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Enid POV

— SINCLAIR! VENHA ATÉ MINHA SALA! – Meu chefe me grita no meio da sala de desenhistas.

Todos os meus amigos do trabalho brincam comigo fazendo gritinhos de "Iiiiihhhhh", ou "já era" só pra me sacanear e admito que até eu estou curiosa pra saber o que o chefe quer.

Atravesso a sala dos desenhistas, dobro o corredor e vou até a sua sala que já estava com a porta aberta.

— Sinclair, você tá sabendo que a Comic-Con é no mês que vem, não é?

— Pra falar a verdade eu ando tão na correria entre faculdade, trabalho e minha filha que até tinha me esquecido que é mês que vem já.

— Você já foi alguma vez? – Ele me pergunta.

— Sim…- Dou um sorriso saudoso me lembrando. –…fui até de cosplay.

— Sério? Você foi vestida de que? – Ele dá um sorriso desafiador.

— Lara Croft. – Falei.

— Woooow! – Diz ele impressionado.

— Foi na época do colégio, minha esposa que me levou e fez a minha roupa, ela é aficionada por heróis e vídeo games e HQ’s.

— Você devia trazer ela aqui qualquer dia desses.

— Com certeza.

— Então…é por causa da Comic-Con que eu te chamei aqui, nossa editora fez uma enquete no site perguntando que desenhistas eles gostariam de ver na Comic-Con, pra tirar fotos e dar alguns autógrafos na revista, adivinha quem que ganhou?

— Quem? – Questionei.

— Você sua doida, porque acha que eu te chamei aqui. – Ele falou.

— Eu? Mas eu tenho um pouco mais de um ano na Editora, eu achava que ninguém me conhecesse.

— Achou errado, pra falar a verdade é uma mistura das duas coisas, como você é relativamente a mais nova dos desenhistas, a galera quer te conhecer, saber quem é a Enid por trás das HQ’s… a maioria dos desenhistas que estão na sua sala já foram pra Comic-Con fazer a mesma coisa… agora é sua vez, e não venha me dizer que não pode ir.

— Claro que eu vou… nossa, eu só, sei lá, nunca pensei que as pessoas quisessem me conhecer.

— Elas querem. – Ele fala enfaticamente. - E veja lá hein, você vai estar representando nossa editora… passa daqui a alguns dias pra pegar suas credenciais.

— Ok, muito obrigada. – Digo agradecida antes de sair da sua sala.

Volto para minha mesa animada com a novidade e assim que saio do trabalho vou pra minha casa correndo contar a novidade pra Wed. Estaciono o carro do lado de casa e já vou direto pra garagem sabendo que ela estaria lá.

Wednesday está concentrada mexendo no computador com a nossa filha no colo, que está mordendo um de seus brinquedinhos, agora que seus dentinhos de leite estavam nascendo ela mordia tudo que via pela frente.

— Vão ser luvas Wendy, luvas sensíveis ao toque. – Ela falava com sua filha, aposto que devia passar o dia inteiro batendo papo com Wendy enquanto desenvolvia o jogo.

— Oi Weed! – Disse indo até a sua cadeira a beijando, Wendy me deu um sorriso quando ouviu minha voz.

– Oi meu amorzinho. – Disse a pegando no colo e mordendo suas bochechas, enquanto ela sorria, ouvir sua risada era coisa mais reconfortante do mundo.

— Tudo bem amor? – Pergunta Wednesday.

— Tudo, tenho uma novidade. – Falei enquanto abraçava Wendy apertado.

— Qual?

— Fui convidada pra trabalhar na Comic-Con! – Falei animada.

— Sério?! Como? É pela revista?!! – Ela pergunta curiosa.

—É, eles fizeram um enquete para saber quem ia, e eu ganhei,eu vou meio que ficar divulgando a revista, dando autógrafos e tirando foto.

— Nossa, que legal!

— E tem direito a acompanhante, então você vai comigo. Nem venha me dizer que está muito ocupada por causa do seu jogo.

— Lógico que vou! Vou aproveitar pra levar Wendy pra conhecer o mundo geek… e pra falar verdade é bom que eu vá, eu posso ir alguns stands de empresas pra mostrar o jogo que eu estou desenvolvendo.

— Ok então, está combinado. – Dou mais um beijo em minha esposa. – Não vai pra faculdade Wed?

