Audácia🔥

01 - Teste De Aptidão

Disseram que a guerra foi feia, os que sobreviveram tiveram que se adaptar a uma vida nova, nossos fundadores construíram um muro em volta da cidade para nos proteger, eles nos diviram em cinco grupos "facções" para manter a paz, cada um sabia o seu lugar e todos viviam sobre regras. Os inteligentes, os que valorizavam o conhecimento e a lógica ficavam na Erudição. A Amizade cuidava da terra, eles eram responsáveis pela comida e eram felizes, muito felizes. A Franqueza te diziam a verdade mesmo quando você não queria ouvir, a Abnegação cuidava dos pobres e daqueles que não tinham quem os ajude, os chamados sem facção e tinha a Audácia, eles eram nossos soldados, nossa polícia. Sempre os via correndo pela cidade, livres. No figurado, porque enquanto estivermos nessa cidade ninguém será livre de fato.

Eu sempre fui diferente apesar de ser da Abnegação. Minha tia sempre dizia que era perda de tempo sair da minha facção, que éu era boazinha demais e que isso seria um problema. Eu nunca liguei pra isso, desde que meus pais morreram passei a conviver com ela, mesmo sendo de facções diferentes mantinhamos um bom relacionamento. Eu a odeio mas tento não demonstrar isso na frente dela, e o único motivo de éu ainda aturar ela é pelo fato dela ser a líder da Erudição.

Acordo cedo, tomo um banho, visto minhas roupas da Abnegação, faço minha refeição e sigo para o lugar onde seria realizado o teste de aptidão. Primeiro fomos recebidos pela minha tia e pelo líder da Abnegação, eles fazem uma breve recepção, explicando a importância das facções e como o teste era fundamental para descobrir nossa verdadeira vocação.

Depois fomos mandados para uma sala, assim que fui chamada entrei na mesma, havia uma mulher da Audácia, ela prepara a máquina e pede que éu senti em uma cadeira, ela pega um vidrinho com um líquido azul dentro e manda que éu beba tudo. Engoli o líquido estranho e num piscar de olhos a mulher havia sumido, eu estava dentro de uma sala cheia de espelhos, olho ao redor e vejo duas tigelas, uma com a faca e a outra com um pedaço de carne, uma voz dizer pra mim escolher um dos objetos mas eu fico confusa e demoro responder, quando olho as duas tigelas haviam sumido e aparece um lobo enorme na minha frente, rosnando e vindo na minha direção, por intuição me jogo no chão em forma de submissão e logo fica dócil, sorrio aliviada mas logo percebo uma garotinha do outro lado.

- Cachorrinho. - diz a garota.

- Não! - grito. O lobo começa a rosnar pra ela, percebo que ele vai atacá-la e me desespero. - Fuja!

O lobo começa a correr atrás da garotinha para atacá-la, fico sem saber o que fazer mas sei que tudo aquilo não era real, então corro na direção do lobo e o agarro, nós dois caímos, o teste muda e ágora estou dentro de um ônibus, a um homem vestido de trapos velhos e com um jornal na mão, ele olha pra mim como quem precisa da minha ajuda.

- Você conhece o homem dessa foto? - ele pergunta sério, olho pra foto, me recuso a ajudá-lo. - Responda! - ele insiste quase gritando.

- Não, éu não o conheço. - ele se levanta da cadeira e vem em direção a mim.

- Você está mentindo! - ele fala, olho seriamente pra ele, e tenho não deixar transparecer que estou assustada.

- Já disse que não! - respondo firme.

- Se você soubesse quem era esse homem, iria me ajudar. - ele explica com tristeza.

- Sinto muito. - digo com um aperto no coração. - Queria muito poder ajudá-lo mas não conheço esse homem. - minto e ele assente de cabeça baixa. Sinto uma ventania passar rapidamente sobre meus cabelos fazendo-me virar o rosto e acordo na sala de teste.

- Isso não é bom. - a mulher que aplicou meu teste de aptidão diz assustada.

- Que foi? - pergunto apreensiva.

- Seu teste foi inconclusivo. - ela diz e éu sinto minhas mãos suarem. - Vou ter que fazê-lo manualmente.

- Inconclusivo. O que isso se significa? - pergunto aérea e ela suspira.

- Significa que você é uma divergente. - ela diz friamente e posso ver meu mundo desmoronar. O que éu mais temia aconteceu, não á nada pior do que isso, ser classificado como um divergente, minha tia odiava pessoas assim e com certeza ela não ficaria nada feliz em saber que éu era um deles.

