CAPÍTULO 5

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•Dorian•

   O dia foi cansativo, andamos boa parte da pequena cidade que Evenin mora, não estou acostumado a andar tanto e ainda embaixo do sol, porém quando deito no sofá parece que meu sono escapa de mim e fico apenas olhando o teto, sinto Gatuno subir no sofá de novo e sinto que eu roubei o lugar onde ele sempre dorme. Então ouço um som vindo do andar de cima, é calmo e parece algum instrumento sendo tocado, de primeira eu penso em apenas fechar os olhos e tentar dormir com aquele som baixo em meus ouvidos, mas depois penso que pode ser Twyla mexendo nas coisas de Evenin sem ela saber, então me levantei puxando um pouco o lençol fazendo Gatuno me olhar com o que imagino que pareça ser um olhar julgador por ter o puxado junto com o lençol, tiro o lençol de mim e vejo Gatuno voltando a se ajeitar novamente para dormir, subo as escadas devagar não querendo acordar Evenin, a música vai ficando mais alta a cada passo mas não é um volume a qual é insuportável de se ouvir, identifico que é um piano, e isso me deixa confuso já que Twyla não sabe tocar piano e sim violino, então abro um pouco a porta do quarto das garotas e vejo minha irmã dormindo, o que quer dizer que quem tá tocando aquela melodia é Evenin, ou Evenin tá no banheiro e tem um espírito que tem um gosto bom para música e decidiu tocar piano em uma casa qualquer. Encosto a porta do quarto das garotas e vou me aproximando da porta de onde vem o som, está fechada mas a abro devagar, por sorte ela não faz muito barulho, ouço ainda mais perfeitamente a música, e tenho a visão de Evenin tocando em um piano, porém o piano é estranhamente pequeno, o cômodo em si é pequeno, ou talvez seja pela quantidade de coisa ali, imagino que era para ser um escritório já que tem uma mesinha com um tipo de tela pequena a qual não sei o nome ainda, porém na mesa tem diversos bonecos que parecem ser feitos a mão e tem papéis com uma escrita fina e pequena que imagino ser de Evenin, do outro lado vejo um monte de tintas no chão e entre elas um cavalete e um pequeno banco que tem um copo cheio de pincéis, no cavalete parece ter um quadro porém está coberto por um lençol que cobre todo ele, e tem livros em prateleiras e no chão, não identifico os livros mas eles me chamam bastante atenção já que apesar de parecer bagunçado, para Evenin deve está perfeitamente arrumado, volto meu olhar para ela, os cabelos estão presos em um coque alto e ela não parece concentrada apenas alheia nos próprios pensamentos ou na própria música que está tocando, apesar de ter uma partitura apoiada na frente do piano ela não a olha como se não tivesse acostumada a tocar aquelas notas, é uma música baixa e um pouco calma, e parece que a gata dela, Jinx, também parece gostar já que está deitada em uma pequena almofada que imagino ser para ela no chão ao lado de Evenin.

   Fico olhando aquele quarto e ouvindo ela por tempo demais a ponto da música acabar sem eu perceber, queria apenas dá uma olhada e ir embora para o sofá, mas me distrai como jeito que Evenin toca com perfeição e quando ela para me olha automaticamente e toma um susto, a mão dela acaba se apoiando nas teclas fazendo um som alto e nada elegante, mas ela se vira tão rápido no banquinho que está sentada que o banquinho perde o equilíbrio a fazendo tombar para trás, porém não deixo ela cair, o cômodo é pequeno e eu tenho uma certa velocidade que imagino que nenhum humano jamais pode ter, então eu me curvo e seguro ela na cintura tão rápido que não sei com o que ela mais toma susto naquele momento, me vendo a tocar, o banquinho ter perdido o equilíbrio, ou eu a segurando. O banquinho caiu de verdade no chão e está deitado, porém deixo Evenin em meus braços, um deles está abraçando a cintura dela e o outro segurei a cabeça dela passando um pouco as mãos naqueles cabelos ruivos dela que escaparam do coque e são extremamente macios, uma das mãos dela ainda segura o piano, ela teria o levado junto se tivesse mesmo caído e a outra mão dela está em meu ombro ela colocou assim que sentiu meu braço em sua cintura como em um reflexo desesperado para se segurar em algo, lentamente coloco ela de pé, ainda a seguro caso ela acabe tropeçando, está com a respiração rápido e está com um olhar de choque, com certeza foram muitos sustos um atrás do outro para ela. Ela solta o piano devagar e segura meu braço que está em sua cintura, acho que ela vai o afastar mas apenas o agarra como agarrou meu ombro, fico a olhando, esperando ela se acalmar, e ela olha para o chão, percebo que a gata dela foi para os meios dos livros se esconder, o som do piano e do banquinho caindo deve ter a feito ficar assustada, mas neste momento penso que só posso acalmar uma delas, e pela sensação boa que sinto ao tocar Evenin, decido ajudar ela, o corpo dela é quente e seus cabelos parecem fazer cócegas em meus dedos, passo a mão de seus cabelos até sua nuca, me arrependo na mesma hora disso pois parece que essa mudança faz Evenin voltar à real, um rubor vermelho toma conta de seu pescoço e vai subindo até sua bochecha, ao ela levantar o rosto para me levantar posso jurar que posso contar cada sarda que tem em suas bochechas, estamos com os rostos perto um outro, ela solta devagar meu ombro e meu braço se afastando apenas dois passos de mim, eu quase a puxo de volta para mim mas a solto do mesmo jeito, e só então sinto o rubor subir também, não tinha percebido antes mas Evenin está usando um pijama que é uma camisa longa e uma short curto e folgado, porém os tecidos são finos e posso jurar que consigo vê os bicos dos peitos dela, então o rubor não é a única coisa que sinto subir, graças aos céus o cômodo está escuro suficiente para ela não vê aquilo mas tento me manter o mais calmo possível.

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