– Pois muito que bem! – berrou Hektor, muito alegre com a resolução dos fatos. – Para mim esta noite foi mais que proveitosa. Porém acho que não poderemos ficar por hoje, nossos problemas precisam ser resolvidos. Foi bom fazer negócios contigo, Caminhante.
Levantando e deixando o balcão, virou-se para seu bando que não pareceu empolgado com a ideia de voltarem para seja lá o que aconteceu.
– Vamos agora, pois estas mulheres estão sob mãos mais cuidadosas.
Os brutos, antes de irem, agarraram os rostos das duas e deram-lhes beijos nas bochechas. A mulher valente se irritou e empurrou um, que sorriu de forma pervertida em retorno. Nina chorou, mesmo um pouco mais tranquila por estarem de partida.
– Hektor. – chamou o Assombrado, de forma seca. – Por acaso vocês fizeram algo com estas mulheres?
Antes de responder, ele as olhou, principalmente para Nina, de forma tão nojenta e repulsiva quanto um duende riria após ter roubado a colheita de toda uma família. Seus homens exibiram os dentes amarelos junto.
– Ora... Sabe como é, certo? Mulheres tão lindas assim... Tão sozinhas. Faz muito tempo que não recebem algum amor, afeto, atenção. O mesmo vale pra nós. Nosso ramo é perigoso e solitário. Sentimos falta extrema de estar com alguém do lado. É sempre bom sentir calor humano. – comentou. – Diga a Braço Forte que continuam intactas! As chaves para as correntes estão ali na mesa.
Cerrando seus punhos o Caçador ergueu levemente a cabeça e olhou para o rosto desgraçado de Hektor.
– Claro, eu direi.
Hektor assentiu e saiu dali com os companheiros para a escuridão. A porta se fechou, contudo o ar na estalagem não ficou mais leve. Todos o olharam caminhando até elas.
– Foquem em seus próprios assuntos. Já estou cansado de tantos olhares. – anunciou numa voz alta. – Deixem-nos em paz.
Como filhos obedientes, todos pararam de encarar, embora seus corações imaginassem o que sucederia agora aos três.
– Vocês. – chamou, encarando-as com firmeza na meia-luz. Notou que Nina evitava olhá-lo. A outra não. Aquela mulher de olhos do mesmo castanho que os seus foi uma das poucas pessoas que não aparentou medo. – Não saiam daqui, pois sei que estão sem forças e não iriam muito longe. Voltarei em alguns minutos.
Elas não lhe deram resposta.
– Se alguém aqui ousar encostar nestas mulheres, verão não apenas meus verdadeiros olhos, como meu verdadeiro rosto. – alertou diante de todos. – Eu os amaldiçoo se tentarem.
Como um cão raivoso, o Assombrado saiu dali ao frio da noite. Os homens já estavam longe, porém podia ouvir o galope. Havia uma bolsa na sela do cavalo, era ali onde guardava sua velha espada manchada e sem nome que conseguiu dois anos atrás, assim como um arco e flechas. Era hora de usá-los.
– Pressa, pressa, Trovão! – ordenou quase que ouvindo o clamor por morte em seus ouvidos. Sua mão tremendo por sangue. Já tinha o arco e as flechas. A noite o acompanhou, a escuridão o encobriu. – Vamos agora.
Os ventos cortantes atravessaram seu peito e revigoraram a energia. A Caçada cantando pelos campos acompanhando as batidas do coração. Berrou por detrás da máscara. Podia ouvir mais claro o galope dos homens na frente. No escuro da noite, não eram mais que sombras velozes.
Antes do Fim de Hektor
– Estão ouvindo isso? – questionou Trok. Algo como um grito soou no pasto. – Algum tipo de animal?
– Também ouvi. – respondeu Murk. – Cacete, está fazendo de novo.
– Senhor, tem algo nos perseguindo! – gritou Murk no meio da ventania.
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Caça-Trevas: Caminhos da Vingança
AdventureNossas vidas são uma eterna Caçada. Esse sempre foi o lema da família de Karl, nunca recitado como algo poético ou honrado. Está mais pra um lembrete da constante desgraça que está sob seu sangue. Há também Maria, uma escrava tirada do lar e sua irm...