Filhos da lua

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Não sabia quanto tempo tinha se passado. 30 minutos, 1 hora, 3 horas? Não sabia, e não me importava. Não naquele momento. Estirado no meio da sala, coberto de sujeira, porra e mijo. Meus estupradores estavam cada um em seu canto novamente, assim como quando eu entrei na sala. Não havia sons, apenas um cheiro bem desagradável.
Aquele momento de "paz" é quebrado com o sacerdote abrindo a barulhenta porta de metal.
- Levanta.
Meu corpo não obedece sua ordem. Não porque não queira, mas sim por falta de forças.
- Eu mandei levantar.
Novamente, nada.
Ele solta um suspiro cansado.
- Vocês dois. O levantem e o tragam aqui.- fala apontando para os dois garotos que só tinham uma das mãos.
A ordem é obedecida rapidamente. Mesmo que já estejam no corredor da morte, obedecer lês daria alguns dias a mais.
Meu corpo sujo e acabado é arrastado para fora da sala. De lá nos caminhamos até encontrar um grupo de recém escravizados. Esse grupo era grande e estava se afunilando por uma porta um tanto estreita. Um desenho de lua azul se encontrava a cima da porta.
Aquele sacerdote que me buscou não estava mais lá, e todos os outros usavam um pano branco que cobria seus rostos. Aquilo era um sinal de nojo em nossa cultura. Usado quando um homem não queria ser visto junto com alguém ou não queria estar naquele local.
Praticamente sendo jogado para dentro da sala, entendo o motivo dos homens do templo usarem aqueles panos. Aquele era o salão da deusa da lua. Um salão enorme com uma grande estátua da divindade no fundo da sala. Ela estava ajoelhada e sentada nos seus calcanhares. Diferente de todas as outras representações da mesma, nesta dava para ver seu rosto. Um semblante Triste, com um dos seus olhos quebrados. De seus olhos saiam um líquido de cor amarelada, que não entendi oque era. Esse líquido escória por suas bochechas, passando pela clavícula, entre os seios, que estavam a mostra, e caiam nas suas mãos, que estavam apoiando em sua coxa, em formato de conchinha. A cima da estátua tinha uma placa com os dizeres "Bem vindos, meus filhos", e uma lua logo abaixo.
Toda a sala tinha uma coloração azulada. A cor predominante da deusa. Oque dava um contraste avermelhado ao ambiente era a luz das velas, apoiadas nos castiçais vivos, escravos que serviam como unica e exclusivamente para segurar as velas. Eles estavam nos cantos da sala. Seus braços formavam um "T", e uma das suas pernas ficava flexionada para frente, em quanto a outra ficava na ponta do pé. As velas, o motivo que eles ficavam nessa posição, ficavam em cima de sua coxa, seus braços e cabeça, a única que não ficava no corpo deles era a que ficava no chão perto da sola do seu pé. A cera derretida em seus corpos era dito pelos sacerdotes como forma de punição e purificação para os escravos do templo. Já tinha visto isso, nós dias de culto no templo.
   Na frente da estátua havia uma mulher, de aproximadamente 40 anos, com vestes azul marinho. Ela estava de joelhos, seus braços acorrentados nas duas extremidades da sala. Em seu pescoço tinha um colar de dourado que se ligava ao chão por uma corrente bem curta. Um pouco atrás dela uma garota bem mais nova, 20 anos aparentemente, estava ajoelhada, mas sem correntes, apenas utilizando uma roupa azul claro.
   Alguns minutos se passam. Todos os escravos já estavam dentro da sala. Todos com a moral quebrada. Alguns tinham a palavra "burro" escrito na testa e marcas de tortura pelo corpo, outros tinhas seus pênis "tatuados" e inchados por causa da picada de abelhas, além do dispositivo que ainda estava preso em seus ânus. Já eu, era o único que se encontrava sujo de mijo e porra. Esperma misturando com sangue escorria no meio das minhas pernas bambas.
   Os sacerdotes estavam ao lados dos castiçais, e nós estávamos agrupados no meio do grande salão.
- DE JOELHOS DIANTA A SUA DEUSA! - Eles gritaram em uma única voz.
   Automaticamente minhas pernas se dobraram, junto com a maioria dos outros. Alguns ainda permanência de pé, ou por confusão, ou por pura birra, mas não demorou para serem colocados ao chão, pela força das tiras de couro.
- Bem vindos, meus novos filhos. - a mulher acorrentado começa a falar.- A partir dessa noite, o Grande Rei não os enxerga mais como filho, mas sim como lixos que mancham sua linda nação. Mas isso não é culpa dele, mas sim exclusivamente de vocês. Nasceram fracos, burros e sem a capacidade de mostrar gratidão por tudo oque ele conquistou por vocês. -sua voz estava suave enquanto dizia essas palavras. Com certeza ela já treinou muito antes desse dia acontecer.
- Sendo rejeitados pelo seu pai, eu os acolho como meus filhos. Receberam a minha marca, para que todos que a virem saibam de sua vergonha. Sua existência agora é mais baixa que a de uma mulher, um animal. Vocês estão condenados a sofrimento eterno. Seu propósito será servir aos filhos do Grande Rei. Quando forem rezar aos céus, não ousem pronunciar o nome do meu dono. Vocês não são dignos dele. Orem para minha e para sua irmã. Mas não peçam por misericórdia ou para aliviar o seu fardo. Peçam para que os castigos aumentem. A dor seja intensificada. Isso os deixará mais forte, e assim, na próxima vida vocês possam ser homens de verdade.
   Com seu discurso encerrado, os sacerdotes com baldes em mãos cheios do líquido que escorria da estátua, se aproxima de nós.
- Os batizo com minhas lágrimas, para suas novas vidas.
   Os homens molhavam um ramo de galhos secos e pontudos no balde, e depois batiam com força esses galhos nas recentes  marcas da lua. Minha vez de ser "batizado". O sacerdote olha para meu estado e sabe que eu falhei no 3 teste. Ele molha bem os galhos e com bastante força da três golpes nas minhas costas. Não sei dizer oque era aquele líquido, mas com certeza fazia as férias já existentes doerem ainda mais.

KhizyWhere stories live. Discover now