Capítulo Três

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Ryan

O estrondo balançou tudo ao meu redor, no mesmo instante em que abri os olhos me sentando subitamente no sofá. Sentindo o suor escorrer lentamente pelo meu corpo, enquanto meu coração batia acelerado.

Os pesadelos permaneciam constantes e dormir tinha se tornado o meu martírio.

Minha cabeça estava latejando e para piorar tinha alguém quase quebrando a minha porta de tanto bater.

Me levantei tropeçando na tigela com resto de macarrão instantâneo que estava no chão.

A minha sala estava um lixo, resto pizza sobre a mesinha de no centro da sala, garrafas de cerveja vazias em todos os cantos.

Morava em um cubículo localizado no Bronx , o apartamento era horroroso, cheio de mofo e insetos que pareciam ter super poderes já que nada matava os malditos. Mas era o que eu podia pagar, aliás nem isso eu estava fazendo, havia torrado todo o dinheiro do aluguel.

A batida agora veio mais forte, me deixando irritado. O fato de não ouvir mais do ouvido esquerdo parecia que tinha deixado o meu único ouvido mais sensível.

— Já vou caralho! — Berrei, indo em direção a porta já pronto para mandar quem que estivesse ali a merda.

Abri a porta num arranco. Dando de cara com Lucy. Seus olhos verdes estavam me fuzilando, usava uma roupa branca o que fez imaginar que ela tinha vindo de direto do seu estágio. Minha irmã tinha conseguido com muito esforço uma bolsa para cursar medicina. Pelo menos alguém da família não teria um futuro de merda.

— Que merda você está fazendo? Não está pagando o aluguel? — Perguntou arrancando o papel que estava colado na porta e empurrando-o contra o meu peito com força indo porta a dentro.

— Aí! — reclamei descolando o papel e lendo-o.

Aviso de despejo. Eu espera a que isso aconteceria, mas não imaginava que fosse tão rápido. Eram só dois meses de atraso.

— Eu realmente não estou acreditando no que estou vendo — Falou olhando ao redor com as mãos na cabeça.

O fato dela ser baixinha fazia com que ela ficasse engraçada quando estava brava.

Ri. E ela veio em minha direção acertando um soco no meu peito. Ela tinha um soco dolorido.
Esfreguei o local.

— Ryan o que eu faço com você? — Perguntou.

— Não sou problema seu! — Respondi, perdendo a paciência.

— Porra! Ryan você é meu irmão, é claro que é problema meu! — respondeu.

— O que você faz aqui?

Ela ficou de costas olhando ao redor.

— Meu Deus Ryan! Olha só isso aqui, está um lixo — Falou, se abaixando e pegando a caixa de pizza que tinha acabado de pisar — São seis horas da tarde e pelo visto você está dormindo, não acredito!

— Não me respondeu — cruzei os braços.

— Aqui está fedendo — tampou o nariz, e veio em minha direção — Meu Deus você está fedendo!

Revirei os olhos respirando fundo.

— Veio na minha casa para me ofender?

— Vim para ver que merda você estava fazendo, já que passei no seu trabalho e veja só? Você não trabalha mais lá.

Trabalhava numa oficina de um velho conhecido do meu pai, até fui bem no começo. Mas faltar ao trabalho por estar de ressaca ou ir trabalhar bêbado fez com que eu fosse demitido. E no fundo isso não me afetava mais.

Dei de ombros.

— Qual seu problema?

— Você sabe muito bem o meu problema! — gritei

— Ryan já faz seis anos — respondeu, me olhando fixamente.

— Seis anos no inferno! — tornei a gritar a fazendo encolher.

Que tipo de homem eu me tornei?

— Me desculpa! Você sabe que não quero que se meta na minha vida!

— É claro que eu vou me meter, você é o meu irmão. Eu amo você — Falou, me fazendo baixar a guarda.

— Eu sei — Respondi.