— Sabe o que é Enid, eu estou quase terminando o desenho do protótipo da luva aqui no computador, se eu sair daqui eu vou perder o fio da meada.

— Wed, você já faltou dois dias semana passada. – Falo séria com ela.

— Cara mia. – Ela fala manhosa pra mim.

— Tá bom, faz o que você quiser. – Respondo saindo do «QG» com minha filha.

— Não fica brava comigooo! - Ela me grita ao longe.

— Eu não tô brava! – Grito pra ela, já de dentro da cozinha. – Vou preparar nosso jantar. – Digo.

— Sua mãe já te deu banho filhotinha? – Pergunto pra Wendy cheirando o seu pescocinho fazendo ela sentir cosquinha. – Acho que sim, você está com cheirinho de banho tomado.

Coloco ela no cercadinho junto com seus brinquedos enquanto arrumo a janta e a comidinha de Wendy, nem posso acreditar que ela já está com 7 meses, está cada vez mais esperta e grande.

Dou a papinha para minha filha e logo Wed aparece para jantar também.

—Então, aconteceu alguma coisa de diferente com Wendy hoje? –Eu pergunto.

— Sim…- Diz Wednesday enquanto come. – Ela falou  "iahaaaaa"

— Iahaaaa! – Wendy repete sua mãe.

— Iaha…- Eu falei. – Mas isso nem é uma frase.

— É sim né filha. – Diz Wednesday acariciando a cabeça de nossa filha como uma mãe babona. — Iahaaaaa – Ela diz.

— Iaahaa! – Wendy repete de novo.

— Se você fica assim por causa de um "Iaha", imagina quando ela começar a falar mamãe.

— Ai Nid, vai ser tão lindo! - Diz ela pra mim.

Terminamos de comer e logo Wednesday diz que vai voltar para seu escritório.

— Amor, só não demora muito pra ir deitar. – Peço.

— Tá bom. - Me dá um beijo antes de sair.

Subo colocando Wendy pra dormir e vou me deitar, pego no sono antes de Wed chegar, percebo ela no meio da noite beijando a minha bochecha e se deita colocando a mão em minha cintura e depois eu apago novamente.

Dias Depois

Essas últimas semanas Wednesday anda muito concentrada no seu jogo, às vezes fico com medo de ela ficar obsessiva com isso, acho que está tomando todo o seu tempo, mas também não posso reclamar muito já que ela que fica com Wendy enquanto eu estou trabalhando e estudando. Pelo menos ela me prometeu que iria comigo amanhã ao parque com Wendy.

Hoje era sábado eu e Wednesday aproveitamos o dia ensolarado para levar Wendy ao parque pra pegar um solzinho, foi um dos poucos momentos que fiz Wed desanuviar a mente do seu jogo. Estendemos um pano no gramado e sentamos debaixo da árvore, eu e minha esposa brincávamos com nossa filha enquanto ela caia na gargalhada.

— Amor, eu acho que já sei o nome que vou dar ao meu jogo.

— Wednesday a gente está aqui para espairecer a cabeça um pouco, e não pra ficar pensando no jogo.

—Eu sei Nid, só que a ideia me veio na cabeça agora enquanto eu estava brincando com Wendy.

— Ah é, e qual seria o nome do jogo? – Me dou por vencida.

— "Wendy's"

— Wendy's! – Repito.

— Sim…é meio que inspirado na nossa filha, quero homenagear ela.

— Isso é muito bonito Wed. – Falo sincera acariciando seus cabelos.

— Obrigada. –E la lança um sorriso para mim.

Voltamos do parque e nossa filha brincou tanto que quando chegamos em casa ela apagou de sono, procuro Wednesday que está no sofá da sala mexendo no celular. Sento em seu colo e começo a beijá-la com vontade, ela me corresponde me deitando no sofá, deita sobre mim me dando um beijo de tirar o fôlego e quando penso que ela vai continuar, ela para.

— Desculpa amor, é que daqui a pouco Ajax, Eugene e Tyler estão chegando aí eu acho que não vai dar tempo de fazer o que você tá querendo.

— Mas Eugene e Ajax nem moram por aqui.

— Eu os convidei… Eugene e Ajax vão ajudar a montar a nossa luva para o jogo.

Deito a cabeça no braço do sofá bufando.

