73- Aprender de forma dolorosa

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Agora os dias parecem iguais. Já fazem duas semanas que sua pessoa se foi. Não tem nenhuma notícia por ela, as informações que recebe são de seus subordinados, que ela chegou bem, que se instalou bem, que estava já estudando, que comia normalmente, que estava levando a vida como deve ser.

Bean olha para os dois aparelhos juntos, seu celular e o de Kanya. Ela deixou de propósito para trás. Pra ele ter certeza que ela não queria que eles entrassem em contato.

Mas o que ele poderia fazer? Que vida poderia lhe dar? Era um mafioso, podia se envolver em uma briga ou ser alvo de retaliação a qualquer momento e como poderia causar essa dor a uma pessoa que já tinha perdido os pais de forma tão trágica? Pensou durante vários dias em não deixá-la partir. Mas que vida poderia dar a ela? Amava ela de uma forma que nunca amou e nunca ia voltar a amar. Estava sofrendo de uma forma que um tiro seria menos doloroso.

Mas não podia tirar as oportunidades dela, não podia tirar a chance de viver uma vida boa e comum. E até de conhecer alguém que possa sempre estar ao seu lado sem qualquer perigo ou problema.
Bean suspirou profundamente indo para o banho.

Era lá que gostava mais de estar ultimamente, por que quando a água descia ele não precisava ser forte, nunca tinha derramado se quer uma lágrima depois de adulto, mas agora era fácil fazer isso enquanto tomava banho, porque a dor era grande, o buraco no peito doia. Ainda mais não ouvir a voz dela, não fazer nenhuma vídeo chamada.

Ele tinha mudado, até seus subordinados notaram como ele estava mais cruel, como ele falava menos. Quando enfrentava algum problema ou inimigo era menos sádico, mas muito mais cruel.

A água caindo sobre sua cabeça e ele pensando que talvez com o tempo aquilo iria mudar, diminuir, melhorar.
Sem perceber estava socando a parede até a própria mão sangrar.
Com certeza nunca iria melhorar.

************

- Se não comer vai ficar doente.
- Isso não é da conta de ninguém e se contarem para aquele homem sobre isso. Já sabem né?

Liah e a governanta se entreolharam, não sabiam de quem deveriam ter mais medo, se do chefe ou da mulher do chefe.

Kanya foi para o quarto, ligou para Yiwaa com o celular novo que tinha comprado, depois de um tempo que viu que a casa estava em silêncio e as mulheres tinham dormido ela andou silenciosamente pela casa até sair. Os dois subordinados de Bean não estavam a vista, Kanya tinha chamado alguém para dar um jeito neles e eles deviam estar desacordados em algum lugar.

Se Bean achava que era o único com contatos, ia se surpreender. Já na rua seu telefone tocou.

- Saiu?
- Sim, pode mandar algum de seus homens vir me buscar? Desculpe precisar de você assim.
- Temos uma dívida- do outro lado da linha uma voz calma responde- Não achei que iria reencontrar uma velha conhecida assim.
- Agradeço, espero ter a chance de retribuir no futuro.
- Já fez muito por mim no passado. E tenho certeza que ainda vamos nos encontrar no futuro.
- Espero que sim...

Kanya agradece novamente enquanto manda a sua localização para os homens daquela pessoa irem buscá-la.

" Você é o chefe, toma decisões sozinho Bean, vai aprender que pessoas normais conversam antes. "

************

Não existe nada inteiro na sala. Está tudo no chão quebrado. Até o sofá está virado. As mãos de Bean estão sangrando as duas.

Como 4 pessoas conseguem perder uma?... Como 4 pessoas não conseguem cuidar de uma?

Ele está tão bravo, que os subordinados todos saíram da casa, todos tem medo de tentar acalma-lo e serem espancados até a morte.

Bean tenta se concentrar, precisa pensar, já mandou verificar se Kanya pegou algum avião ou para Tailândia ou para qualquer outro lugar, mas estão tendo dificuldades pra encontrar essas informações. Quem seria tão poderoso quanto ele pra bloquear seus esforços dessa maneira? Por que estava tendo dificuldades em achar Kanya já que em pouquíssimo tempo acha qualquer pessoa.

Isso deixa ele muito mais irritado, já fazem dois dias que não tem nenhum notícia. Mas não aguenta esperar, vai ele mesmo atrás de informações. Quando se volta para sair do cômodo paralisa.

- Já teve o suficiente?
Kanya esta parada na porta, braços cruzados sob o peito olhando a destruição da sala. Parece calma, mesmo estando muito magra e com o rosto bastante abatido. Parece que não usa maquiagem de propósito para perturbar-lo

Ele nem pensa muito, corre pra ela e a abraça com força.
- Você é má, é pior do que eu imaginava, como faz isso? Eu só queria dar oportunidades pra você, só queria um futuro melhor pra pessoa que eu amo. Como você é má.

Kanya sorri, aceitando o abraço e abraçando ele também.

- Eu aceito que você quer cuidar de mim, aceito estudar. Aceito as consultas médicas pra me preparar, aceito tudo, menos isso de que vc tem medo de me deixar sozinha nesse mundo, e por isso me afasta desse jeito.
- Você sabe sobre isso?
- Como eu não saberia? Esta escrito nos seus olhos. Você tem um trabalho perigoso, eu sei, vamos tentar evitar a morte juntos, pode ser? Me deixe estudar aqui, fazer minha preparação aqui, me deixe enfrentar do teu lado pode ser? Eu sei que você nunca teve ninguém antes e que é difícil conviver e se entregar a uma relação. Mas você pode por favor me pedir em namoro com todas as palavras e viver isso da forma correta, um dia de cada vez?

Bean sorria com as palavras dela e a afasta de leve, segurando seu rosto entre as mãos. Olha nos olhos aquela mulher que acaba de lhe dar um enorme susto.

- Como voltou?
- Tenho contatos?
- Quem? ... -ele fica preocupado
- Aaah quer dizer que o senhor sabe tudo, não sabe de tudo afinal? Um velho conhecido, outra hora falamos disso, agora vamos ao que interessa

Os olhos dela descem para os lábios dele e Bean não resiste ele beija sua testa, seu rosto, a boca várias vezes.

- Você me faz destruir os cômodos sempre, como quer ser minha namorada desse jeito? Quer me levar a falência.
- Isso é um pedido de namoro? Você nunca vai fazer nada de forma normal?

Bean empurra ela contra a porta virando Kanya de costas pra ele. Puxa o cabelo dela de lado pra poder beijar com força seu pescoço enquanto suas mãos vão tirando a roupa dela.

- Isso é um pedido de namoro... -Ele diz ofegante e volta a beijar o corpo dela.

Kanya não protesta, ela cede. Bem por que achou que ia morrer de tanta falta que estava sentindo de ver e tocar aquele homem.
Se aquele era um pedido de namoro oficial a resposta dela oficialmente era essa também, eles pertencem um ao outro.

Nenhum dos dois pode recuar ou se afastar e Bean acaba de entender isso da pior forma possível. Daqui pra frente as coisas definitivamente iriam mudar...

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