One More Light

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Skye me esperava na frente de sua casa como todos os dias. O sorriso que cobriu a sua face era capaz de iluminar a mais escura das noites. Assim que entrou no carro, ligou o rádio e estava tocando Crawling, seu sorriso aumentou e ela se virou para mim.

— É a minha preferida! — O brilho em seus olhos me fez ignorar o incômodo por estar ouvindo a minha voz saindo dos alto-falantes do carro. Não sei dizer se ela era capaz de entender os significados por trás das minhas letras, mas eu esperava seriamente que não. Retribuí com um sorriso de lado voltando os olhos para a rua que era iluminada pelos postes. — Against my will I stand beside my own reflection. It's haunting. How I can't seem. To find myself again (Eu fico contra minha vontade ao lado do meu próprio reflexo. É assustador como parece que não consigo me encontrar de novoA ouvi cantar e me virei vendo seus olhos fechados enquanto um leve sorriso brotava no canto de seus lábios e a sua cabeça se movia no ritmo da batida. Fiquei apenas apreciando a sua voz desfocando do rádio.

Skye tinha essa capacidade. Somente a presença dela já conseguia me fazer esquecer de todos os meus problemas. A sua voz era capaz de me trazer de volta à realidade. Os seus olhos coloriam o meu mundo. E o seu sorriso iluminava o meu vazio. Sempre que nos víamos, ela estava com um sorriso, por mais sutil que fosse, e era um dos únicos momentos em que eu conseguia sorrir também.

— Vamos. — Chamei quando chegamos no topo da montanha. Era o lugar favorito dela. Perto das estrelas e longe das pessoas. Aqui em cima é como se todos os problemas fossem insignificantes.

Nós pegamos a toalha e os travesseiros no porta-malas e os arrumamos no chão. Passamos um tempo sentados conversando sobre trivialidades. O céu estava sendo iluminado pela lua e as estrelas pareciam não ter fim ao se juntarem com as luzes da cidade. Nos deitamos e ela começou a me falar as histórias de cada constelação que ela conhecia. A animação em sua voz era palpável, era impossível não ter vontade de saber cada vez mais sobre o que ela dizia, apenas para que aquela felicidade que ela transmitia não morresse.

— Chester. — Me virei para olhá-la quando a ouvi me chamar. — Quando você olha para o céu... — Ela deu uma pausa insegura. — Se importa quando uma estrela se apaga?

— Que tipo de pergunta é essa? — Perguntei dando risada.

— Nada. — Ela disse com um sorriso murmurado voltando a olhar para as estrelas, parecia pensativa e aquele brilho natural que ela possuía havia diminuído. 

Qual o significado dessa pergunta?

No dia seguinte, eu a vi fechar a porta fortemente e entrar no carro em silêncio. Dessa vez ela não ligou o rádio e nem sorriu. Parecia irritada e incomodada com algo. Eu sabia que a sua relação com os pais não era tão boa, mas nunca a vi tão afetada.

— Aconteceu algo? — Perguntei lentamente e me arrependi no mesmo segundo. O seu olhar... era o mesmo que eu tinha ao me olhar espelho. Vazio. Não transmitia nada. Nem tristeza, nem raiva. Isso não parecia se encaixar nela! — Skye... — Minha voz morreu no mesmo instante. Não tinha nada que eu pudesse falar. — Você ainda quer ir para a montanha? — Murmurei suavemente e recebi apenas um aceno de cabeça em concordância.

O caminho até lá foi em completo silêncio e eu estava com medo de quebrá-lo no momento errado. Sempre que eu me virava para ver se estava bem, ela permanecia exatamente na mesma posição. As mãos fechadas em punho sobre as coxas e os olhos fechados, as vezes percebia os nós de seus dedos ficando esbranquiçados e ela mordendo o lábio.

Eu queria encostar nela, abrir as suas mãos para que ela parasse de se machucar. Queria perguntar o que havia acontecido para que ela ficasse daquela maneira. Queria sentir a quentura da sua pele sobre a minha. Queria garantir que ela estivesse bem e segura. Mas eu sei que não é o momento. Quando ela se sentir pronta, eu sei que vai falar.

One More Light - Linkin ParkWhere stories live. Discover now