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Maratona 2/4

Any Gabrielly

NY, Manhattan 07:45 am.

Com um bocejo, acordo parcialmente, a visão levemente pesada, me espreguiço e esfrego os olhos.
Aos poucos o sono vai deixando meu corpo, ouço um rangido e olho para a porta do banheiro de onde Noah saí com uma toalha envolta do quadril e o cheiro de sabonete e de seu perfume invade meu olfato, os cabelos molhados, com algumas gotas descendo pelo pescoço e peitoral. Ele me olha e apenas da um sorriso de canto, seguido de um aceno com a cabeça.

Me levanto, arrumo a cama e vou ao banheiro, escovo os dentes e tomo un banho de duração média. Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo, enquanto desço até o andar debaixo, onde Noah me espera, na porta da sala sinal que precisávamos ir logo e percebo que não daria tempo de tomar café, suspiro sem falar nada e vou ao seu encontro.

- passo numa cafeteria no caminho - avisa, enquanto passo para o lado de fora.

- o que? - pergunto.

- você fica com péssimo humor o dia todo quando não come de manhã - explica, como se fosse óbvio.

O encaro por segundos tentando entender quando foi que ele aprendeu a distinguir minhas expressões faciais.

- ótimo - falo por fim, me sentindo satisfeita.

E como o prometido, Noah comprou um café e uma ciabatta recheada, com direito a um pequeno doce, como se fosse uma sobremesa.
O agradeci, mas, ainda ficava com pé atrás em relação a seu comportamento amigável.

- preciso ir à casa dos meus pais - avisei, assim que entramos no carro novamente.

Ele me olhou decrescente, como se quisesse advinhar o que eu iria fazer lá.

- posso visitar minha família? - indaguei retórica, com o tom de voz carregado de sarcasmo.

- claro - respondeu erguendo as mãos em rendição.

Deu partida no carro e seguimos caminho, não demorou muito e estávamos em frente dos portões da casa dos meus pais, sai do automóvel e agradeci.
Toquei a campanhia e o portão automático se abriu, logo o mordomo da se pôs a minha frente, assim que cheguei na porta.

- bom dia, senhora - me cumprimentou formalmente.

- bom dia - retribui o cumprimento.

Ele continuou a minha frente sem dar a mínima passagem e arquei a sobrancelha já um tanto impaciente, com seu silêncio e com ele interceptando a passagem.

- seus pais não se encontram e o seu irmão também saiu - avisou.

Eu já sabia disso, minha mãe tinha horário no cabelereiro, meu pai quase nunca parava em casa e Alex sempre o acompanhava.

- tudo bem, não vim visita-los, preciso pegar algumas coisas que ficaram no meu antigo quarto - informei, apesar de não ter que fazer isso.

Percebi ele soltar um suspiro, quase de alívio, sorriu educado, sem mostrar os dentes e me deu espaço para passar, agradeci e me dirigi ao andar de cima, onde ficava os quartos.
A casa de meus pais era uma mansão alto e baixo como a de Noah, a diferença que a dele tinha mais cômodos, o que a fazia enorme.

Segui pelo corredor e parei em frente á porta do quarto de Bailey, olhei para o lado e estava tudo em silêncio completo, sem o mero estralar de passos, olhei as horas e eram exatamente 09:30, a senhora que faz a faxina iria subir para limpar às 10:30, como sempre fazia, então, precisava me apressar.

Seria desnecessário entrar na casa dos seus próprios pais como uma espiã, se não fosse realmente necessário. Eu estava começando a pensar na possibilidade que Hina pontuou, de que talvez Noah não fosse o assassino de Bailey, mas, claro eu não poderia nem sonhar em expor tal hipótese aos meus pais, eles achariam que me virei contra eles e os traí. Apesar de não suspeitar de meus pais, não poderia esperar que me dessem as respostas que eu procurava.

Coloquei o par de luvas, de emborachado nitrílico e toquei a maçaneta, a girando, obviamente a porta estava trancada, então usei a chave do meu antigo quarto, já que as fechaduras são similares. Então, entrei no quarto, com cuidado fechei a porta sem fazer o menor dos ruídos.

- nossa... - resmunguei saudosa, tudo exatamente tudo estava no lugar, como da última vez. Organizado da forma que Bailey gostava.

Me veio as boas lembranças que tínhamos e abri um sorriso triste quando vi na cabeceira da cama um porta retratos, onde eu estava com uma carinha emburrada e Bailey com seu braço apoiado em minha cabeça, esbanjando o sorriso com um dente faltando.

- foco Gabrielly - me repreendi ao perceber que encarei aquela foto por longos minutos, sentido a saudade e a culpa triturarem meu peito.

Dei uma olhada geral no quarto dele, a procura de algo que pudesse apontar novos suspeitos.
Entrei no closet, olhei tudo minuciosamente, mas, parecia tudo normal. Tentando olhar a repetição de cima do closet, fiquei na ponta dos pés, dando alguns passos para trás.

- porra - xinguei ao tropeçar, tentando não cair me equilibrei, sobre um dos pés, fazendo eu pisar numa madeira do piso, que soltou um rangido fino e irritante. Era bem no canto, entre a parede e um sapateiro.

Me abaixei e pressionei a palma de minha mão contra a ponta da madeira, fazendo o outro lado subir, estiquei o braço e com a outra mão, a enfiei dentro do espaço oco no chão, achando alguns pequenos pacotes de formato retangular, saquinhos com ervas e cartelas do que parecia LSD, e por último, mas não menos importante, uma pequena polaroide.

Primeiro, observei a foto, era do corpo de uma garota, seminua mostrando apenas uma parte do rosto, que mostrava os cabelos lisos, loiros.
Olhei o verso, onde tinha uma pequena dedicatória: "para lembrar e sonhar comigo, meu amor".
E a assinatura era resumida em S H.

Novamente voltei a observar a foto da garota que usava apenas uma calcinha. Seu braço direito era repleto de tatuagens, uma enorme caveira mexicana, juntamente com tantas outras, as tatuagens tomavam desde o ombro até a mão, mas, uma em especial me chamou minha atenção meus olhos foram diretamente na tatuagem de seu quadril, uma mão preta com a letra "E M E" em destaque dentro dela, que pela coloração julguei ser a sua primeira tatuagem.

- isso não me parece estranho...- falei a mim mesmo.

- EME... -  repeti de novo, me esforçando para lembrar - La Eme! - quase gritei ao me lembrar do que queria.

La Eme não era nada mais nada menos que a máfia mexicana, que havia nos declarado guerra, por um motivo desconhecido por mim. Eu poderia estar errada - e provavelmente eu não estava - mas, aquela tatuagem no quadril marcava sua filiação na máfia.

Pelo visto, meu querido irmão gostava de se aventurar e tinha um romance proibido com a garota da foto. Porque isso explica seus sumissos no meio da noite.

Agora, as drogas escondidas... Eu precisava investigar mais afundo.

Nota da autora: estou pensando seriamente em adicionar mais um capítulo nessa maratona...

𝑫𝒆𝒔𝒕𝒊𝒏𝒂𝒅𝒂 𝒂 𝒔𝒆𝒓 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 || 𝑵𝒐𝒂𝒏𝒚Donde viven las historias. Descúbrelo ahora