Capítulo III

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Pego em uma mentira
Por favor, me tire desse inferno
Eu não consigo me livrar desse sofrimento
Por favor, salve o eu que está sendo punido
Lie - Park Jimin
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O cheiro impertinente do sangue começava a transparecer no ambiente e Taehyung se sentia cada vez mais enjoado. Ele sempre fora sensível a odores e aquele cheiro forte em específico, o deixava embriagado.

A cena que teve ao abrir o porta malas o fez quase delirar de asco, teve que prender o lábio inferior entre os dentes para manter o controle e conseguir focar no escarlate predominante no carro. Jimin ao seu lado não estava diferente, a mão em frente a boca denunciava seu choque e a vontade quase incontrolável de colocar tudo que comeu para fora.

— Como pode ter tanto sangue? — indagou o ruivo com a voz falha.

— Ele cortou a jugular, e possivelmente cortou a veia carótida também...— Taehyung respondeu o garoto enquanto se auto perguntava como limparia tudo aquilo.

O olhar confuso que lhe foi lançado denunciava a próxima pergunta que Park se continha para não destilar. Mas ao contrário do esperado, ele manteve-se quieto enquanto observava Taehyung colocar as luvas calmamente e se prender aos produtos químicos.

O ambiente frio dava uma atmosfera mais tranquila, porém o ar parecia cada vez mais seco e a respiração falhada entre os espasmos de ansiedade que o humano sofria eram impertinentes. Nada explicava os pensamentos de Park, eram confusos, como linhas entrelaçadas por nós cegos e impossíveis de desatar. Perguntas vazias e escassas, que tinha mais medo da dúvida do que a resposta em si. Pra no final saber, que pouco importa o futuro que virá, pois mais uma vez estava no lugar errado, deixando que o vento levasse junto alguns segredos sujos.

Sem perceber estava sentado ao lado do carro, encolhido e tremendo. As pontas de seus dedos estavam tão gélidas quanto as gotas finas da chuva, mas as lágrimas delicadas e quentes mantinham uma temperatura amena em seu rosto.

Não sabia o motivo de estar chorando, nem o porquê se dispôs a ficar ali. Talvez fosse o sentimento estranho de pertencimento que o hipnotizava, ou o desejo lascivo de estar sempre escondendo algo. A ansiedade inebriante de um pecado obscuro o consumindo e ainda sim a confusão mental em si de não saber o caminho certo a seguir.

Sentiu uma mão tocar a sua, receosa e inerente. E então uma descarga elétrica passear por seu corpo, tão surreal quanto seus delírios, mas tão atrativo quanto o olhar que lhe era direcionado.

Ternura, foi o que sentiu de impulso que aquele ato demonstra. Os olhos cálidos de Taehyung aqueciam sua pele e pareciam se abrigar de alguma forma em sua mente conturbada.

— Você está bem? — a pergunta usual foi proferida com um ar de preocupação estranha, porém ainda sim, doce. Jimin, logo negou com os olhos marejados.

O ex-anjo não sabia explicar o cuidado que estava demonstrando para o garoto que mal conhecia, era como se desde que suas orbes se encontraram ele sentisse uma necessidade de o manter um pouco seguro.

Estranhava suas próprias atitudes e aquilo o tirava meramente do sério.

Levemente atordoado, Taehyung se levantou, ajudando o garoto em seguida. E em um ato impulsivo tocou em suas mãos, tão frias quanto gelo.

Resmungando abertamente, ele pegou um dos panos que usaria para limpar o carro e enrolou, aquecendo minimamente o humano.

— Tente se aquecer enquanto eu limpo a bagunça que seu amigo fez, não quero outro corpo para desovar. — disse tentando ser indiferente, voltando toda a sua atenção para o carro ensanguentado.

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⏰ Last updated: Nov 30, 2022 ⏰

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