"Dominó havia o tornado invisível." W.W.

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Wade não se lembrava muito da semana que passou trancado dentro do seu apartamento.

O lado ruim de ser um demônio da luxúria definitivamente eram os ciclos de desejo, Wade os odiava por ficar uma semana inteira trancado dentro de um ambiente fechado tentando controlar seus próprios desejos.

Em parte, ele passava a entender porque muitos demônios da casa da luxúria viviam visitando casas noturnas ou oferecendo seus dons para levarem os outros ao ápice do prazer. Não era somente vantajoso para os outros, mas se abastecer de luxúria era como uma droga viciante demais para parar de se pensar nela.

O garoto havia provado um pouco da força vital do namorado e agora, simplesmente não conseguia parar de pensar nisso. A força com que seu corpo parecia ter sido abastecido, de um momento para o outro, Wade se sentiu mais invencível do que sequer havia imaginado ser possível.

Por maior que fosse sua carga de experiência antes de ter Peter, Wade podia afirmar que ninguém o havia preenchido dessa forma. Talvez fosse a força particular dos anjos, ele não sabia explicar, mas ao fim, tudo realmente se resumia ao poder.

Quem tinha poder sempre estava de pé no tabuleiro.

Quando a névoa de desejo pareceu abaixar de sua mente e dos seus olhos, Wade se encontrou enrolado em um manto fino no seu sofá. Não tinha ideia de há quanto tempo estava ali, mas podia sentir que já não bebia água a algumas horas, pois sua garganta estava mais seca do que o deserto do Saara.

O loiro respirou fundo, sentindo todos os seus músculos arderem pela quantidade excessiva de exercícios que o mestiço fazia para gastar a energia que tinha durante o ciclo. Por serem suas primeiras vezes e, ao optar por ficar sozinho e não machucar ninguém, Wade precisava gastar todo aquele desejo em algo e, normalmente, quanto estava ciente suficiente do que fazia, ele se jogava no chão e começava a fazer repetidas flexões ou ficava de cabeça para baixo em seu poste de pole-dance e abusava de abdominais até que seu sangue estivesse bombeando em suas orelhas.

Com as asas se esticando, Wade se levanta pela primeira vez e começa a se alongar, quase tocando o teto com as mãos ao se espreguiçar. Quando seu corpo relaxa, seus instintos soam em sua mente, é algo fraco e quase imperceptível para qualquer outra pessoa, mas não para Wade. O oponente não tem sequer chance de fugir quando seus olhos se cruzam com o azul assustador de Wade o encarando.

— Bob. - Wade vocifera segundos antes do demônio tentar parar de espiar pela pequena fresta criada na parede da cozinha, logo abaixo de um dos armários.

Num piscar de olhos, Wade se teletransporta para a cozinha e sua mão atravessa a parede com facilidade, agarrando o demônio do outro lado pelo pescoço. A aura a sua volta se tingindo de vermelho carmesim, enquanto outros dois olhos crescem em seu rosto, completamente obscuros como uma obsidiana.

Sua mente computa todos os momentos que já passou naquela sala de estar e como todos os que Peter estava presente se sobressaiam. Desde quando aquela rachadura existia? O que Bob tinha sido capaz de ver e ouvir? O peito de Wade infla com ódio, querendo retirar todo o ar dos pulmões do seu vizinho. Ele era uma ameaça.

Seus dedos, cheios de energia demoníaca, sufocam ainda mais o demônio.

— W-a-y. - O demônio usualmente roxo, já se encontrava mais arroxeado do que o normal.

Há uma movimentação no apartamento de Bob, alguém parece cair e bater a porta com força. Wade espera que comecem a bater em sua porta, porém ele pode ouvir os passos correndo para os andares debaixo, buscando ajuda. Quem quer que estivesse com Bob, teria que ser muito rápido se quisesse salvá-lo.

— O.que.você.estava.fazendo? - O mestiço questiona palavra por palavra, sua mente retorna para tudo o que ele já havia feito naquele quarto.

Ele tinha certeza que esse trinco na parede não existia a uma semana atrás.

Soulmate - SpideypoolDove le storie prendono vita. Scoprilo ora