𝖝𝖝𝖎𝖎. riscar minhas costelas com cera

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o sol poente acaricia minhas bochechas sagradas,
um tom vermelho pintando orquídeas imaginárias
em minhas pálpebras pesadas.
as costas apoiadas em uma árvore de mil anos,
perdida na grama macia, a brisa da noite
agitando meus cabelos castanhos e sedosos,
não posso deixar de fantasiar.

como seria ter uma amante?
aquela que poderia acender uma fogueira em seu peito,
dançar sob o luar frio
e apontar para o céu
chamando o nome de cada estrela,
provocando a noite por ser tão desdenhosa.

uma amante tão brilhante quanto uma jovem deusa grega.

como seria amar o coração de um poeta?
alguém que pudesse falar em uma única língua
mas mil ao mesmo tempo,
guardar os segredos do mundo em seus bolsos,
que viu as maravilhas de alguns
mundos distantes e aprendeu artes esquecidas
criadas por espíritos da natureza?

apaixonei-me pelas estrelas
mas esqueci-me que eram uns
pequenos sóis deles

esqueci que minhas asas vão derreter
e riscar minhas costelas com cera de
luzes sem fim.

você vai me pegar, hecate?
ou você vai deixar as ondas me pegarem?
eu sou seu Ícaro e você é meu Apolo?
meu poeta, minha jovem deusa grega?

porque se você for
eu vou queimar.

e não me arrependo de nada.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 12, 2023 ⏰

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