Capítulo 2

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Eu dormia tranquilamente até que o maravilhoso cheiro de café da manhã me tirasse dos meus preciosos sonhos.

Um aroma realmente divino, pareciam ser panquecas e café, um café bem forte por sinal.

Olhei para o meu quarto, quase que completamente bagunçado, decidindo que tentaria o arrumar mais tarde.

Ah sim, um novo dia. Eu já podia ouvir os passarinhos cantando do lado de fora da sacada.

Ainda com sono, fui até o corredor para chegar na cozinha, mais conhecida como o lar da desgraçada criatura que me faz ter vontade de quebrar sua cara na base do soco todas as vezes em que o vejo na minha frente.

Me aproximei, de forma silenciosa, do ser maldito que cozinhava como um Deus, apoiando-me no balcão que dividia a cozinha e a sala.

Shadow estava tão concentrado no que fazia que nem ao menos pareceu notar minha presença ali, o observando enquanto preparava a possível última panqueca daquela manhã.

Seus cabelos pretos com mechas vermelhas presos em dreads escorriam por suas costas, se encontrando com sua camisa branca.

Apesar de não os olhar muito, eu ainda tinha seus olhos carmesim presos em minha mente.

Não posso negar, até que ele era bonito quando não estava ocupado me mandando à merda.

De todo modo, não demorou muito para que ele se virasse em minha direção e me visse ali, parado em sua frente.

- Tá aí tem quanto tempo? - Perguntou, após dar um pequeno pulinho para trás, o que me fez dar uma risadinha.

Eu nunca ia me cansar disso.

- Alguns minutos.

- Toma. Fiz pra você. - Colocou um prato com algumas panquecas e um copo de suco no balcão onde eu me apoiava.

- Uau, isso é um pedido de desculpas sobre a nossa última "conversa"? - Não demorei muito para dar a primeira mordida, sentindo minha boca ser preenchida por uma mistura de sabores inigualáveis.

Ele cozinha esplêndidamente bem, mas eu nunca vou admitir isso em voz alta.

O desgraçado vai ficar me enchendo o saco durante o resto da minha vida se eu falar o que penso sobre as suas habilidades culinárias, que parecem ser infinitas comparadas à mim, que só sei o básico e nem isso tento fazer.

- Não, eu apenas sei que se eu não fizer nada pra você comer, vai acabar sem comer nada o dia todo e pedindo uma pizza ou algo assim de noite. - Bom, errado ele não estava, mas confimar que ele estava certo já era exagero.

- Ei! Isso não é verdade! - Retruquei, olhando-o de forma raivosa, o que o fez abrir um pequeno sorriso.

Ah, certo, ele sabia muito bem como me deixar fora de mim... E não no bom sentido!

- Sério isso? Você não me engana, idiota. - Ele virou as costas e saiu da cozinha, provavelmente indo se arrumar para ir para a faculdade dele.

Para a minha felicidade, eu consegui um jeito de fazer as minhas aulas de casa mesmo, só indo até aquele lugar uma ou duas vezes por semana.

Eu diria que é uma ótima estratégia pra não perder a cabeça com esse desgraçado.

- Argh! Não é como se você se preocupasse comigo, de qualquer forma. - Bufei, voltando a atenção para o prato com panquecas na minha frente.

Como estas coisas deliciosas podiam ser feitas por um ser tão estupidamente irritante como Shadow?!

- Não é como se eu estivesse mentindo.

- Tá, tá, já entendi. Vai demorar muito pra sair? - Perguntei, já tendo certa ideia de como fazê-lo ficar ao menos um pouco irritado.

Ele estava calmo demais para o meu gosto, era quase como se implorasse para que eu lhe atacasse com as maiores ofensas que conheço.

- Não, talvez daqui a alguns minutos. Por quê? Quer uma carona também? - Perguntou, enquanto eu pensava em uma resposta rápida e efetiva contra aquele sorrisinho idiota em seu rosto que eu podia ver a cada vez que me virava para o ver se arrumando no corredor.

A verdade é que eu só o vejo sorrindo quando me xinga ou provoca, nenhum deles é minimamente real.

E eles são irritantes em si só pelo fato de serem falsos, as provocações são apenas um complemento.

- Não, só queria saber quando eu vou poder parar de ver essa sua cara feia. - Soltei uma risadinha após ver seu rosto de relance antes de voltar minha atenção para as poucas panquecas restantes em meu prato.

- Engraçadinho você, ein. Tá com o patati e o patata enfiados no cu?

- Daqui a pouco vou enfiar o meu pé no seu cu se não parar de falar.

- Tenta fazer isso e eu te mato.

- Só cala a boca logo!

- Me obrigue. - De repente minha imaginação foi um pouco além do limite com aquela simples frase.

Ele queria um soco ou um beijo?... Mas que porra eu tô pensando?! Esse desgraçado obviamente só merece um soco de mim, um forte o suficiente pra fazê-lo parar no hospital.

- Argh! Cai fora!

- Sua sorte é que eu realmente tenho que sair. Mas não pense que vai se livrar de mim tão cedo.

- Me conte algo que eu já não saiba.

- E não coloca fogo na cozinha. - Avisou enquanto pegava as chaves para destrancar a porta e pegar sua moto, provavelmente.

- Eu não sou tão ruim assim cozinhando!

- Diz isso pros caras da reforma que tiveram que trocar todos os equipamentos e arrumar a parede da última vez que você tentou fazer uma panela de arroz.

- Ha, ha! Cala boca, seu participante eliminado do Master Chef.

- Se eu fui eliminado então eu pelo menos tive a chance de ir pra lá, ao contrário de você, que nem ao menos sabe fritar um ovo sem queimar o fundo da frigideira.

Antes mesmo que eu pudesse prolongar aquela discussão bizarra e sem sentido sobre Master Chef ou algo assim, Shadow saiu pela porta e trancou-a, provavelmente já sabendo que eu teria preguiça demais de me levantar e ir trancá-la naquele momento.

Soltei um suspiro pesado, talvez eu devesse ligar para o Tails mais tarde, ou então sair e dar uma volta no parque aqui perto.

É, não me parece uma má ideia, pegar um ar e colocar as ideias no lugar me parece um ótimo plano.

Shadow, por que eu sinto que você está me fazendo perder minha sanidade mental aos poucos?

Desarmonia Quase Perfeita (PAUSADA)Where stories live. Discover now