Capítulo 7 - Tempestade

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Eu não sei dizer exatamente o que aconteceu comigo, porque eu não reagi, ou pior porque eu concordei com a mentira.
Anne deve me odiar agora e não a culpo, até eu me odeio. Eu deixei ela sozinha, na berlinda. Sheila não poupou ofensas a Anne, eu ouvi e me acovardei, o medo de decepcionar meu pai foi maior que o meu caráter. Eu sou uma vergonha, eu me odeio. Não consegui prestar atenção em nada da aula, só pensava em Anne e no quanto eu queria falar com ela. Corri até a casa dela antes da última aula, não queria topar com Sheila ou com nenhum dos meus amigos idiotas. Eu só queria falar com Anne.
Ainda era cedo pra ela estar no trabalho então arrisquei indo até a casa dela, ela não estava, então acabei indo até a cafeteria onde ela trabalhava. Eu cheguei e a vi atendendo uma mesa, olhos inchados, com certeza chorou.

- Anne.. eu..

- Vá embora. -Ela nem me olhou e já deu as costas.

- Espera. - Segurei no seu braço na esperança que ela me ouvisse pelo menos.  - por favor Anne. Eu quero falar com você.

- Você é surdo? ME SOLTA!

Nesse momento alguns clientes olhavam pra nós, acho que pensaram que eu era algum tipo de tarado. Decidi me afastar.

- Por favor me escuta eu tô implorando.

Ela deu as costas e foi em direção a cozinha, parecia não me ouvir.

- EU NÃO VOU SAIR DAQUI, ATÉ FALAR COM VOCÊ!  -Gritei desesperado no meio da cafeteria, todos me olharam assustados. Pelo menos serviu pra ela parar e me olhar.

Ela suspirou fundo, pude ouvir do outro lado do salão que ela estava querendo me matar, ela foi até mim com um copo de café quase pela metade na mão.

- Eu quero que você morra.

E dizendo isso jogou o café na minha cara, sem pensar duas vezes. Ouvi um suspiro geral, todo mundo parou na hora. O gerente apareceu do outro lado do balcão e veio correndo até nós.

- Pelo amor de Deus, o que está acontecendo aqui?

- Não é nada demais Senhor Mendes. Não é, Julian?  - Disse Anne com mais ódio na voz do que tudo.

- Não é nada demais.  - Eu disse, pra que ela não se complicasse mais.  - A gente só tava conversando mais acaloradamente. Graças a Deus o café está frio.

- Senhorita Maddison, venha comigo. - Disse o gerente indo pros fundos da cafeteria seguido por Anne.

Decidi ir no banheiro lavar o rosto e me secar, quando sai Anne estava no balcão, ela me olhou, foi até mim, segurou minha mão e me puxou pra fora da cafeteria. Fomos pra um beco do lado e ela antes mesmo de eu começar a falar ela falou com voz raivosa.

- Meu chefe me deu 10 minutos pra eu conversar com você e resolver os meus problemas pra voltar ao trabalho. Graças a Deus eu não preciso de tanto tempo, porque o que nós tínhamos acabou. Acabou quando você me fez passar por louca, por mentirosa, por aproveitadora. Acabou quando você não me defendeu, não me protegeu. Você me viu ali no meio de todo mundo, sendo humilhada e você não fez nada.. NADA Julian. Você é um covarde, não é o homem que eu achei que fosse.  Você me decepcionou demais.

Eu tentei falar alguma coisa, mas oque eu poderia dizer. Ela tava certa. Eu era um covarde.

- Você está totalmente certa. Eu sinto muito mesmo ter magoado você.

- Não, você não sente. Mas vai sentir. Um dia.. você vai sentir.

Anne deu as costas pra mim e saiu voltando pro café, naquele momento eu me senti um lixo, ou pior do que um lixo eu me senti eu mesmo.

* CONTINUA *

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