Capítulo 4

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E vamos de mais um capítulo desse casal que eu já estou amando escrever! 

Elena— O que eu estou fazendo, Lô? — pergunto, sentada frente ao meu laptop, a cabeça abaixada, os dedos enterrados nos meus cabelos. Lorena suspira, sentada na beirada da minha cama.— Uma loucura, amiga! E eu me sinto inútil por não conseguir pensar em nada melhor para te tirar dessa situação! Esfrego uma mão no joelho dela, consolando-a. — É porque não há outra solução. Então não se martirize, não fique assim! Ela comprime os lábios, desanimada. — Minha única esperança é que arranje um "Sugar Daddy" que te encha de mimos e nos leve para morar num lugar melhor. — ela brinca, olhando ao redor. Eu dou risada, mas bato em sua perna. — Você sabe que eu não quero nenhum "Sugar daddy"! Só quero me livrar do Escorpião.Eu sei por que Lorena disse isso. Ela sabe que gosto de homens mais velhos e não de garotos da minha idade. Eles costumam ser tão imaturos! Passamos os últimos três dias elaborando o contrato, bem minucioso do que eu aceitaria e não fazer com o ganhador do leilão e tive de fazer o vergonhoso exame para comprovar que nunca estive intimamente com um homem. Quando penso no que estou estou me metendo... meu estômago se embrulha! Será que conseguirei seguir com esse plano? A tormenta é saber que, se eu não pagar e não aceitar me deitar com aquele homem asqueroso, será o meu fim. Conheço a fama do agiota. Ele não tem piedade. Sinceramente, não sinto falta do meu pai. Ele ter sumido, oro que dessa vez, definitivamente, é um alívio para mim. Isso me torna uma pessoa ruim? Bem, eu não me importo. Só eu sei o que passei nas mãos daquele sujeito! Que Deus me perdoe, mas espero que Rui esteja queimando no fogo do inferno! Agendei uma live para essa noite, para que os interessados me conheçam melhor. E para que eu também os conheça. Algumas ofertas foram feitas e são vergonhosas! Parece que não estou sendo levada a sério. Até por isso o evento desta noite. Já fiz sentenças de preces, pedindo que apareça alguém que seja minimamente decente e, quem sabe, com um pouco de sorte, desperte algum interesse em mim. Sei que essa parte é praticamente impossível, visto que muito poucos já o conseguiram nesses meus 22 anos. E essa é uma das razões de eu ainda me manter virgem. Coloquei uma condição para a sessão de daqui a pouco. Aquele que fosse generoso e me fizesse uma pequena contribuição, teria a oportunidade de participar comigo da live. No total, seriam nove selecionados. Incrivelmente, tive uma série de pequenas contribuições. Fazendo um sorteio através de uma ferramenta online, sorteei os nove participantes, devolvendo o dinheiro dos que ficaram de fora. Faltando alguns minutos para entrar no chat, onde os participantes já esperam por mim, Lorena e eu examinamos cada um deles. E o desânimo me toma. — Puta merda, só tem fedelho! — constato, torcendo os lábios. O mais velho ali deve ter uns 25, 26 anos. Há um que nem aparenta ser maior de idade! E há também uma janela onde o usuário não está com sua câmera ligada. Ele se chama Miguel. MiguelComo eu já desconfiava, meu dia foi infernal. Problemas atrás de problemas! As obras do hotel em Fortaleza em atraso, a prefeitura da cidade pegando no meu pé! Minha mãe que exige atenção. Eu a compreendo! Não está sendo fácil para ela se ver sozinha, depois de tantos anos. Ainda mais depois que desenvolveu agorafobia, um transtorno que a impede de sair de casa, após o que aconteceu com meu pai. Acontece que não está sendo fácil para mim também. São cargas muito pesadas! Ando exausto, estressado e recorrendo demais a coisas que sei que não me fazem bem. E, apesar disso tudo, tento me mostrar forte diante dela, porque não quero que ela desmorone de novo. Foi difícil que chegasse até onde está no momento. Houveram dias em que nem mesmo saia da cama. Para estar mais presente e próximo dela, reformei toda a casa da piscina em tempo recorde, abandonei o apartamento que tanto amava na cidade e me mudei para lá. Quando a noite cai, aqui estou eu, na minha terceira dose de uísque e esperando que uma ninfeta apareça para tornar minha noite minimamente interessante. Solto um riso amargo, meneio a cabeça e sorvo outro gole da bebida. Sei que, certamente, o que virá, será uma garota afetada, mimada e cheia de si, por ser bonita. Mas, preciso passar pela experiência, para seguir adiante. Tentando manter o mínimo de dignidade, deixei minha câmera em off. Não pretendo me estender muito, afinal de contas. O suficiente para me desiludir e cair fora. E, pelo nível dos espectadores, não durará muito tempo por aqui. Só há moleques nas demais