Capítulo 4: - Fuscus -

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Caminhava ao lado de Monaurum pelas ruas ladrilhadas, enquanto a fraca iluminação dos postes se misturava com a amena neblina, criando uma atmosfera silenciosa que parecia esconder segredos. Um clima de suspense pairava no ar, aumentando a sensação de mistério a cada passo que dávamos.

Sob o vasto céu noturno, que abrigava a lua e as estrelas, eu me sentia pequeno e insignificante. Diante da grandiosidade do universo, eu me questionava sobre a minha relevância. Ao longo de toda minha existência consciente, busquei respostas sobre mim mesmo, mas será que o universo guarda segredos grandiosos demais para serem compreendidos?

Uma brisa suave passava por mim, fazendo com que cada fio de cabelo se movesse lentamente. Perdido na contemplação das cores vibrantes que enfeitavam o céu noturno, eu me deixava levar por aquele espetáculo celestial.

De repente, um aroma doce invadiu minhas narinas, originado por um jardim de álissos que se encontrava na janela de uma casa próxima. A fragrância desencadeou uma enxurrada de emoções, evocando uma sensação de nostalgia misturada com carinho. Era como se aquele perfume me transportasse para um lugar distante, repleto de memórias e sentimentos entrelaçados.

Uma memória se formou diante de meus olhos, revelando a imagem de uma jovem de cabelos níveos. Ela segurava uma flor de álisso com ambas as mãos, estendendo-a na minha direção enquanto sorria. Aquele sorriso irradiava uma alegria sincera, capaz de tocar meu coração. Seu vestido púrpura esvoaçava ao vento, decorado com detalhes em tons de violeta. A cena era uma tela viva de beleza e graça, mas, curiosamente, o rosto da jovem permanecia borrado em minha mente. A única imagem nítida era o seu sorriso, gravado na minha memória como uma lembrança preciosa que se recusava a desvanecer.

À medida que a memória se esvaía, lágrimas inundaram meus olhos, mesmo sem eu entender completamente o motivo. Minha expressão permanecia imutável enquanto cada gota salina caía, como se meu corpo reagisse a uma tristeza profunda que minha mente não conseguia compreender. Era como se minha alma soluçasse em resposta a algo que estava além do alcance da minha compreensão.

Monaurum, sempre atento, demonstrava sua preocupação subindo pelas minhas pernas e tentando chamar minha atenção com seu comportamento afetuoso.

Hã?... *Snif*... Não se preocupe, Monaurum... *Snif*... eu estou bem, obrigado por se importar. — Minha voz saiu embargada, enquanto eu acariciava suavemente a pelagem de Monaurum para tranquilizá-lo. Era um gesto simples, mas significava muito naquele momento de emoções profundas.

De repente, uma sensação de ser observado toma conta de mim, rompendo a tranquilidade que antes pairava no ar. O ambiente calmo desaparece, dando lugar a uma atmosfera tensa de suspense. Um vulto escapa por entre as sombras, chamando minha atenção. Instintivamente, viro-me bruscamente em sua direção.

Monaurum, vamos embora rápido. Não estamos seguros aqui.

Pressiono o passo e começo a caminhar apressadamente em direção à taberna de Helke. No entanto, o vulto parece persistir, surgindo em ângulos diferentes e brincando com minha percepção. A sensação de estar sendo observado só aumenta, fazendo-me virar repetidamente em busca da fonte do desconforto. De repente, passos ecoam atrás de nós, ecoando no silêncio da noite.

Uma lança rasga a névoa densa e se projeta em minha direção, cravando-se em meu manto e na parede próxima, me prendendo momentaneamente.

Acertei! Sou incrível, não sou?

Uma voz confiante se faz ouvir, revelando a presença de uma mulher emergindo da neblina. Seus cabelos castanhos claros fluem até os quadris, combinando com seus olhos cor de mel.

O Conto de Alguém Sem NomeWhere stories live. Discover now