Capítulo: 01/01

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● UCKERMANN´S  GROVE,

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UCKERMANN´S  GROVE,

● POPULAÇÃO: 2.340 pessoas.


Não, 2.341, pensou Dulce presunçosamente, enquanto entrava
no auditório da escola de ensino médio. Estava na cidade há apenas dois meses, mas já se sentia em casa. Amava o ritmo tranquilo, os quintais limpos e as pequenas lojas. Amava a fofoca inocente entre os vizinhos, os balanços nas varandas da frente, as calçadas cheias de neve. Se alguém lhe dissesse, um ano antes, que ela trocaria Manhattan por um ponto no mapa, a  oeste de Maryland, Dul, como era chamada, diria que a pessoa estava louca. Mas ali estava ela, a nova professora de música da Escola Secundaria de Taylor's Grove, tão confortável e bem acomodada quanto um velho cão de caça em frente à lareira. Ela precisava de uma mudança, isso era certo. No ano anterior, a colega com quem dividia o apartamento saiu para se casar e ela herdarou um aluguel descomunal, com o qual simplesmente não era capaz de arcar. A outra moça com quem passarou a dividir o aluguel
e a quem entrevistarou cuidadosamente também acabarou se mudando... levando tudo o que havia de valor no apartamento. Essa aventura
desagradável a levou ao confronto final, odioso, com seu quase noivo. Quando Bob a repreendeu, chamando-a de estúpida, ingênua e descuidada, Dul decidiu que já estava na hora de cortar o mal pela raiz. Ela acabou demitindo Bob de seu posto de quase noivo quando foi notificada de sua própria demissão. A escola onde ensinara por três anos estava reduzindo custos, como eles haviam eufemisticamente colocado a questão. O cargo de professora de música foi extinto e, por causa disso, também não havia mais lugar para Dul. Um apartamento quase vazio com o qual não podia mais arcar, um noivo que considerava sua natureza otimista um perigo e a perspectiva de enfrentar a fila do desemprego acabaram por ofuscar o brilho de Nova York.

Quando, por fim, decidiu se mudar,
Dul resolveu que faria uma grande mudança. A ideia de ensinar em uma cidade pequena rapidamente criou raízes. Uma inspiração, pensou ela agora, pois já se sentia como se morasse ali há anos. O aluguel que pagava era bem barato para permitir
que vivesse sozinha e gostasse. Seu apartamento, que ocupava todo o
andar superior de uma antiga casa remodelada, ficava à distância de uma curta e agradável caminhada até o campus onde estavam reunidas a escola de ensino fundamental e a de ensino médio. Apenas duas semanas depois do seu tenso primeiro dia de aula ela já desenvolveu um sentimento de posse por seus alunos e estava ansiosa pela primeira sessão extra-classe com
o coral. Dul estava determinada a criar um programa para as festas de fim de ano que fizesse parar a cidade. O velho piano estava no centro do palco. Ela caminhou até ele e sentou-se. Seus alunos logo chegariam, mas ela ainda tinha alguns instantes só para ela. Dul flexionou os dedos e relaxou a mente enquanto tocava um antigo blues de Muddy Waters. Pianos velhos e cheios de cicatrizes eram perfeitos para tocar blues, ela pensou, e se entregou ao momento.

 — Uau, ela é demais! — murmurou Holly Linstrom para Kim, enquanto as duas entravam silenciosamente. Pela parte
de trás do auditório.

— E mesmo. — Kim estava com as mãos sobre os ombros dos primos gêmeos. Era um aperto firme que ordenava silêncio e prometia repreende-los em caso de desobediência. — O velho
Sr. Striker nunca tocou nada assim.

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