20 - Envenenado

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Frio

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Frio

Em toda a minha vida eu nunca me senti tão desprovido de calor quanto agora 

Meu corpo em uma sucessão de tremores ele luta contra o mal que percorre por tudo que sou o mal estar é tão forte que esquecendo de onde vim e qual caminho devo percorrer nada faz sentido quando louco pelas dores que assumem cada parte de mim gemer no mais puro sofrimento é o que faço conforme mais e mais batidas soam do lado de fora da porta mas é sem saber quem é o homem que grita em alto e bom tom que devo deixa-lo entrar que tudo cai em espiral e com delírios ofuscando a realidade eu não mais entendo o que é o falso do verdadeiro 

O lençol abaixo de mim mais funciona como lixa em minha pele do que um conforto, o pesado cobertor que me cobre em nada ajuda a aplacar a frieza de meus ossos e é respirando em um grande esforço para que oxigênio entre em meus pulmões nada realmente parece funcionar pois o veneno que me traz em grande dor nada mais é que um mal necessário mas é não sabendo não descobrindo os motivos que me trouxeram até aqui eu tenho doces delírios onde nada me afeta e nada me atinge 

Eu vou ficar bem 

- Eu sempre fico bem - sussurro quando ao puxar o cobertor uma mão fria acaricia o meu rosto e com sua voz soando muito distante apesar de amar ouvir a melodia do meu nome sendo proclamado a aflição que me possui não me deixa reconhecer quem é o homem que tem preocupação em seu tom 

Eu o conheço 

Mas de onde?

Minha mente enfraquecida em um esforço para lembrar e relembrar quem é o homem que atualmente deitado em minha cama ele me segura de perto nada faz para ir contra o seu toque que percorrendo a minha face em seus olhos posso ver muito nítido a piedade brilhar em suas orbes seu cheiro é o que me impede de me afastar por que ninguém que cheire tão divinamente poderia ser tão mal 

- O que você fez Atticus por que comeu os alimentos oferecidos se sabia que estavam envenenados? 

Piscando repetidamente para que assim possa admirar as suas feições ficar acordado se prova uma tarefa difícil quando tudo em mim quer desistir da consciência mas é com breves segundos de lucidez que confesso uma verdade que nunca poderá ser mudada afinal com um passado cheio de desafetos seria realmente estranho viver uma vida feliz e longe de problemas 

- Você é um idiota quem em seu juízo perfeito comeria algo envenenado 

- Eu não vou morrer - sussurro com um fio de voz que até para os meus próprios ouvidos soa mais como uma fraca tentativa de não o preocupar 

- Não faça isso comigo... digo não faça isso com a sua alcateia eles precisam de você para os liderar 

- Eu não vou morrer - repito 

- Vamos eu vou levar você de volta para a alcateia do alfa Elias lá eles saberão o que fazer para o salvar - angustiado suas mãos nervosas tentam me mover mas sem sair do lugar eu agarro o seu pulso e é brilhando em um tom sanguento que meus olhos adquirindo um vermelho que expressa minha agitação  meu lobo decide que esse é o momento de reagir e vindo a superfície ele declara que esta fazendo o seu trabalho para nos manter vivos 

- Eu não vou morrer - repito pela última vez - Tudo que preciso é de um pouco de descanso quando acordar pela manhã provavelmente já me sentirei melhor 

- Você esta mentindo - Datan me acusa 

Não 

Eu não estou 

Essa sem dúvidas não é a primeira vez em que sou envenenado 

- Não - largando o seu pulso tudo que faço é me curvar sobre o colchão e é com uma nova onda de dores que amaldiçoando a existência de quem tem  a falsa ilusão de que ceifar a minha vida é tão simples eu não tenho medo de correr para a chuva quando por fim a tempestade se iniciar - Meu lobo esta combatendo o veneno o suor é a chave para que melhore a toxina será liberada nas gotas que se acumulam em minha pele 

Quantas vezes já passei por isso?

Mas seja como for isso nunca fica mais fácil

Arrepios passam por mim como algo inevitável e com a febre me fazendo inapto para o mundo fechar os olhos se transforma em uma tarefa difícil de evitar mas é com seus gritos enchendo os meus ouvidos que ao olhar para o rosto do meu companheiro suas feições estragadas com a preocupação é o que me faz chateado em não conseguir suportar por mais tempo que a minha mente fique lúcida 

- Atticus 

- Hum... - respondo já caindo na escuridão 

- Atticus abra os seus olhos - ele pede ao me segurar pelos ombros mas como não consigo dizer nada que vá o acalmar meu nome saindo de seus lábios se torna uma melodia que me embala em um sono profundo - Atticus - seu tom choroso mexe comigo mas não possuo forças para reagir ao seu comando - Acorde seu desgraçado você não me trouxe para sua alcateia para vê-lo morrer 

- Eu... eu disse - murmuro já esquecendo completamente o motivo que o faz tão contrário a me deixar dormir um pouco - Eu... não vou morrer 

As cores que tocam cada parte do quarto elas não fazem mais qualquer sentido pois é em meio a sombras que não mais sentindo o frio que por tanto tempo vinha me atormentando agradecer pela ausência da dor é o que faço conforme mais e mais o mundo ilusório dos sonhos se transforma ainda mais em algo atrativo já que em minha mente eu não tenho inimigos declarados e desafetos não manifestados é sonhando com o que há de melhor que nenhum sofrimento é tão grande que me afete e nenhuma tristeza é tão relevante que me incomode 


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⏰ Last updated: Dec 25, 2023 ⏰

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O Alfa BaixinhoWhere stories live. Discover now