— Ryan você está prestes a ser despejado, não conseguiu ficar nem um mês no emprego, e agora a vovó...

Senti meu sangue gelar.

— O que tem a vovó? — Perguntei, alarmado.

— Ela está doente Ryan, e o que temos mal está dando para os remédios, você saberia se fosse nos visitar!
Eu não conseguia sequer encará-los, eu era uma vergonha. Não queria que eles vessem a merda de homem eu me tornei.

— O que ela tem? — Perguntei sentindo um gosto amargo na minha boca.

— Enfisema pulmonar, e com diabetes, tudo fica muito pior. 

E agora eu me sentia ainda pior saber que eles não estavam bem e eu estava só desgraçando a minha vida.

— Eu ia te pedir ajuda, mas parece que você precisa mais que nós — olhou mais uma vez ao redor.

As lágrimas escorreram pelo seu rosto e eu me senti ainda pior. Se é que isso era possível.

— Me dói tanto ver você assim — a voz embargada.

Eu perdi Rebecca porque eu estava longe quando ela mais precisou de mim e eu não podia cometer esse mais uma vez.
Mesmo me sentindo um grande merda eu precisa tentar.

— Eu vou conseguir um emprego, eu vou dar um jeito — Falei, indo até ela segurando seus ombros.

Por muito tempo eu não tinha tanta convicção em algo. As únicas pessoas que me restava precisavam de mim.

— Volta para casa Ryan, por favor! — pediu né abraçando.

— Eu vou dar um jeito — Falei correspondendo ao abraço.

Esperei Lucy se acalmar, tentando pensar com calma. Talvez eu devesse voltar para casa dos meus avós, afinal eu estava prestes a ser despejado, mas isso significava eu teria de ficar longe do álcool.

Lucy estava falando com alguém no telefone enquanto eu tentava dar um jeito na sala. E ela tinha razão, estava fedendo.

— Ryan! — Lucy gritou.
Me assustando, fazendo que eu derrubasse o saco com o lixo no chão.

— Ei eu ainda tenho um ouvido bom garota — Respondi.

Ela riu balançando a cabeça em negativa.

— Idiota!

— Acho que consegui um emprego para você! Mas tem uma condição.

É claro que tinha.

— Você vai morar com a gente!

Sabia que era isso que a minha irmã diria.

— Ok!

— Isso é um sim?

— Entenda como quiser. Onde é um emprego? Como conseguiu isso tão rápido? — Perguntei, desconfiado.

— A irmã de uma amiga trabalha em uma empresa de contratação, e conseguiu te encaixar em uma vaga.

— Sei

— Ryan pelo amor de Deus, você precisa ficar nesse emprego. E uma boa grana, e vai trabalhar com pessoas exigentes! — Falou em advertência.

— Isso não esta me cheirando bem — verbalizei meus pensamentos.

— É um ótimo trabalho! Ela vai te passar tudo por telefone. Seu número ainda é aquele? Você nunca atende...

— Não tenho telefone — Respondi

Tinha perdido o meu celular a uma semana atrás enquanto estava chapado.

— Meu Deus! Como você não tem um telefone?

— Perdi

— E diz isso na maior naturalidade?

— Que trabalho é esse? O que tenho que fazer? — Perguntei

— Você vai ser motorista de alguma dondoca, vou pedir para Alisson me mandar tudo. E agora arruma suas coisas para sair desse chiqueiro! — intimou.

Eu tentaria dar uma chance para esse trabalho. Mas se alguma dondoca tentasse me fazer de capacho eu dava o fora e arrumava outra coisa.

Precisava der um jeito na minha vida, pelo menos tentar. Não era por mim, mas por quem ainda se importava comigo.

Olá uvinhas 🍇
Como vocês estão?
Estou com saudades, está tudo um pouco corrido, mas vou tentar postar com mais frequência.
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Beijos da Even 💜



Armas do DestinoTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang