"Onde ela está?"

1.8K 246 29
                                    

Naquela tarde, enquanto Beatrice saia do convento e pilotava sem destino por aquelas intermináveis estradas, algo inesperado e surpreendente acontecia na sala em que a Espada Cruciforme se encontrava.

Por alguns minutos a espada se acendia e apagava. Ninguém havia notado o que estava acontecendo, até que Jillian, que estava no convento, passou por aquela sala e viu o que estava acontecendo. Rapidamente ela olhou para os lados, porém não viu ninguém. Notou que assim como o portal tinha picos de força quando ela tentava arranjar uma forma de ativá-lo para encontrar Michael, o mesmo acontecia com a espada. Jillian sabia que a espada só reagia a presença da irmã guerreira. A presença de Ava. Jillian também sabia que falar sobre aquilo faria com que as irmãs criassem expectativas sobre a possibilidade da Ava estar viva e estar tentando voltar. Então resolveu não falar para as demais pessoas o que estava acontecendo.

Algumas horas se passaram e a Jillian continuava tentando entender o que estava acontecendo.

Camilla estava reunida com a Madre superiora. Falavam sobre Beatrice e o quanto ela ficou arrasada com a "morte" da Ava.

-Camilla: Ela não me atende, Madre. Não sei onde ela está, não sei se precisa de algo.

-Madre: Tenha calma, Camilla. Beatrice precisa se entender, se encontrar, e aceitar o que aconteceu. Tenho esperança de que ela vá voltar para nos ajudar a passar por isso e pelo que está por vir. Ela só precisa de um tempo sozinha. Ela me lembra muito a Mary, principalmente nos últimos tempos, quando ela passou a agir mais por suas emoções do que por sua razão. Agora preciso me deitar. Até amanhã.

-Camilla: Amanhã eu tento novamente. Espero que ela me atenda. Boa noite, madre.

A madre superiora se recolhe e nesse momento Yasmin chega a sala onde Camilla está.

-Yasmin: Conseguiu notícias da Bea?

Camilla: (batendo o celular na mão) Ainda não. Ela não me atende, não retorna minhas mensagens de texto. Está me ignorando e eu estou com medo do que ela possa fazer. Há muito tempo a Beatrice não está pensando muito no que faz. Ela só faz... (Demora alguns segundos e complementa) Mas agora ela não tem mais o motivo pelo qual ela fazia... Meu Deus, eu só queria poder estar com ela... Eu só queria... Abraçar minha amiga.

-Yasmin: Eu te entendo. Apesar de estar aqui há pouco tempo e ter convivido tão pouco com elas, era impossível não perceber e eu vi... Elas se amavam.

-Camilla: Você está enganada. Era obrigação da Bea se preocupar com a irmã guerreira e...

Yasmin a interrompe: - Camilla, não precisa mentir pra mim. Eu não tenho a menor intenção e o menor direito de julgá-las. Deus é amor e não creio que ele condene ninguém por amar. Agora eu também vou me recolher.

Yasmin e Camilla se dirigem a seus quartos. Yasmin resolve enviar uma mensagem de texto para Beatrice, que não a lê durante um bom tempo.

Mensagem para Beatrice:

Bea, desculpe minha intromissão, mas eu me preocupo com você. Imagino tudo que deve estar passando, mas você não precisa passa por isso sozinha. Freiras guerreiras não fogem e eu não vou fugir de te ajudar.

Mensagem enviada.

O dia amanheceu e mais uma vez as irmãs já se encontravam no pátio para iniciar o dia de treinamento. Yasmin queria muito treinar para lutar, e até o fazia, mesmo sabendo que sua vibe era a da tecnologia.

Camilla havia iniciado seu treinamento com armas e alguns golpes básicos para que Yasmin aprendesse o básico para se proteger.

A Madre estava empenhada em treinar irmã Dora e as demais irmãs.

Finalizaram o treinamento daquela manhã e se dirigiram ao salão para o almoço. Padre Vincent havia passado a manhã inteira em oração, pedindo perdão por seus erros. Algo o consumia por inteiro, uma culpa a mais parecia lhe corroer. Desde a "morte" da Ava, Padre Vincent não era a mesma pessoa.

Todos se encontravam no salão enquanto Jillian estava na sala onde estava a espada. Da irmã guerreira. Ela estava lá há alguns minutos, observando se a espada voltava a acender. Infelizmente não obteve êxito em sua observação até aquele momento.

Padre Vincent chega até a sala para avisar que o almoço está sendo servido.

-Padre Vincent: Jillian, o almoço... o que eu acabei de ver?

-Jillian: Foi isso mesmo que você acabou de ver. A espada acendeu.

Padre Vincent: Mas não é possível! A espada só reage a presença da irmã guerreira. Desde quando isso está acontecendo?

-Jillian: Eu percebi ontem. Vim até aqui e vi a espada acender. Não consegui ver mais nada de anormal aqui na sala. Estou providenciando câmeras na sala de baixo, para que eu possa ver se há interação entre a espada e o portal, mas não quero dar falsas esperanças as irmãs. Por isso estou fazendo tudo aos poucos e o mais silenciosamente possível. Se a Lilith voltou, talvez a Ava também possa voltar.

Padre Vincent sentou em uma cadeira que estava próxima. Uma lágrima rolou por seu rosto e um suspiro de alívio pode ser ouvido.

-Jillian: Você ama essas meninas como se fossem suas filhas, não é? Eu te entendo. Quando Michael entrou naquele arco eu entrei em desespero. Quando o vi voltar, senti o mesmo alívio e a mesma felicidade que você está sentindo com a possibilidade da Ava estar viva.

-Padre Vincent: Precisamos fazer alguma coisa. Se ela estiver tentando se comunicar? Pedir ajuda? Meu Deus, eu não mereço... Eu só agradeço.

-Jillian: Bom, agora que você já viu, já sabe, precisamos agir com naturalidade. Vamos almoçar e depois conversamos sobre o que vamos fazer.

Avatrice - A devoradora de mundosWhere stories live. Discover now