Capítulo I

74 18 124
                                    


Capítulo I - Brownsea, Inglaterra, 1850

O inverno que antes havia sido escrupuloso já estava se esvaindo. O vasto verde pertencente aos campos da ilha de Brownsea começou a surgir. Por outro lado, o sol ainda insistia em se esconder atrás das nuvens, mas os seus raios calorosos conseguiam penetrar as geadas fazendo-as derreterem. Os imensos campos verdes que cobriam toda a terra e montanhas davam ao pequeno vilarejo uma beleza sem igual, não podendo esquecer-se do mar azul e extenso que circundava toda a ilha. Digamos que Brownsea era uma eufônica e valiosíssima pintura feita pelo o maior e mais criativo pintor de todo o universo.

⚜️

Era uma manhã aprazível em Brownsea e o centro comercial do vilarejo estava demasiadamente agitado. Assim que o inverno deixava o vilarejo, diversos mercadores e compradores surgiam de todos os cantos da Inglaterra para a ilha, tornando-a cheia como nunca. O vilarejo se encontrava agonizante para alguns, mas atiçador para outros, incluindo para as quatros irmãs Rodwell que circulavam alegremente pelas ruas pedrosas carregando em suas mãos cestas repletas de rosas escarlates.

— Ou, isso não é incrível? Nunca vi Brownsea tão cheia como hoje. — Fomentou Ellie em completa alegria. A jovem andava ao lado de Leah e Josephine com um sorriso contagiante nos lábios. Bem, de certo modo, ter a oportunidade de sair um pouco de casa já era um grande motivo para deixá-la feliz.

Por toda parte, havia cavalos posicionados nos cantos, carruagens, lojas de tecidos de um lado, lojas de luvas e chapéus do outro, sem falar no porto que se encontrava tão movimentado que mais parecia um extenso formigueiro.

— Soa estranho saber que mamãe nos permitira vender flores em dias de tamanha agitação. — acrescentou Leah tentando desviar-se de algumas pessoas que barravam sobre ela.

— Olá, senhor! Que tal alegrar o dia de sua amada esposa com uma rosa? — ofereceu-lhe para um homem que passava ao seu lado. O cavalheiro de uma meia idade, sorriu ao vê-la lhe entregando uma rosa vermelha.

— Ou, eu irei comprar esta Rosa, mas saiba que a beleza desta não chega aos pés da formosura de minha esposa. — disse o homem com determinação.

Ellie ficara admirada com o comentário de seu cliente, ela o agradeceu e o desejou toda felicidade em seu casamento, em troca o homem a reverenciou com seu chapéu.

— Vocês ouviram? — perguntou Ellie indo para mais perto de suas irmãs. — Só me casarei um dia, se um cavalheiro me achar a mais bela dentre todas as rosas. — sorriu ela junto com Leah e Josephine. Ruby, por outro lado, suspirou enojada.

— Achei muito enfadonho! — disse fazendo uma caramunha.

— Ora, Ruby, você ainda é muito nova para encantar-se com palavras amáveis de um cavalheiro. — dissera Josephine.

— Não importa. Quando estiver na idade de vocês continuarei achando tudo isso um enfado. — frisou ela determinada. As outras irmãs apenas sorriam baixo.

Não era de se estranhar-se o comportamento estapafúrdio da irmã caçula, a jovem garota só tinha treze anos, e detestava ser testemunha de declarações amorosas e avassaladoras. De certo modo, achava-se o amor romântico deveras melancólico.

— Josephine, querida, não vendeste nenhuma rosa!?— indagou Ellie ao avistar a cesta de sua irmã intacta.

— Bem, vocês são melhores com vendas do que eu.  — dissera ao encarar os pés.

— Na verdade, você não oferecesse nenhuma rosa. — alegou a irmã mais nova.

— Ruby! — contestou Ellie na intenção de impedi-lá de constranger sua outra irmã..

— Aliás, porque temos que vender essas rosas?! — questionou a pequena com um semblante de chateação. — Por acaso papai está falido?

— Não, papai não está falido. Apenas estamos ganhando as nossas próprias libras. Vi em um livro, o qual a personagem principal se tornara dona de seu próprio negócio e assim tornou-se responsável por suas libras. Sem precisar casar-se para sobreviver. — respondeu Ellie com um certo orgulho em sua voz.

— Ou, então, estás nos ensinando a termos nossas próprias libras, para que não precisamos nos casar um dia ?! — perguntou Ruby curiosa. Ellie a respondeu com um aceno — Parece ser uma boa ideia. — dissera com um sorriso malicioso nos lábios.

— Mamãe vai surtar se descobrir que está lendo livros como esses, querida Ellie. — alertou Leah.

— Oh, aquele ali não é o Sr. Baldrick? — perguntou Josephine em súbito, apontando discretamente para um homem baixo e calvo que caminhava ao lado de alguns comerciantes. Ao ver de quem Josephine estava se referindo, todas as outras irmãs ficaram surpresas e correram para atrás de uma tenda de frutas na tentativa de não serem vistas pelo homem em questão.

— Ou não, o que este homem está fazendo aqui? — perguntou Ellie ao se agachar junto com as outras. — Ele não tinha ido morar em Chester?

— Oh, céus, espero que ele não tenha nos visto. — dissera Leah

—  Parece que ele veio reconquistar a Ellie. — sorriu Ruby ao atenazar a irmã.

— Não diga isso nem de brincadeira, Ruby.

— Ele está diferente... — indagou Josephine ao encará-lo de longe.

— Sim, ele está rico. — acrescentou Ruby em obviedade. — Vocês esqueceram que ele herdou mais de 3 mil libras?

— Nossa! É uma grande herança. — comentou Leah surpresa.

— Espero que ele não invente de dar-nos a honra de sua presença em nossa casa. — Disse Ellie torcendo para que seu anseio fosse atendido.

Era compreensível a chateação das irmãs frente a volta do Sr.Baldrick, visto que ele na primavera retrasada havia mostrado interesse em Leah que logo colocara sua decisão negativa sobre se unir matrimonialmente com ele. Depois de alguns meses, Baldrick retorna com o desejo de desposar uma Rodwell, mas desta vez, seu foco era em Ellie, a segunda filha. De imediato, Ellie recusou. Não via nenhuma alegria em um futuro com o Sr.Baldrick e não porque naquela época ele era apenas um médico, cuja sua única riqueza era o respeito que recebia dos habitantes do vilarejo, mas sim porque tinha a convicção que jamais seriam felizes juntos.

Impossível Amá-loOnde histórias criam vida. Descubra agora