Capítulo nove.

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Ele sorria compulsivamente, uma tentativa de esconder a guerra que travava internamente.

Ele não fingia sentimentos por ninguém; expressava o que realmente sentia. Mas talvez o tempo tenha apagado sua memória e seus olhos já não carregavam as mesmas virtudes...

Por um pacto de sangue.

...

Wednesday examinava cuidadosamente o livro que encontrara na biblioteca. Pelas bordas, podia-se ver as páginas amareladas que escondiam mistérios dos olhos dela.

Toda vez que Wednesday fazia força para abrir o livro, a safira brilhava intensamente. Se o livro fosse realmente mágico, aquela era a sua fonte de energia. Era como um cadeado que exigia uma senha para ser aberto. O problema era que a Addams não fazia ideia de qual seria essa "senha". Ela já tentara arrancar a pedra preciosa ou quebrá-la com um martelo, mas a jóia permanecia intacta, protegida.

O Coisa também estava presente, tentando remover a safira, mas sem sucesso. A única pista que Wednesday tinha sobre aquele livro era a assinatura e a data...

Os pensamentos de Wednesday foram interrompidos por Enid, que entrava no quarto saltitante, agora com os cabelos coloridos.

-Boa noite, mãozinha. Boa noite, Wed!- saudou Enid, se aproximando de Wednesday e abraçando-a por trás da cadeira, encostando seu rosto no vão do pescoço da Addams.

A noite anterior fora inesquecível. Nenhuma das duas estava pronta para lidar com tamanha explosão de sentimentos, e por isso não definiram nada, pelo menos não naquele momento. Mas ambas sabiam que algo estava mudando naquele relacionamento. Preferiam seguir o fluxo dos seus corações e não definir limites.

-Olá, Enid. Parece que um arco-íris vomitou no seu cabelo novamente. Bianca realmente sabe pintar cabelos, pelo visto - comentou Wednesday.

-Também achei que ficou bonito. Está menos ressecado do que quando eu mesma pintava - respondeu Enid.

Enid estava começando a decifrar as entrelinhas das falas de Wednesday. Todas as frases da Addams carregavam um significado oculto do que ela realmente queria dizer. Embora confuso, Enid conseguia lidar com isso. Era até fofo, de certa forma.

Ao observar a mesa, Enid percebeu Mãozinha tentando remover uma pedra azul de um livro antigo. Parecia familiar... um diário lobisomem?

-Wed... onde você encontrou esse diário lobisomem? Eles não são fabricados há décadas - questionou Enid.

-Diário lobisomem? - Wednesday virou-se para encarar a loira, arqueando a sobrancelha, interrompendo o contato entre elas e causando um desconforto frio na lombar de Enid.

-Sim, é um tipo de diário feito especialmente para lobisomens. Geralmente, era dado às moças quando aprendiam a escrever, para que não se sentissem tão solitárias até se casarem. Era um presente comum - explicou Enid.

-Encontrei-o escondido no chão da biblioteca. Pela data, tem mais de duzentos anos. Mas não consigo abri-lo de jeito nenhum. Acredito que a safira seja a chave para energizá-lo, mas ela também não se quebra - acrescentou Wednesday.

-Na verdade ele só se abre com o uivar do dono, mas se não me engano, existe um método alternativo para abri-lo, mas não me lembro. Faz muito tempo que ouvi minha bisavó mencionando esses diários - suspirou Enid, forçando sua memória a recordar algo. Se soubesse que um dia precisaria desse conhecimento, não teria cochilado durante as explicações de sua bisavó.

De repente, a porta foi aberta bruscamente, revelando Yoko descabelada, ofegante e com presas à mostra.

-Vocês viram o príncipe chorão?! - Yoko perguntou sem fôlego.

Uma letra de distância do seu coração (Wenclair AU)Where stories live. Discover now