Capítulo Dezessete

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Eu estava sem palavras.

Mas por que deveria? Muitas pessoas chamam Ella hoje em dia. É totalmente comum e não foi coincidência eu conversar justamente com aquela garota. Minha avó me levou, ela a conhece e pediu para que fizéssemos os enfeites juntas. Harper programou tudo isso e ela tinha uma missão por trás de cada ato, eu só gostaria de saber qual é.

Meu celular apitou.

Jeon: Por que está me evitando?

Ele parecia desesperado por respostas.

Jungkook havia me mandado mais algumas mensagens enquanto eu estava no orfanato, mas ignorei. Não apenas porque quero que ele entenda a minha chateação com seus jogos, como ainda estou indecisa e preocupada pelo o que aguarda nossa relação. Estou me questionando sobre nossa amizade desde o momento que saí de seu quarto ontem.

Quando entrei na mansão, não busquei muito contato com as pessoas presentes na sala de estar, dei a volta e fui diretamente para a biblioteca. Eu preciso de um lugar com paz, para que eu possa pensar, ler e até amaldiçoar, também. Não importa. Só não quero ter muito contato com Jimin, Mina... talvez nem com Jungkook agora.

Assim que entrei na biblioteca, senti minha alma pular junto ao meu corpo com o susto que levei. Apenas um abajur aceso ao lado do sofá e um grande com um livro na mão.

Era Taehyung. O único que eu tolero por hoje.

- Desculpe, eu pensei que não tinha ninguém.

- Tudo bem. Eu que peço desculpas por assustá-la.

- Imagina, eu me assusto facilmente, - disse sorrindo, passando a mão pela nuca. - Se importa se eu me juntar a você?

- De forma alguma. - Ele bateu no sofá, ao lado de sua estrutura.

- Ótimo. Eu ia fazer de qualquer forma mesmo. - Me aproximei olhando o livro em sua mão. - Qual é?

- O colecionador de ossos.

Olhei brevemente a capa e assenti. - Acompanhando a mente de Lincoln Rhyme, hein? Bom, é interessante. - Puxei a sacola, revelando o presente que comprei para ele. - Por falar em suspense... Isso é para você. - Estendi o livro para o mesmo.

Ele arregalou os olhos de surpresa. - Ainda faltam alguns dias para o Natal.

- Eu sei, mas eu não conseguiria esperar mais. É bem provável que eu, mais cedo ou mais tarde, perguntaria para você o que acha que eu comprei.

Tae riu. - Você não é muito boa com segredos, né?

- Diria que sou péssima em esconder surpresas, na verdade. - Sua risada preencheu o espaço como se eu estivesse brincando. - Abra.

Assim, ele fez. Seus olhos brilharam quando viu o livro. Taehyung e eu nunca fomos tão próximos, mas isso não importa. Por incrível que pareça, ele aparenta ser o único que não espera algo de mim. Que eu surte, chore, lance uma pergunta aleatória ou algo do tipo. Ele não espera nada.

E estando perto dele, eu me sinto segura o bastante para não esperar, também. Além disso, não acho que há alguém nesta casa que entenda mais minha aflição e meus problemas em relação ao passado do que ele. Tae já passou por muita coisa, suas feridas são tão dolorosas quanto as minhas.

- Uau. Eu adoro C. J. Tudor. Eu não havia lido este ainda. Muito obrigado, Rosie. Eu não sei nem o que dizer, eu... eu não comprei nenhum presente para você, desculpe...

- Está tudo bem. Não fiz isso para ganhar algo em troca. Eu só gosto de ver alguém aqui que realmente se importa com o mundo que há além das páginas dos livros.

BoyFriend | RosekookWhere stories live. Discover now