Chapter 3

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Por que estamos fazendo isso mesmo? — Addison estava tão sem fôlego que mal conseguia falar, mas continuou se movendo. Sabia, por experiência própria, que se parasse, seria duas vezes mais difícil recomeçar.

Ao seu lado, Callie flutuava como se usasse patins. Havia uma clara diferença entre fazer treinos regulares e correr pela primeira vez em um mês.

Porque há outra garota rica querendo que você finja ser sua melhor amiga perdida e madrinha de casamento. Para cumprir com o desejo dos seus clientes, você precisa estar em forma. E gostosa. Ninguém quer uma madrinha de casamento gorda, quer?

Como a amiga conseguia conversar sem demonstrar que estava correndo durante os últimos vinte minutos?

Você está sendo gordofóbica — Addison falou, sem fôlego. À sua esquerda, o mar fazia o movimento de vai e vem. O céu estava cinza, com nuvens brancas esparramadas. Era igual a uma camiseta velha que havia manchado quando confundiu o alvejante com o tira-manchas, e agora só a usava quando ia limpar a casa. Ou seja, quase nunca.

Estou sendo realista. Mas talvez não seja bom ficar gostosa demais, porque as noivas não querem disputar atenção com a madrinha no dia do casamento. É um equilíbrio difícil, não é?

Addison ficou em silêncio. Principalmente porque estava sem fôlego.

Callie a olhou.

Você não está muito gostosa agora, com a língua para fora como se fosse um cachorro. Mas no geral, você é, sim. — Ela sorriu. — Você pode ser inspiração para noivas ao redor do mundo. Lembre-se das palavras de Kate Moss: nada no mundo é tão bom quanto estar magra.

Talvez eu deva desenvolver o hábito de cheirar cocaína para ajudar nessa empreitada.

Todas as suas clientes já devem ter feito isso.

Um vento frio soprou, quase roubando o ar de Addison. Elas estavam em maio, mas as estações não importavam na costa sul do Reino Unido. À beira-mar, todos os dias eram de vendavais. Ela avistou o Walton’s, o café que indicava a metade do caminho que tinham a percorrer. Era o ponto onde elas viravam e voltavam para casa. Mas hoje, com o sol lutando para aparecer e as nuvens ameaçadoras, a ruiva queria um descanso. Conforme se aproximaram do café de paredes brancas e madeira velha, ela piscou para Callie.

— Vamos parar para um café? — Addison colocou as mãos na cintura — Estou com um músculo repuxando e não dormi direito ontem. Deve ser pela adrenalina acumulada do mês passado. O que acha? Posso voltar devagar?

Callie olhou para ela por um instante antes de assentir.

Desde que a gente continue a corrida até chegar em casa.

Juro pela minha vida. — Mas Addison estava com os dedos cruzados.

Elas entraram no café, e Callie foi direto ao banheiro. Montgomery pegou um espresso com leite vaporizado para cada uma, então se sentou perto da janela com vista para o mar. O lugar cheirava a bacon frito e linguiças, e seu estômago roncou. Mas não podia ceder aos desejos. Mesmo sabendo que era errado, Callie havia dito uma verdade: precisava cuidar da aparência.

Não seria menos competente se estivesse fora de forma, mas seus clientes exigiam que se encaixasse em um padrão. A ruiva conhecia bem o mercado em que estava inserida.
Callie se sentou do lado oposto, com o cabelo escuro e longo, e olhos castanhos escuros brilhando como sempre. A amiga era aquele tipo de pessoa que vivia feliz. Ela bebeu o café antes de falar.

Como foi o fim do evento? Nem conversamos direito ontem à noite. Alguma história interessante para contar enquanto eu estava me certificando de que não falte calcinhas no país?

Antes que você diga sim • Meddison Onde histórias criam vida. Descubra agora