Capítulo 8: Viagem para Nobelo

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 – Pois muito que bem! – berrou Hektor, muito alegre com a resolução dos fatos. – Para mim esta noite foi mais que proveitosa. Porém acho que não poderemos ficar por hoje, nossos problemas precisam ser resolvidos. Foi bom fazer negócios contigo, Caminhante.

Levantando e deixando o balcão, virou-se para seu bando que não pareceu empolgado com a ideia de voltarem para seja lá o que aconteceu.

– Vamos agora, pois estas mulheres estão sob mãos mais cuidadosas.

Os brutos, antes de irem, agarraram os rostos das duas e deram-lhes beijos nas bochechas. A mulher valente se irritou e empurrou um, que sorriu de forma pervertida em retorno. Nina chorou, mesmo um pouco mais tranquila por estarem de partida.

– Hektor. – chamou o Assombrado, de forma seca. – Por acaso vocês fizeram algo com estas mulheres?

Antes de responder, ele as olhou, principalmente para Nina, de forma tão nojenta e repulsiva quanto um duende riria após ter roubado a colheita de toda uma família. Seus homens exibiram os dentes amarelos junto.

– Ora... Sabe como é, certo? Mulheres tão lindas assim... Tão sozinhas. Faz muito tempo que não recebem algum amor, afeto, atenção. O mesmo vale pra nós. Nosso ramo é perigoso e solitário. Sentimos falta extrema de estar com alguém do lado. É sempre bom sentir calor humano. – comentou. – Diga a Braço Forte que continuam intactas! As chaves para as correntes estão ali na mesa.

Cerrando seus punhos o Caçador ergueu levemente a cabeça e olhou para o rosto desgraçado de Hektor.

– Claro, eu direi.

Hektor assentiu e saiu dali com os companheiros para a escuridão. A porta se fechou, contudo o ar na estalagem não ficou mais leve. Todos o olharam caminhando até elas.

– Foquem em seus próprios assuntos. Já estou cansado de tantos olhares. – anunciou numa voz alta. – Deixem-nos em paz.

Como filhos obedientes, todos pararam de encarar, embora seus corações imaginassem o que sucederia agora aos três.

– Vocês. – chamou, encarando-as com firmeza na meia-luz. Notou que Nina evitava olhá-lo. A outra não. Aquela mulher de olhos do mesmo castanho que os seus foi uma das poucas pessoas que não aparentou medo. – Não saiam daqui, pois sei que estão sem forças e não iriam muito longe. Voltarei em alguns minutos.

Elas não lhe deram resposta.

– Se alguém aqui ousar encostar nestas mulheres, verão não apenas meus verdadeiros olhos, como meu verdadeiro rosto. – alertou diante de todos. – Eu os amaldiçoo se tentarem.

Como um cão raivoso, o Assombrado saiu dali ao frio da noite. Os homens já estavam longe, porém podia ouvir o galope. Havia uma bolsa na sela do cavalo, era ali onde guardava sua velha espada manchada e sem nome que conseguiu dois anos atrás, assim como um arco e flechas. Era hora de usá-los.

– Pressa, pressa, Trovão! – ordenou quase que ouvindo o clamor por morte em seus ouvidos. Sua mão tremendo por sangue. Já tinha o arco e as flechas. A noite o acompanhou, a escuridão o encobriu. – Vamos agora.

Os ventos cortantes atravessaram seu peito e revigoraram a energia. A Caçada cantando pelos campos acompanhando as batidas do coração. Berrou por detrás da máscara. Podia ouvir mais claro o galope dos homens na frente. No escuro da noite, não eram mais que sombras velozes.

Antes do Fim de Hektor

– Estão ouvindo isso? – questionou Trok. Algo como um grito soou no pasto. – Algum tipo de animal?

– Também ouvi. – respondeu Murk. – Cacete, está fazendo de novo.

Senhor, tem algo nos perseguindo! – gritou Murk no meio da ventania.

Caça-Trevas: Caminhos da VingançaWhere stories live. Discover now