimo, oque ela te contou?- o Romeu perguntou se ajeitando na cadeira

- O nome dela é Catarina e ela é abusada pelo próprio irmão desde os 14 anos.- falei e ele me olhou preplexico

- Minha nossa, que calúnia!- ele falou colocando a mão na boca e eu assenti- E os pais da menina?

- A Catarina me falou que eles trabalham muito e agora eles estão em outra cidade à trabalho.- suspirei- Eles são ausentes e nunca desconfiaram de nada.

- Então você irá falar com eles agora e contar tudo, a Catarina precisa do apoio dos pais- ele falou e eu concordei- e peça a ela o endereço da casa dela.

- Pode deixar delegado. - falei me levantando e o mesmo assentiu

Saí da sala do Romeu e caminhei até o corredor, peguei um copo descartável e coloquei água no mesmo. Depois de descartar o copo, caminhei até a sala de interrogamento.

Tenho muito trabalho pela frente!

Sempre Foi Você...Where stories live. Discover now