O aconchego da solidão

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 Espero que gostem do capítulo de hoje.

Bjs e até amanhã


Saí arrasada.

Sinto-me como se estivesse sobre o efeito das drogas, por que me sinto anestesiada. As palavras saíram da minha boca sem que eu as controlasse, parecia que não era eu quem estava no controle. Talvez tenha sido isso mesmo, uma parte de mim que ainda estou conhecendo resolveu tomar as rédeas da situação. E isso estava me matando.

Sei que fui cruel, mas tudo aconteceu tão rápido que quando me dei conta, eu já tinha cuspido tudo. Eu realmente queria que isso desse certo. Eu quis com todas as minhas forças que o Estranho fosse tudo o que eu sonhei.

E por alguns segundos até foi, mas o choque de saber quem ele realmente era, com a falsa carta, e a garota maluca apaixonada, fizeram com que algo dentro de mim despertasse. Eu não estava preparada ainda para tomar conta das minhas decisões. Uma pequena parte de mim ainda estava presa no passado, e eu precisava me desprender dela.

Pedro era essa pequena parte. O que doeu nele, doeu muito mais em mim, por que eu estava abrindo mão de algo bonito. Não nego que me apaixonei pelo cara das cartas, criei várias ilusões na minha cabeça, mas diante dele, meu medo foi maior, e como uma covarde que descobri que sou, escolhi o caminho mais fácil, a fuga.

Ouvir eu te amo, as três palavras mais poderosa de todos os tempos, terminou de quebrar o restante do meu coração. Ele me amava como eu era, e esperava o mesmo amor em troca. E esse eu não poderia dar. Apaixonei-me pelo o Estranho, e esse cara era Pedro. Mas o que eu sabia sobre o Pedro? Nada.

Os dois eram a mesma pessoa e, no entanto, para mim, completos estranhos. Eram perigosos e eu já tinha uma experiência com perigo. Eu precisava fugir, ficar longe dele, mesmo que isso estivesse me destruindo por dentro.

Quando cheguei à rua, algumas pessoas curiosas ficaram me observando e eu nem liguei se eu estava chorando. Que eles vissem o resultado de um coração quebrado em milhares de pedaços.

Sequei as lágrimas com a palma da minha mão e respirei fundo. Eu precisava ser forte agora mais do que nunca. Pedro foi só a primeira porrada que levei depois que saí da clínica, outras viriam e eu teria que estar preparada.

Precisava voltar para o hotel, fechar minha conta e voltar para casa, mas não sabia como, já que não havia serviço de taxi.

- Procurando um taxi?

Olho para trás e vejo Kadu.

- Achei que tinha ido embora. – Falei, mas sem nenhum tom de ironia.

- Eu fui, mas lembrei de que você poderia precisar de mim. Eu perdi a cabeça e fui muito duro com você. Desculpe-me, eu só...

- Tudo bem. Podemos sair daqui? Sinto que posso me sufocar se ficar mais tempo nesse lugar.

Kadu se aproximou e estendeu a mão. Ele sabia exatamente do que eu estava precisando. Eu aceitei seu gesto e me joguei em seus braços.

- Ei, vai ficar tudo bem. – Disse passando a mão na minha cabeça.

Kadu segurou meu rosto com as duas mãos me fazendo encará-lo.

- Você vai superar isso.

- Por que está sendo legal comigo? Isso não faz muito o seu tipo. – Tento ser engraçada, mas minha voz falha.

- Então hoje é seu dia de sorte. – Ele sorriu.

- Ivy, espera, eu não posso deixar você partir. – Ouço a voz de Pedro logo atrás de Kadu.

Cartas para você - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora