Prologue:

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Tobias esperava tudo quando bateram em sua porta, ele esperava uma ordem de despejo, alguém dizendo que alguém foi encontrado morto nas proximidades, que iriam cortar a água e a luz, qualquer coisa menos aquilo. Ele ia fechar a porta quando não viu ninguém, mas um barulho de bocejo o fez dar meia volta e olhar para baixo só para encontrar um bebê dentro de uma cesta enrolado em um monte de pano branco.

A criança era claramente recem-nascida, tinha seus cabelos ruivos e olhos pretos iguais ao carvão que ele tirava das minas quando elas eram abertas. Ele não precisou saber de quem era aquela criança, ele reconheceria aqueles olhos em qualquer lugar.

Aquela criança era da garota que ele dormiu uns 7 ou 8 meses atrás. Não se lembrava direito do nome dela, mas com toda certeza se lembrava dos olhos.

Foi esquisito para dizer o mínimo, claro que ele sabia como filhos eram feitos, mas ele não tinha planos de ter um bebê tão cedo. Ele só tinha 21 anos afinal. Era óbvio que a criança era dele, o pequeno era uma foto cópia dele quando bebê.

Esfregando a ponte do nariz, Tobias pegou a cesta e a trouxe para dentro de casa. Foi quando ele viu que tinha uma carta para ele ali. Confuso, ele deixou a criança no sofá de casa e pegou o que parecia ser um pergaminho escrito a tinta.

Ao ler o que estava escrito, Tobias ficou mais pálido do que ele já era. Ele olhou para a criança e depois para a carta repetidas vezes. Não sabia o que fazer com aquilo, a criança era sua, isso já era óbvio, mas o que estava escrito ali, era assustador além da conta. Os pais da moça com quem ele dormiu, estavam ameaçando a garota e o bebê de morte, e para poupar a vida da criança, ela o deixou onde presumiu ser seguro.

Tobias não sabia o que fazer com essa informação, ele sabia que se ele não ficasse com a criança, ele seria passado de lar em lar até ser expulso do sistema ao completar 18 anos. Ele tinha amigos que eram órfãos, então ele sabia como funcionava, ainda mais em um bairro decadente como aquele.

Porém, ele não sabia cuidar nem de si mesmo, então, como ele iria cuidar de uma criança tão pequena?

Ele não sabia bem o que fazer, mas ele tinha uma ideia de quem poderia lhe ajudar pelo menos um pouco.

**✿❀✾❀✿**

A senhora ruiva de cabelos grisalhos entrou na casa e Tobias respirou fundo se preparando para o sermão, porém, isso nunca veio, pois sua mãe foi direto para a criança e a pegou no colo arrulhando sem parar.

— Ai, que coisinha bonitinha da Vovó. — A mulher arrulhou para ele.

— Oi pra senhora também, mãe. — Tobias resmungou e Verônica Snape, olhou para o filho com uma cara séria.

— É melhor você começar a explicar, mocinho. — A mulher o avisou e Tobias se encolheu na poltrona que estava sentado.

— Mãe, você sabe que não sou mais nenhuma criança, certo? — Tobias perguntou em dúvida, mas como recebeu apenas um arquear de sobrancelha, Tobias suspirou frustado. — Eu dormi com uma garota um tempo atrás, tinha saído com uns amigos e ela me cativou, dormimos juntos e ela sumiu logo pela manhã....

— Então meses depois ela aparece, abandona a criança e simplesmente some? — Verônica perguntou cética.

— É, você resumiu bem até. — Tobias deu de ombros e levou um tapa de sua mãe.

— E por que você não usou camisinha? Tem vários métodos contraceptivos e mesmo assim, você consegue ser irresponsável. — Sua mãe brigou com ele e Tobias respirou fundo se desligando automaticamente da voz dela.

Era sempre assim, sua mãe era incrível, não o julgue mal, mas quando ela pegava pra reclamar, pra falar mal dos outros, pra brigar com ele, ela não calaria a boca até seus ouvidos sangrarem.

Ele sempre se perguntou se isso era mal de ruivas, pois todos na sua família que tinham os cabelos daquela cor, quando pegavam pra reclamar ou brigar, só a misecordia de Deus pra fazê-los se calar.

— E acho bom você deixar de ser um moleque, pois você agora tem responsabilidades, você vai registrar essa criança, tomar vergonha nessa sua cara de vagabundo bêbado e tomar jeito! Ou eu não respondo por mim como sua mãe. — Ameaçou por fim e Tobias viu que pelo menos ela tinha um ponto no final.

