lírios brancos

100 17 72
                                    

________________________________________
Capítulo 10


O pequeno espaço-igreja do palácio lotara em questão de minutos. Aparentemente, a notícia correu bem rápido por aquele reino, principalmente ao se tratar de um casório real. Joe não conseguia entender de onde havia saído tanta gente se não haviam encontrado absolutamente ninguém no caminho até o castelo, mas tentou não gastar seus pensamentos à procura de uma lógica para aquele lugar; já havia diagnosticado aquele reino como ilógico desde que o adentrara. 

Mas, voltando ao casamento em si, Ainosuke estava de pé no altar, preocupado com nada além de sua aparência. O azulado trajava um terno da mesma cor de seus cabelos e uma gravata vermelha e vibrante que chamaria a atenção de qualquer um que olhasse. Kojiro criticou a escolha. Se estivesse no lugar do príncipe, teria escolhido um terno preto simples e usaria uma gravata rosa ou algum outro detalhe em sua roupa que fosse da mesma tonalidade dos cabelos de Cherry, para que pudesse homenagear a mulher incrível com quem estaria prestes a casar... 

Mas Kojiro não iria casar com ela. 

Não tinha influência nenhuma sobre aquele casamento, quiçá sobre aquelas roupas ou decorações que considerava antiquadas e que não combinavam em nada com a princesa. Miya, por outro lado, se contentava em mirar o chão e fazer com que a ponta de seu sapato acompanhasse o rejunte dos ladrilhos conforme sua perna se mexia. Era um entretenimento um tanto quanto sem sentido para qualquer adulto que tentasse compreender, mas o moreno estava se entretendo bastante com o chão. Ficou com os olhos fixos nele por um bom tempo, pelo menos até que as enormes portas de madeira que correspondiam à entrada principal do salão se abriram, capturando a atenção de todos os presentes. Joe se levantou de imediato, e o restante dos convidados fez o mesmo logo depois. 

O abrir das portas revelou a atração principal da noite: a noiva. Apesar de Kojiro já ter se encontrado com a princesa antes, sua reação não fora muito diferente de quando a vira pela primeira vez... Seu coração pulou dentro de seu peito ao vê-la dando os primeiros passos para o interior da igreja. Ela caminhava sozinha, sem ser levada por ninguém. No fundo, Kojiro sabia que aquilo só havia acontecido porque os pais da moça não puderam comparecer ao casamento da própria filha, mas não pôde deixar de pensar que a entrada única realçava o ar de independência que Cherry sempre carregara. Ela estava exatamente da forma como Nanjo a vira antes, com exceção de um buquê de lírios. 

Lírios brancos. Flores caras. O cavaleiro se intimidou diante daquilo, e sentiu vergonha de ter considerado dar um único girassol para ela quando Shindo poderia lhe dar buquês e mais buquês de lírios brancos... Talvez Shindo pudesse dar a Cherry a vida que ela merecia... Talvez realmente fosse melhor assim. 

E, por mais que o esverdeado estivesse determinado a enterrar seus sentimentos em relação à ela, não pôde ignorar a sensação de ter seu coração gritando por ela no momento em que Sakurayashiki entrou na igreja. Ela desfilava elegantemente pelos corredores, atraindo todos os olhares em sua direção. Mas, uma coisa que Nanjo reparou era que, mesmo que centenas de pessoas estivessem olhando para ela, os olhos da moça estavam voltados aos seus. 

Era uma sensação tão intensa que o cavaleiro sentia como se eles pudessem ver cada parte de seu íntimo, parecendo saber tudo o que se passava em sua mente. Aqueles olhos amarelos... Aqueles malditos olhos amarelos que roubavam corações tão facilmente e haviam roubado mais um desde o primeiro momento em que se voltaram ao cavaleiro. Merda... A quem o esverdeado queria enganar? Estava morrendo de inveja de Shindo naquele momento. 

Cherry andou, ainda com os olhos fixos em seu cavaleiro, até subir os degraus do altar e se voltar diante de Ainosuke (embora a moça não tenha conseguido evitar olhar para o esverdeado uma última vez). Se obrigou a voltar os olhos a seu noivo e esperou pelo discurso do padre. Os convidados se sentaram. Um silêncio se instalou na igreja. Cherry estava tensa; seu coração não conseguia se aquietar. 

O sol da meia-noite (MatchaBlossom)Where stories live. Discover now