Para te ter por perto

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 — Você quer... O quê?

— Quero dar a injeção final que você precisa — Toto disse.

— Você nem gosta de me ver me aplicando as injeções normais. Você desvia o olhar toda vez que eles tiram sangue pros meus exames — rebateu Cassie.

— Eu sei, mas... Eu quero participar disso, de alguma forma. Você teve que fazer todos esses exames de sangue e tomar todas essas injeções que te deixam mal, e minha contribuição pra esta fase da nossa aventura vai ser apenas... Encher um frasco de amostra.

Cassie riu.

— Eu sei, mas mesmo se estivéssemos fazendo isso da maneira tradicional, a concepção, a gravidez e o parto dificilmente são uma experiência igualitária. Além disso, eu sou grata por tudo o que você já fez por mim.

Cassie estava na casa de Toto para o jantar semanal deles. Tinha sido sugestão dele que eles se reunissem pelo menos uma vez por semana para discutir qualquer coisa que precisassem. Ele já havia dito a Cassie que queria continuar fazendo isso durante a gravidez, exceto quando as viagens o levassem para fora do país, durante a temporada.

Apesar de se proclamar um cozinheiro horrível, a salada de panzanella de frango assado que ele tinha feito para o jantar estava deliciosa.

Quando Toto e Cassie discutiram sobre ele ser o doador dela e, consequentemente, co-pai, ele prometeu apoiar Cassie e o filho deles de qualquer maneira que pudesse e, até aquele momento, ele havia feito um trabalho maravilhoso cumprindo essa promessa. Ele concordou em ir com ela para ver uma advogada de família para delinear os direitos e responsabilidades que compartilhariam como pais. Ele a acompanhava em todas as suas visitas à clínica de fertilidade, mesmo aquelas que eram apenas coletas de sangue, que demoravam dez minutos.

— E não se preocupa, você vai ter a sua parte, principalmente depois que o bebê nascer. Como eu já te disse, vou amamentar, mas vou tirar leite ao mesmo tempo, então não serei a única a levantar no meio da noite pra alimentar o bebê.

Toto sorriu.

— Eu sei, e ficarei feliz em fazer o que você precisar que eu faça. Mas eu quero ter uma pequena participação nisso, além do óbvio. E eu observei bem de perto quando a enfermeira te ensinou a fazer as outras injeções, então eu sei fazer essa parte.

Cassie suspirou.

— Ok. Te digo uma coisa. Faltam três dias pra última injeção e tenho uns ultrassons agendados pra todos os próximos dias. Você vem comigo, e eu tenho mais quatro injeções que posso fazer na clínica e, se você conseguir olhar, deixo você fazer a última.

Nos dias anteriores, Cassie teve que fazer injeções diárias de medicamentos destinados a estimular seus ovários a produzir tantos óvulos quanto possível e a engrossar o revestimento do útero, tornando-o mais adequado para a implantação de um embrião. E, 36 horas antes da coleta na clínica, ela tomaria uma última injeção para fazer com que os óvulos amadurecessem e pudessem ser coletados durante o procedimento.

Embora Cassie não tivesse medo de agulhas, o ato de aplicar injeções diárias em si mesma, logo à esquerda do umbigo, não era agradável. Isso a deixou grata por não ser diabética e por precisar apenas lidar com a necessidade de injeções diárias por um curto período de tempo. Estar tão perto do fim daquela etapa era um alívio, mesmo que, na visão de Cassie, os três dias até que a injeção final passassem de forma agonizantemente lenta.

No entanto, tudo parecia promissor — o médico dela na clínica de fertilidade estava satisfeito com seus níveis hormonais e o progresso de seus ovários.

— Ok, senhorita Aldersey — disse o médico, tirando as luvas e lavando as mãos após o último exame — Eu estarei marcando seu procedimento pras nove da manhã de segunda-feira. Você precisará aplicar a última injeção às nove da noite do sábado. Esta injeção é um pouco diferente...

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