Ele já desejava mudar de qualquer maneira, tanto de emprego, como de casa e de vida. Afinal, ali naquela cidade não tinha nada para ele. Sua mãe estava doente, não de forma pejorativa, ela estava sofrendo com câncer e não queria que ele tivesse uma vida igual a dela. Com um casamento infeliz, onde ele acabava como o pai dele, um bêbado encostado que batia na esposa e filho.

Seu pai – que o diabo o carregue – era um homem vil e rude, não sabia medir suas palavras e tinha deixado sua mãe viciada em remédios, aquele vício acabou sendo substituído por cigarros e álcool para aguentar suportar a vida que tinham já que ela não podia se divorciar na época.

Apenas quando ele tinha 17 anos, que ele tinha um emprego estável na fábrica onde trabalha atualmente, que ele conseguiu uma casa e um apartamento para sua mãe. Ela não quis morar ali com ele, pois o apartamento era mais próximo do hospital e ela também não queria que ele a visse morrendo.

Sua mãe era uma mulher de alma boa e forte, que sempre se colocava na frente dele para o proteger e proteger seu falecido irmão que seu pai assassinou quando ele tinha 15 e seu irmão 16.

Ela nunca permitiu que algo ruim acontecesse com eles, e no pequeno descuido que teve, seu irmão acabou morto e seu pai sendo preso. Eles ainda tiveram que viver na casa antiga por mais dois anos antes deles se mudarem e descobrirem a doença de sua mãe.

— Eu não vou acabar como ele. — Tobias respirou fundo e esfregou o rosto. — Eu só não sei o que fazer. — Admitiu baixinho, sua mãe era a única para quem ele se abria sem medo de ser julgado.

— Vamos começar procurando um emprego novo, eu tenho um amigo que está precisando de ajuda, e ele está pagando muito bem. — Verônica falou para o filho e Tobias franziu o cenho.

— Eu não preciso de um emprego novo, não agora pelo menos, mãe. Quero estar perto de você, e tenho certeza de que não é perto. — Tobias respondeu e Verônica revirou os olhos.

— A questão não é essa, a questão é que agora você não está mais sozinho. Você precisa de uma renda extra e esse amigo tem uma moradia disponível pra você ficar. — Verônica respondeu e Tobias esfregou o rosto em frustração.

— Eu vou ver como posso fazer no trabalho, não quero sobrecarregar você com uma criança tão jovem, se meu chefe permitir que eu leve a criança comigo, então ótimo. Se ele não permitir, eu aceito o trabalho. — Tobias falou por fim e Verônica assentiu a contra gosto.

— Certo. Como não é um trabalho de urgência, a vaga vai estar aberta pra você quando você se decidir. Ele não confia em mais ninguém para cuidar da propriedade além de você. — Verônica respondeu por fim e Tobias a olhou em confusão.

— Quem é esse amigo de quem tanto fala, afinal? — Perguntou curioso e sua mãe se sentou no sofá com a criança no colo.

— Não sei se você se lembra, mas aquele policial que nos ajudou quando.... Bem, você sabe, é ele. Ele se manteve contato comigo e sempre pergunta de você. — Respondeu sincera e Tobias assentiu.

— Sim, eu me lembro. Delegado Gabriel Evans. — Tobias murmurou baixo coçando a barba por fazer e se virou para sua mãe. — Eu vou ver o que faço, se não puder levar a criança comigo diariamente, então eu entro em contato com ele. — Falou por fim e sua mãe se sentiu mais aliviada.

— E qual vai ser o nome desse pequeno? Você sabe que não pode chamá-lo de criança para sempre. — Verônica perguntou olhando para o neto.

— Não sei, honestamente falando, nunca parei pra pensar em nomes para meus futuros bebês. Nunca tinha pensado em ter filhos, ainda mais agora. — Tobias respondeu sinceramente e Verônica assentiu em compreensão.

— Entendo, você ainda tem tempo, nem todos os pais registram seus filhos logo após o nascimento. Você pode pensar com calma. — Verônica o informou. — Aliás, você ao menos sabe quando ele nasceu? — Perguntou curiosa.

— Sim, nasceu dia 09 de Janeiro, ele não tem nem um mês ainda. — Tobias respondeu mais frustrado ainda. — Oh, céus, o que eu faço?

Once Upon A Time. - Severus Snape.Onde histórias criam vida. Descubra agora