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Era o Dia da Colheita. 

Um feriado dado ao povo pelo barão, era o dia em que toda a safra era reunida e armazenada para os meses de inverno que viriam. Era sempre um feriado alegre, com barracas e tendas armadas em volta do castelo, além de incontáveis atrações para divertir as pessoas. Normalmente, uma grande quantidade de pessoas se reuniam em volta das barracas de jogos, apesar de eu nunca ter visto ninguém realmente ganhar algo, tentando jogar argolas em cubos que pareciam grandes demais para permitir que alguém acertasse.

Tradicionalmente, os mestres de ofício davam folga aos seus aprendizes naquele dia, mas Will não parecia muito esperançoso de que Halt fosse honrar essa prática. Mas para a surpresa do garoto o arqueiro tinha permitido, mesmo que a contragosto, que Will participasse do feriado, embora tivesse ressaltado que ele provavelmente esqueceria tudo que tinha aprendido nos últimos três meses.

Um longo tempo tinha se passado, e Will tinha dedicado todos os dias ao treino constante com o arco e flecha e as facas de caça e de atirar, melhorando sua mira, e aprendendo a se mover sem ser visto. Essa era uma das maiores e mais essenciais habilidades de um arqueiro, que nos permitia desaparecer das vistas sempre que necessário. Não era fácil fugir do olhar de Halt, mas Will não estava se saindo mal, enquanto rastejava de um esconderijo para o outro, tentando passar despercebido.

Agora, tudo que o garoto queria era um dia de descanso. Ele planejara se encontrar com seus amigos, antigos protegidos do barão Arald. Depois de muito ouvir sobre eles, já conhecia todos os garotos. Alyss, a bela aprendiz de Lady Pauline, chefe das mensageiras. Jenny, a bonita e simpática aprendiz de Mestre Chubb. George, o atarracado e quieto aprendiz dos escribas, e Horace, o garoto forte e musculoso que eu vira tantas vezes perseguindo Will pelo castelo. Ele era agora aprendiz de sir Rodney, o mestre de guerra de Redmont.

Will tinha vindo até mim, muito feliz e ansioso, para perguntar se eu não gostaria de me juntar a eles na feira, pois Jenny tinha prometido lhes levar uma fornada de tortas de carne diretamente da cozinha. Tive que negar seu convite, argumentando que por eu não ser aprendiz, não poderia me dar ao luxo de tirar um dia de folga.

Como arqueira designada ao feudo, eu tinha que estar sempre pronta para qualquer problema ou necessidade que pudesse surgir. Halt tinha pedido que eu cuidasse da inspeção da Escola de Guerra naquele mês, e eu me reunira com sir Rodney para discutirmos sobre. 

Essa inspeção era não mais que uma formalidade, pois Halt conhecia bem o barão e todos os mestres de ofício, cujo trabalho era sempre impecável. E sir Rodney era o maior exemplo de um mestre de guerra em todo o reino. Sua escola era completamente disciplinada, e seus alunos eram treinados à perfeição. Mas uma de nossas funções como arqueiros é avaliar e escrever relatórios mensais sobre a situação nos feudos, por isso era sempre necessário cumprir essas inspeções, mesmo que já soubéssemos que a organização do feudo era mais do que satisfatória.

Por isso, naquele dia eu caminhava com sir Rodney pela feira, para discutirmos a inspeção. Eu só precisaria assistir aos treinos dos alunos durante um dia, para me certificar de que tudo estava em ordem, e então tudo estaria resolvido.

- Hoje estão todos de folga, é claro, mas você pode ir dar uma olhada amanhã. - O guerreiro me disse, enquanto caminhávamos em frente às barracas.

Eu concordei com a cabeça.

- Ótimo. Assim resolvemos isso logo, não tenho dúvidas de que não há ninguém melhor que você para garantir a segurança do feudo. - Eu disse, com um sorriso. O mestre agradeceu, com um aceno de cabeça.

- É bom tê-la de volta, Ayla. Afinal, aqui é um pouco mais interessante do que Meric. - ele disse, feliz - Qualquer um se cansa depois de alguns anos naquela tranquilidade.

A Ordem dos Arqueiros - Arqueira do Rei ➀Where stories live. Discover now