Capítulo 26

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Faz algumas horas que Lia e Félix partiram. Já é tarde da noite e ainda estou assombrada com as revelações. Todo esse tempo nós estávamos enganados. Pensamos que o Félix era um grande trapaceiro, quando na verdade Donana, a mãe que Heitor tanto defendia estava por trás de tudo de ruim que aconteceu em nossas famílias. Ela é uma mulher ardilosa.

Heitor, não diz nada, mas sei que está sofrendo, pois acreditava que sua mãe sofria nas mãos do seu pai. Eu não entendo como alguém consegue enganar a todos, por tanto tempo e com tanta facilidade. Até eu, que nunca a vi, ou conheci, sentia pena dela, pois imaginava que era como a minha mãe, uma mulher que teve ao seu lado um homem que não a valorizava e a maltratava.

Eu saio do banho e não vejo Heitor no quarto, pego o pequeno monitor da babá eletrônica e saio à sua procura. Passo no quarto da Geovanna, minha filha dorme serenamente, volto a fechar sua porta e atravesso o corredor até a sala, que está vazia, porém noto a porta de vidro que dá para o jardim aberta.

Com passos lentos caminho até a varanda e vejo Heitor sentado na cadeira, ele olha para frente e seus braços estão cruzados. Ele está tão absorto que nem sente minha presença.

Penso em deixá-lo sozinho, porém não posso. Eu sei que ele precisa de mim.

Eu me aproximo e paro ao seu lado, finalmente percebe que estou ali e olha para cima. Sua expressão de tristeza faz meu coração se apertar. Eu coloco o monitor em cima da mesa e me ajoelho ao seu lado, pondo minhas mãos em sua coxa.

— Heitor! Não fique assim... — sussurro.

Ele não se move e continua com o olhar perdido.

— Como não ficar Letícia? Essa mulher é calculista, fria e me enganou por uma vida inteira. E eu babaca, a defendia — explode e dá uma risada seca, cheia de mágoa. — Eu cheguei a chamá-la para morar comigo, sempre a julguei uma mulher injustiçada, e agora descubro suas armações, falcatruas... Eu sou muito idiota, essa é a verdade.

Eu ergo a minha mão e passo em seu rosto.

— Não diga isso, Heitor. Você não é idiota, qualquer filho tem confiança cega em sua mãe — acentuo e ele me olha. Vê o seu sofrimento me deixa incomodada. Eu dou um sorriso. — Eu sei que a decepção doe, mas ao menos temos a verdade.

Ele apoia os cotovelos em seus joelhos e entrelaça os dedos por detrás da sua nuca. Aproveito e passo minha mão por seus cabelos.

— O que me dói é que ela viu como fiquei quando afastei você. A minha mãe, era a pessoa que mais confiava, e por sua causa eu tomei a decisão de arrancar você da minha vida, Letícia. Eu sou um fraco, assim como o meu pai — murmura.

Eu me movo e fico em sua frente.

— Heitor, por favor, olhe para mim — peço. Ele levanta a cabeça, então pego suas mãos e seguro com força, seus olhos aflitos se encontram com os meus. — Você não é fraco, e nem de perto é como seu pai.

Ele me encara e admira meu rosto.

— Ao primeiro obstáculo eu terminei tudo com você, fui egoísta, pensei somente em mim e no meu orgulho ferido. Em nenhum momento te dei a chance de falar. Eu não vi você grávida, não vi minha filha nascer e tudo porque fui cego e idiota — exprime, sua voz soa estremecida. — Eu permiti que ela me enganasse, Letícia. Eu deveria ter sido mais esperto.

Eu respiro fundo e olho para ele com pesar.

— Não tinha como você saber, e além disso, nós nos conhecíamos havia pouco tempo, como poderia ter certeza de que eu era confiável? Ainda mais sendo filha do Ricardo — complemento e forço um sorriso.

Um CEO InesquecívelWhere stories live. Discover now