Ato III: O princípio de ação e reação

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Ter confiança em alguém pode significar arriscar sua vida por essa pessoa ou, simplesmente, deixá-la saber de seus profundos segredos. Uma vez que a confiança é quebrada, não há nada que possa ser feito para que seja restaurada. Inúmeras coisas podem ser perdidas nesse pequeno erro.

Principalmente uma vida.

Para algumas pessoas, se as coisas saírem da linha haverá consequências absurdas, então, tentam ao máximo evitar que deslizes sejam cometidos quando estão em suas mãos. A cautela é extremamente necessária junto com o medo de não dar certo, causando uma pequena aflição em tudo que envolve o assunto.

Myoui se sentiu dessa forma quando percebeu que algumas coisas não se encaixavam. Seu coração estava batendo em ritmo descompassado, assim como estava o desespero na porta de sua sala. O cigarro chegava a queimar levemente seus dedos, e nem assim conseguia acalmar. Era a quinta vez que fumava naquele dia — mais precisamente naquele momento —; não era nada normal, até porque nunca havia fumado tão compulsivamente assim.

Estava em completo surto. Não fazia ideia de como poderia relaxar naquela específica situação.

Temia pelo que aconteceria com a reputação que construiu durante anos, mas acima de tudo, se sentia em aflição por pensar no que poderia acontecer com sua filha. Ele sabia de tudo sobre ela, poderia muito bem sequestrá-la e acabar usando-a como garantia de que iria fazer tudo certo, ou, caso contrário, ela quem sofreria com a punição.

Quanto mais pensava, mais o desespero consumia. Tragou o cigarro pela última vez antes de jogá-lo no cinzeiro, não conseguia se acalmar de forma alguma. Sua válvula de escape já não adiantava mais, então, teria que procurar uma alternativa para se reiniciar.

Se levantou para encher sua xícara de café e aproveitou para pegar um pacote de bolacha que ficava na mesinha; não havia colocado nada no estômago naquele dia, sentia que iria colocar para fora no mesmo instante e preferiu não arriscar. Depois de, finalmente, comer, Myoui se sentou novamente em sua cadeira e saboreou o café que tanto gostava. Adquiriu esse costume de beber bastante café com uma pessoa importante, mas que não deveria ter voltado; ou seja, deveria ser apenas uma lembrança.

No fundo do seu coração, esperava que tudo ficasse bem no final. Ao menos com ele.

[...]

— Cara, isso tá ilegível. Eu não consigo entender caralho nenhum daqui.

— Minho, essa letra é sua. Você escreveu tudo aí nesse relatório. Não se lembra?

— Peniel.

— Desculpa.

Minho revirou os olhos e continuou a mostrar o arquivo ao outro detetive, no qual teve que pedir ajuda com aquele caso por ser a única pessoa em quem confiava ali. Se sentia apreensivo, incomodado com alguma coisa que não tinha ideia do que poderia ser. O aperto no seu peito voltou depois de um tempo.

Estava se cansando de tentar entender aquele caso, então, buscou usar um método antigo só para testar.

— M. tem um pé com o cartel japonês, certo? Mas qual é a ligação entre esses dois?

— Além da suposição de que M. seja japonês, há uma intervenção em todos os casos que envolvam esse cartel. Todas as apreensões de algum capanga deles é morto ou desaparece. Não há provas concretas ou testemunhas. Tudo some.

Após um tempo pensando e encarando o teto, uma lâmpada acendeu na cabeça do detetive Lee: — Eu acho que entendi. — Levantou Minho e saiu da sala, andando até o seu carro e deixando Peniel sem explicação, entretanto, ele sabia que a atitude repentina não foi só por impulso. Ele sabia exatamente o que estava fazendo.

Fora de ordem {LEE KNOW}Donde viven las historias. Descúbrelo ahora