018. Tempo de Agradecer?

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Quando Chrissy Cunningham abriu seus olhos, ela sentiu um misto de emoções estranhas. Ela estava atordoada sobre tudo o que havia acontecido anteriormente, tudo parecia um borrão para ela... E quando ele adentrou o quarto de hospital, ela sentiu que algo muito estranho sobre ele havia acontecido.

Eddie Munson estava terrivelmente cansado e com uma aparência terrível. Mas ele fez seu melhor em olhá-la o mais terno possível, os olhos inchados de tanto... Chorar? Eddie havia chorado.

— Hey, esquisitão... — ela saudou, feliz em vê-lo. Sua voz era fraca, seus movimentos mais ainda. Eddie sorriu o melhor que pôde.

— Hey, Cunningham... — ele sorriu, aproximando-se da cama, rodeada de balões e flores. Chrissy, definitivamente, odiava hospitais. — Você deu bastante dor de cabeça, hein?

Ela sorriu, o melhor que pôde.

— Eu soube. Como você está? Não tem dormido direito... — ela comentou.

— Não — admitiu ele, sentando-se na cama em seguida. Alcançando a mão da garota e a apertando de forma suave. — Mas o que eu não dormi, você dormiu.

A garota rompeu em uma risada engasgada, de forma quase estranha.

— Assim eu soube... Estive alguns dias apagada. — ela apertou a mão de Eddie o melhor que pôde. Ele sorriu para ela, terno. Parecia que estava pisando em ovos para dizer-lhe qualquer coisa. — Onde está Jason?

Então ela se lembrava... Aquilo trouxe um aperto ruim no peito do moreno. Como ele contaria para ela que ele havia se matado? Suspirou.

— Jason teve um destino diferente do seu — ele disse, de forma cautelosa. — Ele acabou se matando após tentar matar você... Aquele...

Ele não completou. Não precisava. Ela sabia bem o que Eddie pensava sobre Jason. E houve um breve momento em que ela quase ficou feliz em saber o resultado. Mas, no fim, pobre Jason. Enlouquecido.

— Oh... —foi tudo o que ela disse.

— Está tudo bem, Cunningham. Eu sinto muito. — ele se abaixou, para que assim pudesse beijar a testa da garota. Existiam tantos sentimentos preenchendo o rapaz, mas nenhum deles saiu, exceto a ternura de seu beijo. Chrissy sorriu com a carícia. Parecia que tudo ficaria bem agora... Eles enfim poderiam ter questões juvenis para tratar, como qual faculdade a garota iria. Não mais como ela sairia de um lugar com medo de Jason aparecer.

Ele já não estava mais ali.

[...]

Chrissy Cunningham saiu alguns dias após do hospital. Retornar para casa era estranho... todos ali tratavam-na como uma boneca na qual poderia ser partida a qualquer instante. Até mesmo Eddie. Ele rondava ela, como se aguardasse a qualquer instante que a mesma chorasse ou tivesse qualquer surto. Mas ela se sentia bem...

Bem, existiam momentos em que tudo o que a garota queria era se aninhar na cama e se esconder do mundo, mas sabia que não podia.

A Ação de Graças não tardou a chegar. Chrissy soube exatamente pelo o que agradeceria este ano: por estar viva.

Quando sua mãe postou a mesa, trouxe Perú e purê de batata doce, tudo deliciosamente bem posto. E quando Chrissy olhou para seu irmão, soube o quanto estava grata em estar viva. Ela conseguiria vê-lo se formar, namorar, conseguiria até mesmo ver seu pequeno irmão ingressar, quem sabe, no Hellfire com os meninos que sempre estavam recrutando crianças deslocadas.

— Acho que temos que fazer nossos agradecimentos, certo? — a voz de Phillip soou e Chrissy sorriu para o pai. Pobre sr. Cunningham, havia descoberto coisas horríveis sobre a filha e ainda assim a amava incondicionalmente.

Os Lábios de Vênus (Eddie & Chrissy)Onde histórias criam vida. Descubra agora