Capítulo 14 - Será egoísmo?

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PAMIR
Passados 2 dias do evento da Passionis com a Vanny, empresa italiana que levantou a hipótese de um suposto plágio de Ömer, e eu não tinha tido coragem, ainda, de falar com Defne, sobre o Kiralik Ask. Mas, conhecendo Ömer como eu, tinha certeza que ele não deixaria barato.
No começo, quando tia Neriman me propôs, achei a ideia muito estapafúrdia. Aceitei por farra, acreditando que seria apenas uma brincadeira e, que em menos de um mês, eu sairia fora. Jamais pensei, que me apaixonaria pela garota, até conhecê-la.
Defne é uma ruiva linda, doce, de alma pura, porém forte, inteligente e decidida. Eu nunca tinha conhecido uma mulher como ela. Se, por um lado, eu entendo essa paixão de Ömer por ela, por outro, não compreendo, como ele pôde abandona-la por um ano... Que amor era esse?! Na minha cabeça, ele tinha perdido a vez dele, por ter vacilado.
Quando ele me contou sobre o relacionamento deles, o casamento e o Kiralik Ask, eu o questionei, sobre o porquê de tanto tempo longe, se ele a amava, mas ele se disse muito magoado e, que teve de se reinventar, juntar os pedaços. Eu disse que estava no páreo e ele ficou irado, inclusive pela questão da ética masculina. O que eu não contei a ele, é que era tarde demais para retroceder, ou desistir, pois eu estava completamente apaixonado por ela.
Assim que eu entrei na minha sala naquela manhã, dei de cara com ele.
Ö: Bom dia! Contou à Defne? Ou prefere que eu o faça? - Eu suspirei. - Eu te dei dois dias a mais... Tempo suficiente!
P: Eu vou dizer. - Ele me encarou. - Está bem, vou agora. - Ele desceu comigo, para me acompanhar até o escritório dela. No entanto, nós a encontramos no caminho.
D: Bom dia! - Ela sorriu e olhou intensamente para ele, praticamente me ignorando.
Ö + P: Bom dia! Preciso conversar com você. - Falamos juntos.
Ö: Tudo bem! Depois de falar com Pamir, venha até mim, por favor?! - Ela assentiu.

Acompanhei-a até sua sala e contei sobre o Kiralik Ask.
P: ... Bom! É isso. Creio que você me compreende, pois passou por isso. - Ela riu incrédula.
D: A diferença é, que eu só aceitei porque meu irmão tinha sido sequestrado pelos capangas de um agiota, por conta de uma dívida. Eu temia pela vida dele, caso não pagasse. - Eu suspirei. - Como um cara esclarecido e rico, como você, se propôs a isso?! - Ela pegou sua bolsa e foi saindo.
P: Onde você vai?! Falar com Ömer? - Ela me encarou.
D: Não! Preciso resolver umas coisas... Ah! Quem mais sabe?!
P: Ömer... - Falei evasivo.

DEFNE
Sai dali possessa, me sentindo usada e enganada... Fui direto para a casa de Neriman e falei poucas e boas para ela. Nem entrei, permaneci na porta mesmo.
D: Você não se deu por satisfeita, com os desdobramentos da minha história com Ömer e, num ato de egoísmo, foi propor outro Kiralik Ask, para Pamir e comigo envolvida. - Ela me olhava, insistindo para eu entrar. - Eu quase morri, quando Ömer se foi, ele ficou arrasado e passou um ano juntando os pedaços... Você quase destruiu nossas vidas, mas não foi o suficiente para você!
N: Entre, vamos conversar... - Pegando no meu braço.
D: Não me toca! Esquece que eu existo... - Virei as costas e fui embora.

Em seguida fui até o avô de Ömer, para recusar a herança e contar sobre o Kiralik Ask de Neriman. Ele ficou indignado.

