( ☾. ) DESEJOS DO INFERNO
───────── 𝙢𝙤𝙧𝙥𝙝𝙚𝙪𝙨.
Adam Gehenna odiava desequilíbrios. O tipo de desequilíbrio que se camuflava rapidamente no mundo desperto, apesar de ainda assim ser suspeito. O que os mortais justificavam como doenças e anomal...
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─── LIBERTE O REI.
☾.
A LOCALIZAÇÃO DE MORPHEUS NÃO era um segredo. A prova disso era o próprio Adam, que não tinha qualquer afinidade com a entidade e mesmo assim, saber exatamente onde ele estava. Mesmo que soasse cruel, não era conveniente soltar o homem de algo que talvez ele merecesse.
Adam acreditava que uma das poucas vantagens de ser eterno, além de ter conhecido Íris, era a abertura de portas que recebia ao se tornar um ser sobrenatural. Desde que tomou conhecimento dos perigos que cercavam a Terra, descobriu sobre as belezas que motivavam a inspiração, a alegria, o amor e o êxtase nos humanos. Algumas das criaturas mitológicas que só via em livros eram reais, e elas foram muito receptivas com o Gehenna. Algumas, receptivas demais.
O ponto era que monarcas raramente passavam despercebidos por onde passavam. Para os Perpétuos, essa atenção era ainda maior. Como se fossem deuses entre os humanos, criaturas inalcançáveis dignas de respeito, admiração ou adoração. É claro que muitos não pensavam assim. Principalmente a partir do preconceito que tinham com alguns dos irmãos de Morpheus. Desespero, por exemplo, era odiada apenas pelo significado de seu nome. Morte, Destruição e Delírio, completamente temidos. Desejo e Destino, cobiçados. E Sonho, ele era talvez um dos mais desejados, pois todos amam sonhar, todos amam como a realidade que criam em sua cabeça é melhor que a que vivem. E assim, os papéis são dados e as personalidades, designadas. Foi um choque quando muitos descobriram que os Perpétuos não associavam a sua personalidade ao seu caráter. Principalmente com Morpheus.
Como explicar que aquele que possibilitava a felicidade e a ilusão não passava de um narcisista de merda que negligenciava as pessoas, muitas de seu próprio reino? Ah, foi uma verdadeira decepção, um choque que fez com que os místicos avaliassem o seu julgamento. Agora, ninguém gostava de Sonho, ninguém queria fazer parte de seu comportamento egoísta. E Adam estava nesse grupo.
Nunca havia conhecido o homem, mas se deixou levar por comentários que condiziam entre si. "Ele é muito sombrio", "É um ser que te julga da cabeça aos pés", "Não tem piedade com os próprios súditos, não escuta os seus anseios". Foi o suficiente.
Ele poderia muito bem se arrepender de julgar alguém antes de conhecê-lo, mas nunca teve qualquer simpatia com os Perpétuos. Até porque, a única que conheceu, foi quem tirou o único homem que amou de sua vida. Adam sabia que era errado culpar Morte. Talvez não o fizesse se tivesse sido levado com John, mas tudo o que recebeu foi a dádiva da eternidade, a coisa que tantos humanos anseiam, o desejo dos mortais.
Grande merda, ele bufou, revirando os olhos. Quando todos que você ama morrem, quando você vive todas as guerras sem poder cessar com o ódio, o preconceito e as mortes, sua vida se torna vazia e insignificante. A busca por um propósito se torna maior. Dinheiro deixa de ser a sua prioridade. E a fama? No final das contas, a última coisa que você quer é que reconheçam o seu rosto.