- A minha tia vai me matar. - digo apreensiva pensando no que a minha tia seria capaz de fazer comigo se descobrisse.

- Não se preocupe. Eu mudei seu teste para Abnegação porque é isso que você é, ninguém saberá. Apenas matenha segredo e se alguém perguntar minta.

- E o que éu faço ágora? - pergunto.

- Vai pra casa, sai pelas portas dos fundos. E se perguntarem, diga que te liberei mais cedo porque você passou mal. Entendeu? - balanço a cabeça positivamente. - Vá logo antes que te peguem. - ela diz referindo-se aos supervisores que estavam rodando pelos corredores.

Levanto da cadeira, me despeço dela e retorno pra casa discretamente, chego em casa e vejo a porta do laboratório da minha tia aberta. Ela estava testando mais uma de suas fórmulas, encosto no batente da porta e ela conversa sem ao menos olhar pra mim.

- Já chegou. - ela diz.

- Me liberaram mais cedo. - minto.

- E então, Erudição? - ela pergunta enquanto prepara um de seus soros.

- Não. Audácia. - minto.

- Que pena, esperava que fosse pra Erudição. - diz desapontada. - Mas não é tão mal assim, futuramente algumas coisas irão mudar, ficarei mais tranquila em saber que você estará a salvo.

- É né quem sabe. - cruzo os braços analisando sua reação.

- Ainda dá tempo de mudar de idéia se quiser. - ela vira pra mim com um sorriso e larga suas coisas vindo até mim. - No tempo que estamos, é essencial que fique ao meu lado. - ela diz segurando meus ombros.

O que ela quis dizer de verdade era que éu estaria sempre ao lado dela já que ela era minha tia mas isso iria mudar. Jeanine não era uma pessoa má, pelo menos não na minha frente. Ela só era controladora demais e isso era um problema, sendo a lider da Erudição ela se tornou insuportável. Ela começou a usar sua inteligência e o poder ao seu favor para usufruir da ingenuidade das pessoas e isso me irritava.

- Eu preciso dormir pra cerimônia de amanhã. Estou muito cansada, tia. - digo e sinto seus braços me abraçar carinhosamente.

- Está bem! Pode ir. Nos vemos amanhã. - ela me solta e encara meu rosto, dá as costas e volta pra suas coisas.

Eu subi para o meu quarto, mas depois de um banho presumi que não conseguiria dormir tão cedo, estava muito nervosa com a escolha que éu iria fazer. A ansiedade me dominava de tal forma que éu não conseguia nem ficar parada. Andava de um lado pro outro no quarto, até parar de frente pro espelho, nós da Abnegação rejeitava a vaidade mas não posso negar, minha beleza era única, meu cabelo longo, preto, ondulado, o corpo encurvado, lábios rubros e olhos escuros chamavam a atenção por onde éu passava, mas éu era obrigada a esconder toda essa beleza, por respeito a minha facção e por obediência a minha tia. Tia Jeanine me fazia viver com o cabelo escovado o tempo todo e usar uma maquiagem de vez em quando, ela achava as regras da Abnegação muito clichê. Éu não via nenhuma problema nisso, sempre achei legal da parte deles aceitar as pessoas do jeito que elas são. Então um estalo na mente, um sorriso travesso me apareceu e éu corri até uma prateleira no laboratório da minha tia, tinha certeza que ela guardava alguns objetos lá, peguei duas caixas de tinta preta azulado e uma tesoura. Essa seria uma nova éu, uma mudança radical e éu precisava disso, sentia uma sensação maravilhosa, uma adrenalina louca enquanto o fazia.

Corri para a pia após passar a tintura e lavei o cabelo, sentia a água fria caindo sobre as ondulações do meu cabelo e me senti ótima. Sequei com a toalha, peguei a tesoura e fiz uma franjinha, por último finalizei e sequei com o difusor. Olhei pro espelho e vi meu cabelo perfeito, meus olhos estavam cintilantes, éu estava a cara do meu pai e sei que ele estaria orgulhoso de mim. Confesso que essa drenalina toda me deixou exausta, finalmente o sono venceu e éu pude descansar.

- Amanhã será um grande dia. - sorrio confiante enquanto fecho os olhos.

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Personagens principais:

Dakota Johnson é Stella Harmon
Alex Hogh Andresen é Luan Prior