Saindo de lá, eu pedi à Sukru, que fosse buscar Ömer e o levasse ao meu encontro, ocultando que era eu quem o estava esperando.
Aguardei Ömer no lugar onde Neriman me propôs o Kiralik Ask.
Eu pensava em tudo o que havia ocorrido e, no que eu precisava esclarecer com ele!
Eu me sentei no banco, frente ao Bósforo e o aguardei. Meu coração errou a batida, quando eu vi aquele homem lindo, alto e muito elegante, se aproximando de sobretudo. Como eu posso amá-lo tanto? Nossos olhos se encontraram e eu sinalizei para que ele sentasse.
Ele se aproximou e beijou o topo da minha cabeça, se sentando ao meu lado em seguida.
Ö: A Senhorita me chamou?! - Eu assenti acariciando sua barba. - Pamir te contou?
D: Sim! Eu me senti tão usada e enganada... Uma verdadeira idiota! Eu pude me colocar no seu lugar... Se bem que eu, não tenho qualquer envolvimento com ele, diferente do que havia entre nós. - Suspirei. - Fiquei com tanta raiva dele e da sua tia, que fui falar com ela, para sumir da minha vida! - Ele olhava para suas mãos, sem dizer nada. - Falei com o seu avô, também! Fui recusar a herança. - Ele sorriu. - Quê?! - Indaguei.
Ö: Nada! Eu já previa isso...
D: Eu te chamei aqui, para te falar sobre tudo o que aconteceu. Eu quero esclarecer toda essa história, para limpar qualquer dúvida, que possa existir entre nós, e começarmos do zero. - Ele concordou com a cabeça.
A primeira vez que a vi, foi nesse banco. Ela fez todo um discurso sobre oportunidades e, como sabia da dívida do meu irmão com agiotas, me fez uma proposta oferecendo o dobro do dinheiro, que eu precisava. Inicialmente, eu recusei, mas meu irmão foi sequestrado e estava ameaçado de morte. Então, Nihan me convenceu... e eu aceitei pelo valor da dívida, 200 mil TL.
Ela te descreveu, como um "monstro", dizendo que você era autoritário, rígido, metódico, workaholic, dentre outros adjetivos e você, o é. Mas, da forma como ela falava, eu o imaginei muito pior. Sem falar, que ela evitava falar sobre sua idade e aparência física. Eu não sabia se você era jovem, gordo, moreno, bonito... nada! Então, me restava imaginar...
Eu passei por uma transformação, desde o guarda roupas, corte de cabelo e até a maneira de eu me portar, além de me ensinar várias coisas sobre você, como alimentação, gostos e manias. Mas, como nem tudo pode ser perfeito, ela não me falou por exemplo, do seu sorriso. Ela não previu, o efeito do seu sorriso sobre mim. Nem me contou, que quando você sorri para mim, eu perco o rumo e demoro para me recuperar... - Ele me olhou tímido. - Ela não me falou sobre seus lindos olhos negros, profundos e intensos, nos quais eu me perco... nem desses lábios, que junto com essa barba, fazem maravilhas, quando passeiam pelo meu corpo, ou quando encontram a minha boca. - Ele pareceu pesaroso, com tudo o que ouvia. Segurei seu rosto com as duas mãos, acariciando sua barba e voltando seus olhos para mim. - Ela também não me explicou, que eu poderia me apaixonar perdidamente por você...
Ele ficou me olhando intensamente, colocou a mão na minha nuca, com seus dedos entrelaçados em meus cabelos e me puxou para um beijo apaixonado, que só paramos, quando nos faltou o ar.
Ö: Se alguém me dissesse, há 2 anos atrás, que eu iria me apaixonar assim, eu daria gargalhadas. Mas, a verdade é que no primeiro beijo, que eu te roubei lá no Manu, eu já não queria te soltar. Naquela época, eu me achava muito dono de mim e, sou obrigado a concordar com Sinam, que foi preciso ter você por perto, conviver com você, para admitir e me permitir sentir e viver isso... - Fez uma longa pausa...
Eu quero, que nunca mais ninguém possa interferir na nossa relação... que de hoje em diante sejamos cúmplices, sem esconder nada um do outro! - Eu concordei. - Ficamos mais um tempo ali, encantados um com o outro, finalmente nos sentindo em paz e com os corações plenos.

SERÁ ILUSÃO?Where stories live. Discover now