— Desculpa se te decepcionei – Ela fala com um carinha de culpada.

— Não estou decepcionada, só estou… frustrada. – Digo abrindo os braços.

A campainha toca e Wednesday levanta para atender, logo Tyler, Ajax e Eugene aparecem na porta me cumprimentando e perguntado de nossa filha Wendy.

— Cara mia, qualquer coisa a gente está lá no QG, tá bom! – Ela fala encaminhando os seus amigos até lá, depois vem até mim com uma cara séria.

—Desculpa mesmo Nid, mas era o único tempo livre que eles tinham, aparece lá depois pra saber como está o nosso jogo, ele já está numa fase bem avançada já, e todo mundo tem elogiado a caracterização dos personagens que você fez.

— Tudo bem Wed, eu apareço lá depois. – Lhe dou um selinho a deixando ir até seu escritório.

Fico na sala assistindo TV e logo que Wendy acorda trago ela para baixo pra assistir TV comigo, jogo seus brinquedos no chão e fico com ela ali, sentindo o seu cheirinho de bebê.

— Te amo sabia. – Digo beijando sua bochecha.

— Iahaaa –Grita ela.

— Iahaaa – Repito abraçando com todo carinho minha filha.

A campainha da nossa casa toca e eu me levanto pra atender.

— Professora Thornhill, tudo bom? – Pergunto.

— Tudo bem Enid… e essa coisinha linda. – Ela se volta pra Wendy. – Tá a cada dia maior.

— Sim, sim ela está crescendo rápido. – Respondo sorrindo.

— A Wednesday me mandou uma mensagem perguntando seu eu podia dar uma passadinha aqui pra tirar umas dúvidas sobre o jogo e como a casa de vocês é próximo a faculdade eu resolvi vir.

— Ah claro entre… o escritório dela é logo ali na garagem. – Digo apontando.

— Obrigada. – Ela diz educada.

— Professora Thornhill! – A chamo antes dela sair.

— Sim.

— Antes de você ir embora, você podia vir aqui depois?! É que eu queria perguntar uma coisa pra você.

— Lógico. – Ela responde.

Continuo na sala assistindo TV com Wendy e depois de uns 40 minutos vejo Wednesday trazendo a Professora até a sala.

— Obrigada Wednesday. – Ela responde educada, minha esposa dá um beijo em sua filha e depois sai.

Encaminho a Professora até um cômodo de nossa casa fechando a porta e peço para ela se sentar na poltrona, não queria que Wednesday ouvisse o que iria perguntar a ela.

— Então Professora Thornhill… – Digo me sentando em frente a ela segurando minha filha.

— Por favor, aqui não sou sua professora, pode me chamar apenas de Marilyn. – Ela pede.

— Ok Marilyn…- Digo estranhando um pouco. –É que eu queria saber se…- Suspiro um pouco. –…eu queria saber se você como Professora e tendo experiência nisso, existe mesmo a possibilidade desse jogo dar certo? Seja sincera.

Ela olha séria para mim.

— Você quer saber minha opinião como professora ou como amiga da família.

— Pra falar a verdade as duas… como professora e como amiga.

— Bom…- Ela começa. – Como professora tenho que dizer que toda grande ideia tem 50% de chances de acontecer, depende de muita coisa, aceitação do mercado, concorrência, dinheiro, mas acredito sim que o jogo de vocês tem grandes chances de funcionar.

— E como amiga?

—Como amiga, eu acredito tanto que esse jogo vai dar certo que já comprei 5% da patente do jogo da Camila, acredito tanto que quando a empresa de vocês for lucrativa vou conseguir viver apenas com o lucro dos 5 %. – Diz ela sorrindo.

Dou um sorriso também e um suspiro de alívio, se uma professora que tem anos de experiência está dizendo isso, acho que sim, esse jogo tem grandes chances de acontecer.

— Obrigado Marilyn, por responder minha pergunta com sinceridade.

— Espero que tenha ajudado em alguma coisa.

— Ajudou sim, bastante.

Ficamos mais alguns minutos conversando e logo ela teve que ir, dizendo que iria dar uma passadinha na Universidade para resolver algumas coisas.

E querendo ou não, essa conversa com a professora me deixou um pouquinho mais aliviada.

Acho que vou comprar uma porcentagem da empresa também, apesar de ser a esposa da dona.

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