janelas. Crystal ainda não apareceu. O que deveria ter feito há alguns minutos. Sim, sou hipócrita. Vivo me atrasando, mas odeio o atraso dos outros. Nesse instante, a janela dela se ilumina e ela surge. Para minha frustração, não está mostrando o rosto. A câmera está posicionada do pescoço para baixo. E a garota está vestida. Confesso que esperava um pouco mais de ousadia. Sim, eu sou um pervertido. E, no final das contas, ela está oferecendo seu corpo. Nada mais justo do que mostrar a... mercadoria. — Boa noite, rapazes. — a jovem cumprimenta. Eu me preparava para mais um gole. No entanto, o copo fica parado a meio caminho da minha boca. A voz dela... foi como receber um soco no estômago. Não é a voz de uma adolescente. É bem articulada e um tanto rouca. Engulo em seco, desejando ouvi-la mais um pouco. Empertigo-me, curvando-me para a frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, prestando mais atenção à tela do meu laptop. — Como vocês estão? — ela segue e é ovacionada, todos falando em simultâneo, querendo sua atenção. Isso arranca um riso dela e eu só queria silêncio dos demais, para poder apreciar melhor esse som. — Vamos com calma! Eu sou Crystal...— Esse é seu nome real? — um deles pergunta. — Não, não é. — Eu gosto de Crystal. É sexy. — Uma gata como você ainda é virgem mesmo? — outro empolgadinho pergunta, sem o mínimo de senso. Noto que ela fica um pouco incomodada, porque não responde de pronto. — Você baixou os anexos do anúncio? Viu os exames?— Sim, eu vi. Mas, quem garante que eles não são falsos?— Bom, então você terá de pagar para ver. Sabe diferenciar uma garota que não é virgem, querido? O pequeno grupo explode, zoando o mais saidinho. Isso faz brotar um sorriso na minha cara. Crystal parece saber se impor. — Mas, para alguém que está oferecendo... — outro começa. — o que você está oferecendo, acho que está vestida demais... — o cretino parece ter lido meu pensamento. O coro volta, dessa vez concordando com o sujeito. Suspiro, já meio irritado. Não tenho paciência para pirralhos cheios de testosterona. E é visível o desconforto da garota... Mas, espera. Por que estou incomodado por ela estar desconfortável? Eu mesmo me frustrei quando vi que a garota não estava o suficientemente exposta. A hipocrisia realmente reina em mim!— Ok... você tem razão. — Crystal concorda e, eu tenho de confessar. É um deleite para mim, cada vez que a ouço. E então me vejo prendendo a respiração quando ela despe a regata que a cobria e fica somente de sutiã, arrancando assobios, palmas e gritos entusiasmados dos demais integrantes. Eu só consigo admirar os seios bem feitos, coberto por uma fina camada de lycra e renda. — Mas isso é o máximo que terão de mim hoje. — o grupo reclama, pedindo que tire também seu short jeans. — Já há muito de mim no anúncio. O restante, somente quando um de vocês vencer o leilão. A bagunça é instalada. Os imbecis falam todos ao mesmo tempo, pedem por mais, reclamam e reclamam. E eu só queria ouvir Crystal falar por horas! Voltando a suspirar, comprimo entre meus olhos, com o indicador e o polegar. Então, num ímpeto, aciono meu microfone e digo com firmeza.— Seria possível conversar com você no privado? Percebo que ela me ouviu, pois, aproximou-se mais da câmera. A algazarra se torna ainda maior, com os outros protestando quanto ao meu pedido.— Espera! — Crystal solta, num tom um pouco mais alto, chamando a atenção do grupo que silencia. — Quem disse isso? — Foi o Mané do Miguel! — um deles acusa. — Foi você, Miguel? — ela pergunta e eu não tenho como ignorar a pontada no meu baixo ventre, quando diz meu nome. — Sim, fui eu. Seria possível conversarmos no privado?A algazarra retorna e de repente tudo é silenciado, provavelmente por ela. — Isso pode ser providenciado, querido. Se você fizer uma generosa contribuição. A pequena mercenária ataca, mas, antes mesmo que ela termine sua frase, minha doação de 10 mil reais sobe na tela. Noto que isso a desarma, por que ela fica imóvel. Sorrio, sentindo-me triunfante. — Ok, Miguel. Você conseguiu. Vou te chamar no privado.Nas janelas silenciadas, vejo os demais quase se matando de tanto protestar. — Vejo vocês na próxima, meninos. — ela se despede às demais abas são fechadas, ficando apenas a minha e a dela. ElenaMeu coração ainda está disparado. O cara acabou de me doar 10 mil reais! Simples assim! Eu, meio que estava provocando, quando sugeri a contribuição. Achei arrogante da parte dele, querer uma conversa sem os demais. Queria ver até onde iria. Dessa forma, a doação me pegou desprevenida. — Olá, Miguel. — Cumprimento, disfarçando o nervosismo na voz. — Olá, Crystal... — a voz dele é linda, como havia desconfiado, instantes atrás. Calma, sem a afobação dos demais no chat anterior. — Ou talvez agora você queira me dizer seu nome real.— Oh, não. Não farei isso. Mesmo que você seja o ganhador do leilão, eu não te direi meu nome verdadeiro. Está no contrato. — Entendo. — Aliás, obrigada pela sua contribuição generosa. — Eu queria mesmo conversar com você em privado. E pagaria qualquer quantia para calar aqueles garotões cheios de hormônios! — acrescenta, seco.— E você não é um garotão cheio de hormônios, Miguel? — com essa última afirmação, ele aguçou ainda mais minha curiosidade, já que foi o único que não se mostrou na live, então decidi provocar. Ele liga sua câmera e... confesso. Fico agradavelmente surpresa. Miguel é tão lindo quanto sua voz. Sua pele é morena, olhos intensos e castanho-claro. Cabelos escuros, um tanto revoltos, como se penteados pelos dedos. E sua boca... sim, ela chama minha atenção. Cheia e bem desenhada. Posso vislumbrar um pouco de seu peito, que camisa entreaberta deixa transparecer. Seu tórax é definido. Muito interessante. — Pareço um garoto cheio de hormônios? — inquire com sua voz possante. — Não, não parece. — Não, Miguel não é um garoto. É um homem. E que homem! — Agora que me mostrei, você poderia fazer o mesmo. Deixo um riso irônico escapar e abro os braços, mostrando meu corpo semi nu.— Mais ainda? Miguel também ri, baixando sua cabeça por um instante.— Eu me referia ao seu rosto. Mostre-me seu rosto. — Não. Não vou mostrar meu rosto... mesmo que você seja ganhador do leilão. — repito. — Está...— No contrato. — ele conclui para mim. — E por que isso? — Por que... — suspiro. Porque estou sendo forçada a fazer uma loucura! Algo que eu, definitivamente na vida, nunca imaginei que faria. Mas não encontro outra solução, diante das circunstâncias. Logicamente não posso dizer isso e desconfio de que, tanto ele, quanto os demais, também não teriam interesse nessa parte. — São Paulo não é assim tão grande como dizem. E não quero correr o risco de esbarrar por aí, com alguém que eu... — puta que pariu, a frase seguinte é complicada de se dizer. — me deitei por dinheiro. Seria... no mínimo, desconfortável, não acha?— Entendo. O que quer dizer que não pretende trocar contato com o ganhador do leilão?— De forma alguma! — sou firme. — Não estou procurando alguém que me banque! — não consigo evitar um pouco de desprezo no meu tom. — Preciso de dinheiro para algo específico... e é isso. Depois, é vida que segue. — Você guardou sua virgindade justamente para isso? A pergunta me pega de surpresa e me desarma. Minha respiração fica suspensa. Mas eu devia estar preparada. Obviamente aquela pergunta surgiria. Como dizer que nem mesmo pensava em perder minha virgindade tão cedo? Que nem sequer pensava nisso? Que eu só queria estudar em paz?— Deixe-me adivinhar. — ele prossegue, diante do meu silêncio. — Sem perguntas pessoais, certo? Isso também está no contrato?— Algo assim... Talvez você devesse ler o contrato. Isso pouparia o seu tempo...— E o seu? — de novo completa para mim. Torno suspirar. — Eu estou... ofertando algo. Dessa forma, devo estar disponível para elucidar as dúvidas de um... possível cliente. — outra frase bem difícil de se proferir. — Então faremos assim, Crystal. Lerei o contrato. E voltamos a nos encontrar por aqui amanhã, no mesmo horário. O que acha? — Você quer conversar comigo de novo?— Com certeza quero. Mesmo que tenha de fazer outra gorda contribuição. Torço os lábios e digo, um pouco dura, talvez, mas não consigo evitar. — Não será preciso. Já foi bem generoso hoje, como eu disse. — Ok. Crystal?— Sim?— Não aceite nenhuma oferta até conversarmos. Você entendeu? Mordo o lábio. O tom dele é autoritário... e por que isso me causou um arrepio no final da coluna?— Acho que não posso fazer isso, Miguel. O homem estreita os olhos. Parece contrariado. Talvez não esteja habituado a ouvir um não.— Vamos fazer assim. Seja qual for o lance que te oferecerem, fale comigo. Eu cubro. — conclui com decisão. Curvo-me um pouco para a frente e tenho ciência de que minha boca está na tela, mas, por alguns instantes, não me importo. Umedeço os lábios e o vejo estreitar os olhos novamente. Espero que ele não ache que foi proposital... mas, espere. A intenção não é essa mesma? Seduzir alguém que queira pagar o que preciso por... pelo que estou oferecendo. Com esse pensamento, deixo um preguiçoso sorriso se formar em minha boca e respondo de forma doce. — Combinado. O vejo se remexer no assento. Sim, funcionou, penso comigo. — Boa garota. Vejo você amanhã, Crystal. — Boa noite, Miguel. — e desligo a câmera.

Uma noite com o bilionário - Virgindade leiloadaOnde histórias criam vida. Descubra agora